Guia da Semana

Desenvolvido e publicado pela Square Enix, Live a Live, é o remake do JRPG lançado originalmente em 1994 pela Squaresoft, para o console de mesa da Nintendo, o Super Famicom. O game, que ficou conhecido por sua narrativa única e criativa, e seu estilo de jogo inovador, foi considerado um clássico entre os jogos de RPG, e recebeu uma repaginada com a tecnologia HD-2D, um estilo visual bem-parecido com Octopath Traveler.

O remake de Live A Live foi lançado primeiro para o Nintendo Switch, em julho de 2022, e agora, com pouco menos de um ano de exclusividade, as versões para PlayStation 4, PlayStation 5 e PC, via Steam, finalmente estão disponíveis. Composta por sete capítulos independentes, cada um com seus heróis, habilidades exclusivas e vidas a serem vividas em diferentes períodos históricos, Live a Live conta com a direção de Takashi Tokita, diretor original, e trilha sonora supervisionada por Yoko Shimomura, compositor original.

E será que Live A Live ficou datado, em meio a tantos bons jogos de RPG nos consoles atuais? Já sabe né meu querido… dá aquele pulo na cozinha, prepara um coado bem quentinho para aquecer o coração, procura aquela quatro queijos de ontem, e vamos conferir isso e muito mais em mais um review do Pizza Fria!

Trailer do anúncio de Live a Live para o Playstation 5.

Sete vidas em sete tempos diferentes

Sendo contada de forma bem diferente do que encontramos em jogos com narrativa convencional, Live A Live, não possui apenas uma história linear. No game, vestimos a pele de sete diferentes personagens, cada qual com suas histórias independentes, separada pelo tempo e espaço, com suas próprias motivações, personalidades e estilo de jogabilidade.

Live A Live
No final das sete histórias, uma oitava história é liberada. (Imagem: Reprodução)

Em um primeiro momento, Live A Live nos remete a uma coletânea de contos, com pequenas histórias, algumas bem curtas mesmo, reunidas em um pacote único. Sendo assim, com essa proposta de narrativa fragmentada, a escolha dos capítulos pode ser feito em qualquer ordem, isso sem prejudicar em nada na progressão de outra aventura.

Além das sete vidas que serão citadas a seguir, uma oitava é desbloqueada após a conclusão das sete histórias de Live A Live, porém, para não estragar a surpresa, vou poupar os detalhes.

Pré-História

Na Pré-História, antes de Reis e impérios, em uma era esquecida, um jovem ganha a permissão do ancião de sua tribo para caçar além das planícies, e junto de seu amigo, Gori, eles partem para sua primeira caçada. Não muito distante dali, em outra tribo, uma jovem consegue fugir do altar do sacrifício e é perseguida pelos seus captores. Seus caminhos se cruzam, e juntos, irão se aventurar por terras perigosas e enfrentar monstros pré-históricos, enquanto são perseguidos por caçadores.

Este capítulo se destaca por uma certa excentricidade, como ele se passa na pré-história, não existe um idioma, e todas as comunicações, são marcadas por figuras. Mesmo assim, conseguimos o tempo todo entender o que os personagens conversam, e deixa o capítulo bem interessante, com um forte toque de comédia.

Live A Live
Live A Live inova de diversas maneiras, no capítulo da pré-história, não existe um idioma, e todas as comunicações, são marcadas por figuras. (Imagem: Reprodução)

Outro fator exclusivo do capítulo, é a maneira como Pogo e Gori mapeiam o terreno. Eles possuem um nariz com olfato apurado, e usamos isso ao nosso favor para encontrar monstros espalhados pelo mapa, sejam eles para lutar ou escapar.

Oeste Selvagem

A fronteira americana é um lugar de sonhos tolos e esperanças frustradas. No capítulo do Oeste Selvagem, um pistoleiro solitário adentra uma cidade moribunda aterrorizada por bandidos. Talvez o pistoleiro não tenha chance sozinho contra toda essa gangue, porém, ao trabalhar em equipe, preparando armadilhas, com os moradores da cidade, o homem possa fazer toda diferença.

