Não assisti a todas as partidas da Copa até o momento. Mas em alguns jogos já deu pra perceber as características principais da primeira rodada. Tensão, times se respeitando demais (ou não), nervosismo e falhas.
Como sempre, numa estreia de Copa, todas as equipes estão em um momento de pressão tremenda. Foram quatro anos sonhando estar ali, jogando em eliminatórias duríssimas em alguns casos. Focando um pouco mais nas grandes seleções favoritas, isso é ainda pior, pois a obrigação de fazer uma boa campanha chega a ser sufocante.
A cautela para estrear sem derrota parece ser o mais importante. Num grupo em que as equipes têm apenas três jogos na primeira fase, uma derrota no primeiro obriga o time a vencer as duas outras partidas para se classificar sem problemas.
Na estreia da competição, um jogo movimentado entre México e África do Sul, mas que me decepcionou um pouco. Eu esperava mais futebol do time do México, que conta com vários jogadores de alto nível, como Dos Santos, Andrez Guardado, Carlos Vela e Rafa Márquez. Mas ficou nítido o nervosismo dos mexicanos, principalmente depois de tomarem o primeiro gol.
Já a África do Sul maravilhou os telespectadores pela alegria de sua torcida e também pela raça e pela disposição demonstradas em sua estreia. O barulho das vuvuzelas motivou os jogadores de Carlos Alberto Parreira a segurarem o empate em 1 x 1 e, por muito pouco, não venceram no contra-ataque.
Na segunda partida, que eu aguardava com expectativa, um 0 x 0 frustrante entre França e Uruguai. Um jogo feio e sem muitas oportunidades.
O "grupo da morte" começou com México, França, África do Sul e Uruguai com um ponto após a primeira rodada, ou seja, qualquer um pode se classificar. A segunda rodada deste grupo será de vida ou morte.
A Argentina estreou bem, vencendo a Nigéria e jogando um futebol bem burocrático. O time de Maradona melhorou, e muito, e conseguiu uma boa colocação nesta primeira etapa. No primeiro jogo, sua defesa não inspirou confiança e a Nigéria só não empatou, porque não teve competência e qualidade pra isso. Mas o ponto positivo para os "hermanos" foi a boa partida de Lionel Messi.
O nervosismo tomou lugar no grupo C. Nos dois primeiros jogos, os goleiros de Inglaterra e Argélia tomaram gols decisivos em falhas absurdas. Os ingleses viram dois pontos irem embora na falha de Green, enquanto a Argélia teve sua derrota decretada pela Eslovênia após também falha do goleiro.
O que se pôde ouvir durante o período preparatório sobre a bola Jabulani pode ser conferido agora. Falhas de goleiros, chutes completamente errados, erros de passe inacreditáveis. Pode-se perceber que a bola está realmente dificultando um pouco as coisas para os atletas. Mas a bola é igual para todos, portanto...
Já a Alemanha não deu ouvidos à maioria dos comentários. Enfiou 4 x 0 na Austrália sem dó nem piedade. Esse resultado confirma a velha teoria de que seleções tradicionais estando ou não com suas equipes mais fortes, sempre são favoritas. E logo a Alemanha, que perdeu pelo menos quatro jogadores no período de preparação, inclusive seu principal meiocampista: Michael Ballack.
Já a estreia do Brasil, não esperei nenhuma zebra. Foi um jogo bem duro, principalmente antes de nossa seleção abrir o placar. Mesmo a Coreia do Norte vir para a copa em uma situação diferente dos outros países (pelo fato de ser um país fechado, que não participa da comunidade internacional com a mesma frequência, e por isso mesmo mostrou uma garra e desejo incomum de representar bem seu país), foi um pouco complicado para a nossa seleção, mas não impossível: ganhamos de 2 x 1, com um gol de sorte dos norte-coreanos, pelo pequeno erro do nosso time.
Apesar de ser ainda apenas primeira fase, este é o melhor momento para se observar o que cada uma das seleções tem a oferecer para chegar à segunda fase. Mais do que isso, entender qual o potencial de cada uma das seleções que brigam pelo título. Pois a partir das oitavas-de-final, em jogo único e eliminatório, o que passa a valer muito mais, além do futebol claro, é a raça, disposição e luta para avançar.
No geral, a expectativa é que esta Copa seja melhor do que a melancólica de 2006, onde um time realmente sem sal, sem grandes atuações e sem grandes craques venceu. A competição da África ainda tem muito a nos oferecer, pena que um mês passa muito rápido.
Caio Calazans(@cabrito13) trabalha na área de softwares, estuda jornalismo e étorcedor apaixonado, que frequenta estádio desde criança, admirador dofutebol arte, do futebol força, da pelada com os amigos e até do jogo debotão
Atualizado em 6 Set 2011.