Eu não sou uma pessoa muito fã do futebol. Se disser que nunca fui, estaria mentindo. Quando era pequena, não conseguia entender porque meu avô assistia a jogos na TV ao mesmo tempo em que ouvia no rádio. Anos depois, um pouco mais velha, entendi a mecânica que a partida da telinha era disputada numa cidade longe e a transmitida pelas AMs era a de perto.
Na mesma época em que passei a compreender esta e outras regras e sutilezas do futebol, eu comecei a virar fanática. Devia ter meus 14 anos. Não perdia um programa de rádio ou um debate na TV. Muitas vezes, pegava no sono escutando o Milton Neves. Segunda-feira, no noticiário, era dia de ver e rever os lances geniais ou fatais do meu time, o Corinthians.
Acho que resolvi ser Corinthians só pra ser do contra. Minha família é de são-paulinos e palmeirenses. Quando criança, gostava muito da forma que o nome Corinthians soava e resolvi adotar como time de coração. Levei a paixão a sério por muito tempo, mas acho que depois vieram outras.
Nos tempos dos meus 14 anos, fui ao estádio do Pacaembu pela primeira vez. Era um jogo da Copa do Brasil na quarta-feira à noite, Timão e Paraná Clube. Quem me deu este prazer de pisar pela primeira vez neste lugar de aura tão iluminada foi o Marcelo, irmão mais velho da minha grande amiga da época, a Paula. Como era maravilhoso (o estádio, não o Marcelo)! Nós duas éramos fanáticas pelo Ronaldo - o goleiro que virou comentarista - e o Marcelinho Carioca. O mais bonito do time, na nossa opinião, era o Zé Elias. Certamente eu não imaginava que fosse existir alguém da estirpe de Cristiano Ronaldo até então.
Até os 18 anos eu vivia uma febre de futebol. Tinha camisas, acessórios, ia aos jogos sempre que encontrava alguém maior de idade para me acompanhar... Até meu pai, palmeirense, foi vítima para me levar a um Corinthians x Flamengo, no mesmo Pacaembu. Durante umas duas Copas eu vivi essa loucura por futebol intensamente. Exibia orgulhosa a camisa do Brasil.
Fato é que depois de algum tempo a chama apagou e a paixão acabou. Hoje eu gosto de quarta à noite para assistir Esquadrão da Moda na TV a cabo e não mais porque são as esperadas noites de futebol. As coisas da vida me fizeram perder o contato com algumas pessoas. E as Copas do Mundo eu acompanho porque é impossível fingir que não existe, afinal eu sou jornalista e necessito saber de tudo o que está rolando.
Já pensei em mudar de time, voltar ao estádio e me forcei a ver uma partida na TV, mas nada me animou muito. Alguém aí tem alguma dica para recuperar minha paixão perdida pelo futebol???
*Meriane Morselli é paulista, jornalista e corintiana
Atualizado em 6 Set 2011.