Obviamente, o capítulo de The Sundown Kid, o pistoleiro foragido, é carregado de tudo o que há de melhor no velho oeste. Terras áridas com feno e caixotes de madeira espalhados, bares com portas de dobradiças, músicas fáceis de assobiar, além de um “Bando Louco” de foragidos, e aliados com forte sotaque carregado.

Live A Live
Apesar de curto, o capítulo passado no velho oeste é extremamente divertido. (Imagem: Reprodução)

Quando oito sinos, localizados no canto superior direito da tela, tocarem ao amanhecer, o Bando Louco virá cavalgando até a cidade. A mecânica no capítulo do pistoleiro foragido é bem simples, precisamos trabalhar juntos do caçador de recompensas Mad Dog, e procurar pela cidade por itens que sirvam de armadilhas, entregando-os aos habitantes da cidade, para que elas possam ser espalhadas antes que os foras da lei cheguem.

O presente

No presente, controlamos Masaru Takahara, um jovem sonhador, que busca ser o lutador mais forte entre os guerreiros. Sendo assim, em uma espécie de Boss Rush, o guerreiro enfrenta poderosos mestres do Muay Thai, luta livre, wrestling, Koppo, Sambo e Sumo, enquanto aprende as mais poderosas técnicas de cada inimigo, a fim de provar a si, que pode ser o melhor.

Live A Live
A tela de seleção de rivais ficou bem ao estilo Street Fighter, até a cara dos inimigos fica estourada quando você os derrota. (Imagem: Reprodução)

No curtíssimo capítulo do lutador, nos deparamos com uma tela de seleção com seis diferentes oponentes. É bem ao estilo World Warriors Street Figher II, e durante os combates, aprendemos novos golpes, à medida que sofremos dano, para derrotar os próximos rivais que sempre contam com alguma vulnerabilidade.

China Imperial

Na China Imperial, controlamos Earthen Heart, um velho mestre chinês chegando ao fim de sua vida, que anseia por preservar suas técnicas de Kung Fu para as futuras gerações. Com este propósito, ele sai em busca de um sucessor digno de seu legado, reúne três discípulos e os submete a um treinamento pesado para fortalecer seus corpos, aprimorar seus reflexos e liberar seus verdadeiros potenciais, até escolher o guerreiro digno de se tornar o próximo mestre.

Live A Live
Live A Live é um jogo lindo, com belíssimos cenários ricos em detalhes, e personagens com pixels muito bem definidos. (Imagem: Reprodução)

Enquanto como citado acima, no capítulo do presente, o foco era apenas em combates, na China Imperial, o foco é tanto em exploração, quanto combate. Earthen vaga em busca de discípulos, fortes de corpo, mente e alma. Após encontrar os indivíduos dignos, uma série de treinamentos intensos tem início, em um conto com desfecho realmente emocionante.

Crepúsculo de Edo, Japão

No Crepúsculo de Edo, Japão, vestimos a pele de um Shinobi com uma importantíssima missão, em meio a uma era de conflitos e derramamento de sangue, que ameaça consumir uma nação inteira. Sendo assim, o guerreiro deve se aventurar em um castelo cheio de armadilhas e inimigos, para libertar um prisioneiro com talentos únicos.

Live A Live
O capítulo de Obomaru é grande, difícil e extremamente divertido. (Imagem: Reprodução)

Podemos encarar o capítulo de Obomaru de duas maneiras, a primeira, e mais simples, é no famoso estilo Rambo, onde você passará derrotando os inimigos, sem se importar em fazer barulho e alertar os inimigos. Porém, se Metal Gear for mais seu estilo, saiba que é possível passar o capítulo inteiro de maneira furtiva, sem derramamento desnecessário de sangue.

Futuro próximo

Em um Futuro Próximo, controlamos Akira, um jovem que na sua infância viu seu pai ser assassinado e sua vida mudar quando ele e sua irmã Kaori foram morar em um orfanato. Já crescido e rebelde, o garoto arruma confusão, e se mete em brigas por saber o que os outros pensam. Isso mesmo, Akira tem o dom de ler pensamentos. Porém, seu dom o leva a se envolver em uma sombria conspiração.

