Guia da Semana

Investir em um remake sempre traz alguns riscos. Jogos nem sempre envelhecem bem, tendo suas mecânicas consideradas antiquadas e o gameplay obsoleto. Felizmente, não é o caso com Advance Wars 1+2: Re-Boot Camp. A coletânea, desenvolvida pela WayForward e distribuída pela Nintendo foi lançada exclusivamente para Nintendo Switch, com os dois primeiros jogos da franquia de estratégia certamente venceu o teste do tempo. Confira, nessa análise do Pizza Fria, mais detalhes sobre o jogo, que deve capturar o coração de novos e antigos entusiastas do gênero.

A complexidade da guerra

Em Advance Wars 1+2: Re-Boot Camp, somos transportados para um conflito entre quatro nações, orquestrado nas sombras por um vilão misterioso. Cada um desses países conta com exércitos, e é em batalhas dentre esses pelotões que o gameplay acontece. Devemos formar e controlar diferentes unidades e cumprir objetivos que variam de missão para missão.

É aí que a complexidade que tanto enriquece a jogabilidade aparece. Diferente de outros RPGs, aqui, não controlamos personagens que se tornam mais fortes subindo de nível. A cada nova partida devemos utilizar bases, portos e aeroportos para criar uma frota e colocá-la para batalhar com a de nosso oponente, dentro de mapas que envolvem obstáculos geográficos, como montanhas e condições climáticas, como chuva, nevoa ou neve.

A cada início de rodada, recebemos dinheiro proporcional a quantas propriedades – edifícios e bases – temos no mapa e assim, podemos começar a criar diversas unidades, cada qual com seu custo e vantagens e desvantagens.

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Em Advance Wars 1+2: Re-Boot Camp, o posicionamento correto das tropas pode ser a diferença entre vitória e derrota. (Imagem: Divulgação)

Veículos de ataque indireto, como lançadores de foguetes não podem atacar quem está muito próximo. Soldados de infantaria são frágeis, mas custam pouco dinheiro e podem capturar edifícios e bases para ajudar na economia do jogador, aviões a jato podem andar muitas casas no mapa de uma vez, mas não podem atacar inimigos no chão e tem custo elevado, e assim vai.

É importante conhecer todos os recursos disponíveis para criar exércitos compatíveis com os mapas jogados. Um mapa com muitas estradas de asfalto beneficia o tráfego de veículos terrestres, enquanto um recheado de agua e montanhas não. Felizmente, o jogo conta com um tutorial robusto nas primeiras missões e um modo de dificuldade direcionado a iniciantes, o que suaviza bastante a experiência de conhecer tudo que está a nossa disposição.

Quem está no comando?

Uma das características mais marcantes de um pelotão de soldados é ter um líder. No caso de Advance Wars, não é diferente. O jogador tem a sua disposição uma variedade de COs (Commanding Officers). Esses comandantes não entram no campo de combate, mas influenciam seus exércitos com habilidades e fraquezas únicas. Kanbei por exemplo, precisa gastar mais dinheiro para criar unidades, mas elas tem mais pontos ofensivos e defensivos que o normal, os veículos de combate direto de Max, como tanques, tem ataque elevado, mas os indiretos tem menos alcance que o normal.

Ao todo, são 12 COs no primeiro jogo da coletânea e 18 no segundo. Cada um também tem um movimento especial, chamado CO Power. Disponível depois de encher um medidor que cresce ao longo da partida, o movimento concede, por um turno, da uma vantagem ao jogador, baseado no personagem que o usou. Isso se torna um fator ainda maior em Advance Wars 2, com a introdução do Super CO Power, uma versão aumentada do recurso, que impacta ainda mais a partida. É fundamental escolher a jogada certa para gastar tal movimento, que pode decidir uma batalha.

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CO Powers bem aplicados podem mudar o rumo de uma partida. (Imagem: Divulgação)

A escolha do CO também deve ser pensada com estratégia ao se pensar no campo de batalha. Um comandante como Eagle, que tem unidades aéreas mais fortes, porém peca na batalha naval, seria uma escolha adequada para um cenário onde não existe agua. Sami, por sua vez, que possui soldados de infantaria mais poderosos e consegue capturar edifícios com mais facilidade, é indicada para missões cujo objetivo é ter mais propriedades conquistadas que o oponente.

Claro, Advance Wars está longe de ser uma franquia balanceada, com alguns COs sendo claramente mais poderosos que outros na maioria dos mapas. Ainda assim, é possível fazer até os menos favorecidos brilharem com o cenário e estratégia corretas.

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Até quatro jogadores podem batalhar ao mesmo tempo no multiplayer local. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Advance Wars 1+2 Re-Boot Camp?

Advance Wars 1+2 Re-Boot Camp é um remake de respeito. Revigorou totalmente os aspectos estéticos dos clássicos de GBA. Os gráficos, músicas e novas animações encaixam completamente no ritmo do jogo e o gameplay envelheceu extremamente bem.

As campanhas são fonte de entretenimento garantido, principalmente a do segundo jogo, que tem mais variedade de missões e personagens jogáveis. Algumas missões podem ser frustrantes para comandantes de primeira viagem, mas a sensação de criar uma estratégia vencedora para um entrave é sempre algo a se almejar. Além do modo história, existem mapas de desafio para enfrentar o computador, além de um modo multiplayer bem completo, onde quatro jogadores podem se enfrentar localmente com um ou mais consoles.

O modo online, infelizmente, é restrito a apenas confrontos de um contra um. Veremos se isso mudará com alguma atualização futura. Também é possível criar mapas e usá-los em disputas locais e online.

Concluindo, Advance Wars 1+2 Re-Boot Camp trás dois bons jogos pelo preço de um. O gameplay deverá agradar qualquer entusiasta do gênero de estratégia, que devem se preparar para gastar incontáveis horas desafiando oponentes online após o término das excelentes campanhas.

*Review elaborada em um Nintendo Switch, com código fornecido pela Nintendo.

Pizza Fria

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Por João Gabriel Marques, Pizza Fria

Atualizado em 6 Mai 2023.