Melatonin, desenvolvido e publicado pela Half Asleep, é um jogo de ritmo cujo foco é a relação entre nossos sonhos e experiências acordadas, propondo desafios entre níveis únicos desenhados à mão, sempre testando o reflexo dos jogadores ao longo de seus capítulos.

Entre testes desafiadores que aumentam suas habilidades rítmicas e funcionalidades de assistência que ajudam na transição, o título possui potencial para acertar o ritmo entre os jogos de destaque do gênero no PlayStation? Confira a resposta em nossa análise antecipada no Pizza Fria!

O mundo de Melatonin é encantador e onírico, representado através de recursos visuais e batidas imersivas em um ambiente com cores relaxantes e elementos surreais. Espere por uma sequência de minijogos unidos pela temática do sonho, sempre focando em nosso dia a dia, sem percorrer caminhos inusitados. Todos os temas baseiam-se em experiências vivenciadas por pessoas reais, com as quais certamente nos identificamos.

Anseios e necessidades são primordiais para nossa existência, contendo tópicos como alimentação, a necessidade por consumo desenfreado e o vício em mídias sociais. A direção de arte adotada e as cores das paletas foram pensadas em elementos estéticos ligados a temática do sonho, adotando também animações desenhadas à mão que simplificam a transmissão de ideias e perpetuam a sensação de aconchego.

Em busca da pontuação perfeita

Cada nível possui um movimento rítmico, sempre direcionado pela batida, que impulsiona os jogadores através dos níveis. O diretor de Melatonin, David Hunh, apontou sua inspiração na série Rhythm Heaven, adotando ritmos semelhantes, induzindo ao foco e concentração na música, deixando o cenário apenas como plano de fundo. Nota-se uma necessidade por compreensão e apreciação da música constantes, pois cada nível conta com um tema único entre gêneros conhecidos que percorrem desde o keygen, passando pelo Synthwave e transitando pelo future bass.

Todo o sistema de progressão e design de níveis é simples, separado em cinco capítulos entre sequências noturnas e diurnas. Tendo como protagonista um jovem que tenta dormir, navegamos por diferentes sonhos. Cada cenário inclui desafios e sequências de botões em um sistema de repetição de ações, que apresentam indicadores como atrasado, perfeito e adiantado. O tempo de resposta entre nossa execução no DualSense no PlayStation e a visualização em tela é incrível, de fato, tornando a mecânica de jogabilidade bem implementada e responsiva.

Aqueles que estão preocupados com o ritmo em Melatonin e suas habilidades são agraciados com recursos de acessibilidade que facilitam as coisas. A assistência visual, a assistência de áudio, o espaço de manobra e a pontuação fácil são pré-selecionadas e ajudam os novatos, adaptando-se com mais facilidade à proposta do jogo. Existem desafios rítmicos elevados, porém, a ampla gama de padrões de repetição adiciona progressão de aprendizado suficiente, algo que atua como facilitador na execução perfeita quando o ritmo acelera.

Sonhos e a juventude

O mundo onírico contém tópicos como comida, compras, tecnologias, entre outros conhecidos. No modo comida, por exemplo, o título requer a adaptação aos três padrões propostos, adotando um nível de prática para a familiarização com o som e o ritmo, deixando posteriormente a opção para o modo pontuação, mais complicado e por fim, um modo editor que não é o melhor modo implementado. Adiciona um recurso novo ao título, porém, não prolonga sem tempo de execução.

Todos os elementos de Melatonin estão conectados ao protagonista, tecendo uma história curta mas explicativa ao longo de seu dia. Frequentemente, sonhamos com algo que utilizamos na vida real, pessoas que encontramos ou situações observadas recentemente que mudam durante os sonhos. É a forma como nosso cérebro atua. Sonhos são compostos de uma natureza fugaz e efêmera, causando inspiração, ensinam, quando necessário, ou transformam uma realidade inatingível em realidade crível. São símbolos da natureza e complexidade de nosso mundo interior, muitas vezes compostos de elementos intricados, relembrados através de fragmentos de memória quando acordamos.

