Gestalt: Steam & Cinder é um metroidvania, em todo glorioso estilo pixelizado em duas dimensões, desenvolvido pela Metamorphosis Games e distribuído pela Fireshine Games. Nele, somos colocados no controle de uma heroína de longos cabelos vermelhos, e um chapelão bem maneiro, que se vê enrolada com diversas tramas nefastas em um mundo cheio de cinzas, vapor e sofrimento. A trinca da felicidade, não é mesmo?
E aí, será que a aventura vale a pena? É o que descobriremos agora, em mais uma adorável análise antecipada do Pizza Fria!
Onde tem fumaça… tem um bom metroidvania ?
Que belo dia, noite ou qualquer ciclo temporal utilizado para demarcar a passagem de tempo no planeta em que vivem, leitores e leitoras. Venho mais uma vez, fingindo humildade, compartilhar meus sentimentos e pensamentos acerca de um novo joguinho que chegou na praça. Que, aliás, se enquadra em um dos meus gêneros favoritos: o abençoado e glorificado metroidvania.
Esse foi um dos motivos de meu interesse por Gestalt: Steam & Cinder, tal como naturalmente ocorre quando vejo qualquer jogo do gênero. Sou um homem simples, afinal. Se tem vania, eu já corro atrás para jogar. Contudo, o que realmente cimentou meu fascínio com o título foi sua pegada steampunk, tanto nos visuais quanto na forma que constrói sua narrativa e universo.
Aos que não conhecem, steampunk é um subgênero do punk que apresenta sociedades nas quais tudo, ou quase tudo, depende do uso de fumaça e vapor para acontecer. Além disso, eles também empregam vestimentas bem específicas e icônicas, como chapéus, cartolas e aqueles óculos maneiros que usamos para proteger os olhos. Bioshock Infinite, por exemplo, apresenta uma versão bem executada dessa estética. Agora que já estamos mais a vontade, e com novos conhecimentos na mente, é hora de começar com meus delírios. Sigam-me os bons (e os nem tanto assim)!
História
Gestalt: Steam & Cinder conta as trapalhadas e peripécias de Aletheia, uma jovem de cabelos vermelho e coração indomável que vive em um mundo no qual tudo deu errado após um portal para o abismo se abrir. Tal como ocorre com essas coisas, os seres humanos acabaram pegando um pouquinho dessa força para se defender e acabaram piorando a situação de tal forma que mesmo décadas não foram suficientes para arrumar os estragos.
Nossa protagonista vive em Irkalla, uma cidade na qual as pessoas conseguem viver em relativa paz através do uso engenhoso do vapor, do fogo e das cinzas. A rotina de nossa chegada sai dos trilhos quando, no andamento do que deveria ser apenas mais um servicinho rápido, ela se vê enrolada com acontecimentos que podem colocar a cidade e todos que ali vivem em grave perigo. E, além de tudo, esse rolo todo parece estar intimamente ligado com Aletheia. Mas, por quê? Isso, e muito mais, é o que descobrimos ao longo de nossa aventura.
Eu curti a trama central de Gestalt: Steam & Cinder e, principalmente, o universo na qual ela se passa. É interessante ir descobrindo, pouco a pouco, como o mundo chegou naquele estado, o que realmente era o abismo e qual a ligação dos personagens com isso tudo. A única coisa que me incomodou foi a forma com que a trama se apresenta.
Em diversos momentos, até após conseguir novos poderes, o jogo toma nosso controle para expor novos desenvolvimentos através de diálogos de personagens auxiliares, em locais nos quais nem passamos perto ainda. Achei que isso teve mais efeito de quebra no ritmo e expectativa, do que de ser uma forma adequada de avançar com a trama. Nada de morrer de tédio, mas perceptível mesmo assim.
Jogabilidade
Gestalt: Steam & Cinder, como falei cheio de alegria logo no começo, é um metroidvania. Por isso, o coração da experiência está em explorar diversos mapas, em duas dimensões, enquanto vemos lugares nos quais não podemos ir e liberamos novos poderes. Pouco a pouco, entretanto, nossas habilidades crescem e todos os lugares, antes inacessíveis, se abrem para que possamos encontrar seus tesouros.
