Com a aproximação das eleições, fica cada vez mais difícil evitar o assunto ´política´. Fala-se sobre isso nas padarias, nas esquinas, nos colégios, nas ruas, nos viadutos, por telefone e via internet. Ignorar ou negligenciar tal tema é o mesmo que fechar os olhos e ouvidos para o mundo e a realidade que envolve todos os brasileiros até que chegue o fatídico primeiro final de semana de outubro.
Os eleitores estão preocupados; o que é compreensível, afinal de contas, quatro anos é muito tempo - sob uma administração precária, então, pode parecer uma eternidade - e, talvez pela consciência de tal fato, a seleção de um bom candidato deixa de ser uma simples questão de comparar propostas, para um jogo impossível que envolve um pouco de ´achismo´ e julgamento de caráter de pessoas que só conhecemos via debates políticos, artigos jornalísticos e, claro, experiências anteriores.
Dentre todas as medidas usadas pelos eleitores para facilitar na seleção de seus candidatos, a que mais me admira - e, de certa forma, diverte - é a que eu mais tenho visto em uso nos últimos dias; é um método simples, provavelmente usado por todos, cujo nome desconheço, mas chamarei de ´metodologia da exclusão´.
Apesar dos diversos candidatos, o eleitor se apega a um em especial; nele, descarrega todas as suas frustrações políticas e, embora muito provavelmente os governos anteriores dos outros concorrentes não tenham sido de exemplar eficácia, será nos governos anteriores do candidato em questão que o eleitor vai voltar todas as suas críticas e seus temores - impostos altos, falta de medidas, corrupção, falta de escrúpulos... -, o que, ao menos, diminui as opções, tornando, em teoria, o processo de seleção mais simples.
Entretanto, é quando a frase ´voto em todos, menos no candidato B´ é ouvida com mais freqüência do que a ´voto no candidato A´ que sinto que essa prática pode ter se tornado maléfica; toda a revolta dirigida ao candidato em questão faz com que, de certa forma, a pessoa acabe por se contentar em simplesmente não tê-lo no comando, independentemente de quem o assuma e tal ´acordo´ subconsciente feito pelo eleitor é preocupante.
Preocupante, sobretudo, porque as eleições não existem para que evitemos que um chegue ao poder, mas para que coloquemos no palanque alguém que represente nossos ideais e que vá defender nossos interesses.
É de indispensável importância que o eleitor lembre disso, que não se apegue às suas insatisfações políticas, negligenciando o seu direito de escolha em prol de manter aquele que abomina longe do cargo almejado, mas sim analisando atentamente as propostas e ponderando sobre as atitudes de todos os candidatos. Afinal de contas, quatro anos é muito tempo; e pode parecer uma eternidade quando regido sob uma administração precária.
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Quem é a colunista: Gisele Zwicker. Para ela, um fim de semana perfeito envolve um bom livro, um bom filme e uma ida ao teatro.
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Atualizado em 6 Set 2011.