Guia da Semana

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Vestiu a camisa celeste, foi campeão e virou lenda. Depois de diversas confusões, chamado para liderar a equipe do uniforme cor do céu, já era queridinho mundial faz tempo. O outro, quando vestia a canarinho tetracampeã do mundo, não virou lenda. Este foi chamado para ser líder da seleção amarelinha por seu temperamento centrado e conservador. Querido mesmo, nunca foi de ninguém.

Uma nova semelhança liga os caminhos de Maradona e Dunga: os dois treinadores foram eliminados nas quartas-de-final da Copa do Mundo da África do Sul. Mas o amor da torcida pelo técnico argentino, que entrou em campo para beijar cada um dos atletas após a derrota humilhante de 4 X 0 contra a Alemanha, é cada vez maior.

E Dunga, já nem é mais técnico da seleção brasileira. Foi demitido ao por os pés de novo no continente sul-americano. "No quesito liderança, Maradona terminou esta Copa com nota dez e Dunga, zero", afirma o psicólogo João Ricardo Cozac, presidente da Associação Paulista da Psicologia do Esporte.

"Um líder deve estar incondicionalmente ao lado da equipe, na hora da derrota e na vitória. Dunga (após perder para a Holanda) saiu andando para os vestiários e deixou os jogadores chorando em campo", conta ele.

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Enquanto o brasileiro desconsiderou trabalhar o lado emocional dos jogadores, o argentino mostrou-se equilibrado durante a convocação, a concentração e à beira do gramado. "Maradona soube utilizar com mais consciência e sabedoria os conceitos que uma liderança exige, além de ter uma história de superação digna de nota. Há poucos anos, ele estava entre a vida e a morte por conta das overdoses de droga."

Para Cosac, o jeito de Dunga ao comandar a equipe em campo e fora dele - com clausura, sem permitir saídas, a presença da família - foi elevando a ativação emocional, e na hora em que a seleção mais precisou de calma e tranquilidade, todo o equilíbrio mental naufragou. Quando os holandeses empataram na última partida da seleção brasileira na Copa da África, foi esta a triste situação que aconteceu.

Cozac lembra que a preparação de grandes atletas é baseada em no tripé técnico, físico e emocional. Para ganhar uma competição, não adianta focar apenas em uma parte. Dunga não se importou em controlar nem mesmo seus próprios impulsos. "O grande pecado dele foi demonstrar tanta insegurança e medo de perder o controle da equipe. Nas entrevistas coletivas, demonstrou um nervosismo e descontrole acima do esperado para um técnico."

Atualizado em 6 Set 2011.