Em se tratando de movimentação, começamos com acesso aos velhos conhecidos de sempre. Podemos esquivar de golpes, ganhando alguns bons frames de invencibilidade, dar pulos de um lugar para o outro, utilizar as paredes para fazer saltos em sequência, dar golpes fracos e fortes, atirar e por aí vai. Muitas dessas habilidades são liberadas ao longo do trajeto, e tudo é muito fácil de controlar e gostoso de jogar.
Em se tratando de combate, podemos realizar combos com golpes fortes e fracos, além de usar nossa arma para atirar. Os tiros, aliás, podem tanto dar dano puro quanto atordoar inimigos ou ativar certos mecanismos. Tanto os golpes fortes quanto os tiros gastam uma munição, da qual temos até quatro, que se carrega conforme batemos nos malvadões ou quebramos elementos do cenário. Quando apanhamos podemos nos curar com uma poção, que pode ter sua quantidade aumentada e recarrega quando chegamos em um ponto de salvamento.
Explorar os mapas de Gestalt: Steam & Cinder recompensa com dinheiro para comprar novos itens, missões secundárias para fazermos, cãezinhos lindos para salvarmos e afagarmos, pontos de habilidade para gastar e acessórios para equipar. Esses últimos, inclusive, são muito úteis e valem a pena encontrar. Pena que não podemos ter mais equipamentos para utilizar, no entanto.
Todo ciclo de jogabilidade de Gestalt: Steam & Cinder é bem divertido, e a combinação de habilidades que conseguimos ao longo da jornada com aquelas que obtemos ao subir o nível da protagonista nos dão uma boa diversidade sobre como lidar com cada desafio. Ainda que não sejam inovadores, os sistemas funcionam de maneira adequada em quase toda duração.
De negativo, senti apenas que certos cenários poderiam ter alguns pontos de salvamento a mais, e de que o mini mapa que temos acesso poderia ser um pouco mais completinho. Contudo, acredito que isso seja algo mais pessoal e de caráter protocolar, não sendo tão danoso para a experiência como um todo. No que importa, o jogo desempenha muito bem.
Sons e Visuais
Gestalt: Steam & Cinder possui visuais bem charmosos, com sprites bem desenhadas e animadas. O mundo parece vivo, e a estética steampunk foi aplicada com sucesso para construir um mundo bem interessante e instigante. Seja no design dos inimigos ou dos locais pelos quais passamos, tudo é feito com capricho suficiente pra enjoado nenhum botar defeito.
A parte sonora, em minha opinião, foi algo um pouco mais misto. Ceras trilhas são bem maneiras, assim como os sons em geral, mas achei que a maioria delas carecia de um pouco mais de personalidade, talvez. Pode ser algo pessoal, mas senti que elas não ajudaram o tanto quanto podiam na hora de fazer o mundo do jogo ganhar vida.
Vale a pena comprar Gestalt: Steam & Cinder?
É isso aí, leitores e leitoras do mundo da pizza vaporizada. Será que Gestalt: Steam & Cinder é um metroidvania de respeito, capaz de aquecer nossos corações gelados e exigentes? Ou será que ele vai nos deixar naquela tristeza profunda, porém confortável? Bom, vamos pegar nossas anotações para tentar descobrir a resposta para mais essa viagem maluca da minha cabeça.
De positivo, Gestalt: Steam & Cinder entrega uma experiência bem redondinha e precisa, além de construir um universo bonito de ver e explorar. O combate é divertido, a trama engaja e as legendas ajudam todos na hora de entender o que se passa. De negativo, acho que o ritmo fica prejudicado pela forma que as cutscenes são distribuídas, a trilha sonora poderia ser mais impactante e que o jogo poderia se beneficiar com algumas melhorias de vida.
Mas, não se engane. Gestalt: Steam & Cinder é um metroidvania excelente, facilmente capaz de agradar tanto novatos quanto veteranos. Além disso, o universo no qual se apresenta, além como sua estética, é algo que nem sempre é tão explorado. Logo, só por isso já acredito que valeria checar. Fica mais fácil ainda, então, quando o produto final é tão redondinho. Recomendo.
Gestalt: Steam & Cinder chega nesta terça-feira, 16 de julho, para PC, via Steam.
*Review elaborada em um PC equipado com uma RTX com código fornecido pela Fireshine Games.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Matheus Jenevain, Pizza Fria
Atualizado em 14 Jul 2024.