No modo comida, por exemplo, destaca-se a necessidade por itens calóricos, pouco saudáveis. Nesse nível, necessitamos da adaptação aos três padrões propostos, adotando um nível de prática para a familiarização com o som e o ritmo, deixando posteriormente a opção para o modo pontuação, mais complicado. O objetivo é consumir os pedaços de pizza lançados no tempo correto. Ao final de cada modo de pontuação, detalhes sobre sua performance são exibidos, coletando dados sobre erros, ações perfeitas, atrasos e movimentos adiantados.

Em compras, nosso desafio será seguir padrões específicos observados em itens que surgem na parte esquerda da tela e usar o cartão de crédito DJ atendendo aos mesmos padrões que os itens. O timing entre nossa ação e a resposta executada é excelente, entregando um resultado responsivo de alto padrão. Cada nível é inventivo, englobando cenários triviais do cotidiano de uma pessoa, além dos desejos implícitos do jovem, que sonha, possui desejos e esperanças.

Quem nunca pensou em comer sem precisar se preocupar com uma dieta, adquirir todos os itens que deseja com um cartão de crédito de limite alto, ou conseguir aquele corpo musculoso que seu colega apresenta, mesmo detestando academia? São elementos simbólicos de suas buscas incessantes, tornando temas complexos em tópicos leves e divertidos.

Ambientes acolhedores

Por se tratar de um título relativamente curto, apesar de adições que estendem seu tempo de gameplay, é uma proposta curta demais. No entanto, seu visual caricaturado e relaxante induz a uma experiência imersiva, no estilo “foi bom enquanto durou”, além da agradável proposta nos momentos mais estressantes e de difícil concentração. Em vários momentos, simplesmente fiquei completamente conectada com a música e suas batidas, sentindo uma conexão superior aos diversos títulos que tive a oportunidade de experimentar. A trilha sonora é ótima, sempre alinhada ao tipo de sonho e adotando o estilo que condiz com o tema.

A escolha estética apoia-se no design e isso fica claro entre os níveis, interface de usuário e instruções em tela. O jogo de cores, sons e visuais são sempre informativos, fornecendo objetos que mudam de cor. Itens vistos em cada ambiente agregam a ideia de juventude, sem o peso de uma vida exigente e repleta de responsabilidades. Tudo condiz com a falta de experiência do protagonista e permite interpretações, algo extraordinário.

Melatonin exige acuidade auditiva elevada, além de uma performance otimizada para a obtenção do máximo de estrelas que possa acumular para progredir entre os capítulos. Mesmo com recursos de acessibilidade ativos, alguns níveis são desafiadores. Tentei realizar o máximo de pontuações perfeitas que consegui, além de repetir alguns níveis em busca de estrelas, e esse fator de repetição fará parte de sua rotina.

Vale a pena jogar Melatonin?

Melatonin é um jogo de ritmo inteligente, composto por ambientações relaxantes e visual encantador, além de possuir um excelente sistema de progressão. O foco em temas cotidianos, transformados em animações e desafios simples, é um belo exemplo de desafios lúdicos. Prolongado, diria que o conceito poderia alterar a abordagem em jogos musicais. No entanto, peca pelo pouco tempo disponível, deixando uma inigualável sensação de “quero mais”.

Indicado aos jovens que buscam por uma jogabilidade refrescante, e aos experientes, como eu, que adoram inovações e narrativas que elevam a reflexão. Induzindo jogadores através de uma curva de dificuldade equilibrada, espere por controles simples, otimizados e timing precisos. Sendo assim, recomendo Melatonin e sua pontuação elevada, entre batidas e a vibração que ele é capaz de proporcionar.

Melatonin será lançado hoje, 12 de março, para PlayStation 5, com legendas em português do Brasil e já já está disponível no PC, via Steam, e Nintendo Switch.

*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Half Asleep.