Live A Live
A história do futuro próximo gira em torno de Akira e o gigante Steel Titan (Imagem:Reprodução)

O capítulo de Akira já começa com um serviço de nostalgia, digno dos melhores tokusatsus, com uma incrível abertura do Steel Titan, misturando Robôs, mecas e gangues de rua. Ao decorrer da aventura, vemos que o poder de Akira, passa ao jogador, um pensamento sobre as relações humanas, e como nos comportamos em sociedade, e se o que dizemos, é o que realmente estamos pensando.

Futuro distante

A milhas de distância da Terra, na imensidão vazia do espaço, em um Futuro Distante, a pequena espaçonave Cogito Ergo Sum faz sua rota para casa. A bordo, uma nova forma de vida aparece, colocando a segurança da tripulação em risco. Controlando o robô de suporte autônomo Cube, cabe a você desvendar esse mistério.

É impossível não comparar esse episódio com o famoso filme “Alien, o oitavo passageiro”. É um suspense a bordo de uma espaçonave, onde vão acontecendo acidentes, envolto em mistério e segredos. Existe até uma inteligência artificial que controla a nave chamada “Decimus”.

Live A Live
Cube com a tripulação a bordo da Cogito Ergo Sum. (Imagem: Reprodução)

A música e os mapas ajudam na ambientação, mesmo com luzes e efeitos, sentimos a nave escura fazendo a imersão. Esse capítulo é mais focado na investigação, o que nos iguala à Cube, pois tanto nós quanto ele são novos nessa nave e a seus companheiros de tripulação.

Audiovisual, desempenho e gameplay

Live A Live foi produzido por Tomoya Asano, responsável por diversos jogos da série Final Fantasy, assim como Octopath Traveler, Bravely Defaut e Triangle Strategy, e possui personagens com belíssimos sprites pixelados, em cenários em três dimensões, riquíssimos nos detalhes, e com fortes efeitos de iluminação, o famoso HD-2D.

A trilha sonora de Live A Live foi composta pela compositora japonesa Yoko Shimomura, responsável também por algumas músicas de grandes jogos como Kingdom Hearts, Street Fighter e Final Fantasy, foram orquestradas, e receberam um tratamento digno, fazendo com que cada uma das histórias, ambientadas cada qual em seu contexto, fique ainda mais imersiva.

Live A Live
Live A Live possui personagens com belos sprites em cenários 3D, ricos em detalhes e com fortes efeitos de iluminação. (Imagem: Reprodução)

Além disso, é importante destacar que o trabalho de dublagens nos diálogos de Live A Live, tanto em japonês, quanto inglês, ficaram ótimos, e casam perfeitamente com toda ambientação proposta pelos contos, com um destaque especial para o velho oeste, que foi meu favorito.

Por fim, quanto ao desempenho de Live A Live no PlayStation 5, como já era de se esperar, o game flui perfeitamente, e durante toda a campanha, não encontrei nenhum bug sequer, além de as telas de carregamento serem tão rápidas, que mal dá tempo para ler as dicas.

Vale a pena jogar Live A Live?

Antes de concluir se vale ou não a pena jogar, preciso deixar bem claro que Live A Live é um game com grande foco na narrativa, e infelizmente, não possui localização em legendas para o português do Brasil, e se isso for um problema para você, não terá como aproveitar o que o jogo realmente quer te entregar.

Porém, se você não tiver problemas com outros idiomas, Live A Live é um grande jogo, e um prato cheio para jogadores de longa data, que sentem falta de um bom RPG de turno, como haviam na época dos grandes clássicos do Super Nintendo.

Live a Live foi lançado no dia 27 de abril para PlayStation 4, PlayStation 5 e PC, via Steam, e no ano passado para Nintendo Switch. No Metacritic, o game ostentou a média de 83 pontos na versão avaliada.

*Review elaborada em um PlayStation 5, com código oferecido pela Square Enix.

Pizza Fria

Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos games

Por Filipe "Bdama" Villela, Pizza Fria

Atualizado em 12 Mai 2023.