A Dreamworks pode não ser o estúdio de animação mais bem-sucedido em termos de bilheterias, mas com certeza é o mais engajado na quebra de padrões estéticos para o público infantil. Depois de trabalhar com protagonistas gordinhos (Shrek e Kung Fu Panda) e deficientes (Como Treinar o Seu Dragão), quem chega aos cinemas agora é uma heroína negra, de cabelos cacheados e quadril levemente mais largo que a mocinha comum.
“Cada Um Na Sua Casa”, que estreia no dia 9 de abril no Brasil, fala de diferenças como fala de guerras e colonialismo – tudo de um jeito leve e bastante infantil, com uma trilha sonora pop dançante, piadinhas inocentes e uma nova raça de criaturas fofas (que já tem uma coleção completa de brinquedos prontos para o McLanche Feliz).
Oh é uma dessas criaturas: um alienígena cujo povo (os Boovs) vive fugindo e parece ter encontrado na Terra o esconderijo perfeito. Sem hesitar, eles abduzem todos os humanos e os realocam para os cantos do planeta (como a Austrália), pensando que estão fazendo um grande favor. A única pessoa que consegue escapar é Tipolina (ou Tip), que logo se une a Oh numa jornada comum – ela para encontrar a mãe, ele para impedir o ataque de uma nave inimiga.
Apesar de não ser tão engraçado ou tão cativante quanto outros filmes recentes, “Cada Um Na Sua Casa” merece atenção especial por tratar as diferenças como mal-entendidos e não com o maniqueísmo tradicional. Todos os grupos (incluindo os vilões) têm suas motivações, qualidades e defeitos, e a solução proposta não é a separação ou o confronto, mas sim a integração ou, no mínimo, a compreensão das angústias do outro.
O filme é uma adaptação do livro homônimo de Adam Rex e tem direção de Tim Johnson (“FormiguinhaZ”). Em inglês, os personagens principais levam as vozes de Jim Parsons, Rihanna, Jennifer Lopez e Steve Martin - as cantoras, é claro, também interpretam parte da trilha sonora.
Por Juliana Varella
Atualizado em 20 Mar 2015.