Outcast – A New Beginning é o novo título da equipe original de Outcast, que retorna após um hiato de 20 anos, prometendo um mundo ainda mais fascinante neste jogo de ação e aventura. Desenvolvido pela Appeal Studios e publicado pela THQ Nordic, o jogo coloca os jogadores no controle de Cutter Slade, um ex-SEAL da Marinha, com o objetivo de ajudar o povo Talan em uma aventura através do mundo aberto não linear de Adelpha.
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Outcast, o jogo original, estreou em 1999, sendo aclamado pela crítica por suas qualidades como um excelente jogo de aventura. Posteriormente, um novo projeto surgiu através da Appeal Studios, chamado Outcast II: The Lost Paradise, mas foi adiado após a falência do estúdio. Em 2017, surgiu Outcast: Second Contact, um remake de Outcast, que implementa gráficos modernos para a época, um combate ainda mais dinâmico e novas áreas escondidas.
Dessa vez, os desenvolvedores optaram por oferecer o máximo de liberdade possível , eliminando as limitações típicas de títulos de mundo aberto, e fornecendo ferramentas de navegação otimizadas. No entanto, a sensação de passado persiste devido à escolha de animações e modelos um pouco mais rígidos do que o esperado nos tempos atuais. Isso levanta questões sobre as decisões tomadas, algo que abordarei mais adiante nesta análise.
O início em Adelpha
Através de um tutorial básico, temos uma ideia de como será navegar pelo mundo controlando Cutter Slade. São ensinados movimentos básicos como correr, pular, pegar itens, usar cura, interagir, esquivar, causar dano corpo a corpo, usar módulos para armas, além de aprender sobre os itens de mundo e as melhorias adicionais para o personagem e dispositivos.
Na história, os Talans foram escravizados e estão sob ameaça de invasores que colocam em risco a terra e a ancestralidade do povo. Aguardando a realização de uma profecia, o povo espera por um salvador humano, conhecido como Ulukai, que possa recuperar o Amuleto Zokkrym e restaurar a paz em Adelpha. Lehaz, líder da guarda Dolokai, é nosso primeiro contato no mundo e também nos guia em nossa jornada inicial.
Basicamente, o mundo de Outcast – A New Beginning segue o mesmo processo de exploração, descoberta, combate e narrativa, sem grandes inovações. Fiquei impressionado com o potencial do mundo aberto, que está repleto de vida e detalhes ambientais, desde os mais exóticos até os mais simples, semelhantes à nossa própria natureza. Para aqueles que não são fãs de jogos de RPG complexos, é importante notar que este título adota a simplicidade, oferecendo uma experiência de tiro simples em um mundo aberto.
A história avança através de várias conversas e coleta de informações, revelando detalhes importantes sobre as missões. O potencial narrativo é excelente, destacando a conexão de Slade com o povo e suas descobertas pessoais que enriquecem a trama. O ecossistema é coeso, associado as missões que interligam as sete aldeias presentes no jogo através de histórias próprias. Embora haja alguns pontos lineares entre as missões, a liberdade de exploração existe na maioria dos casos, com múltiplas opções de caminhos disponíveis. Esse tipo de progressão enriquece o mundo de Outcast – A New Beginning, e é digno de elogio o esforço implementado.
Um mundo hostil
Atuar em um mundo belo, porém hostil e repleto de perigos, requer ferramentas e recursos necessários; nesse sentido, os itens utilizados por Slade são fundamentais. A mochila propulsora modelo 3000 permite uma rápida movimentação vertical e funciona conforme o esperado. No início, o controle pode parecer desajeitado, mas à medida que progredimos e dominamos seu sistema, garante uma boa performance em áreas mais elevadas ou com distâncias que um pulo normal não seria capaz de alcançar. O escudo avançado serve para hackear terminais e proteger contra danos, sendo ótimo em batalha. Já o traje planador proporciona um sistema de exploração mais amplo, com foco em longas distâncias ou na transição em áreas de difícil acesso em solo.
O COM-LINK escaneia os arredores e permite comunicação. O sistema de escaneamento é eficiente, detectando itens para crafting, inimigos e dispositivos com possibilidade de interação. Utilizar a arma requer atenção, pois ela pode superaquecer e necessita de helidium verde para funcionar. Recursos naturais estão espalhados pelo mundo e são essenciais para a aquisição de habilidades, cura ou para uso em armas.
Módulos de armas e recursos de habilidades são liberados progressivamente, à medida que se adquirem recursos e se avança na história. O arsenal baseia-se no uso de módulos para cada arma como foco principal, oferecendo milhares de combinações possíveis, upgrades e efeitos. Neste momento, a interface do usuário se faz presente, claramente projetada para dispor seus itens de forma funcional e objetiva. Itens adicionais, como a habilidade de correr de Cutter Slade, armas, inventário, melhorias e um banco de dados contendo bestiário, personagens, diários e glossário, auxiliam na compreensão do mundo, são organizados e possuem descrições para facilitar a compreensão.
Em relação às melhorias, notamos diversos recursos que auxiliam Slade em dispositivos e combates. Adições importantes incluem a bateria de energia, a capacidade de corrida a jato e de movimentação ainda mais veloz, bem como a esquiva aérea, que consome menos energia. Esses elementos tornam a experiência com Slade mais enriquecedora e divertida em ação.
O sistema de combate é excelente, entre o uso da pistola e do rifle. Equipar módulos melhora ainda mais a experiência ao implementar atributos diferenciados. Outros recursos desbloqueados através das missões, como danos em área, adicionam vantagens destrutivas, aumentando ainda mais a qualidade. No entanto, é importante mencionar que alguns inimigos apresentam comportamentos e IA questionáveis. O sistema de mira é preciso e todos os comandos são responsivos em combate, fazendo de Outcast – A New Beginning um jogo do presente e uma adição necessária para os jogadores desta geração, deixando o passado, parcialmente, para trás.
Outcast – A New Beginning e seus problemas
Agora, inicio um tópico sensível e imprescindível em minhas impressões sobre o jogo e a nota final desta análise. Infelizmente, Outcast – A New Beginning, ressalta diversos problemas de desempenho e questões visuais que prejudicam a imersão e a experiência do jogador. Ao longo dos anos, joguei títulos que não alcançavam seu potencial gráfico, mas ainda ofereciam uma experiência divertida e gratificante. Muitos jogos, especialmente os indies, mesmo com investimentos limitados e equipes reduzidas, conseguem produzir jogos que se destacam entre os grandes lançamentos.
Visualmente, Outcast – A New Beginning é um jogo rico em detalhes de mundo, cores vibrantes, cheio de potencial, dedicação e personagens que dão vida, contexto e dinâmica ao mundo apresentado. No entanto, infelizmente, o jogo não consegue aproveitar todos esses pontos positivos, exibindo problemas durante a transição das cutscenes, como lentidão e problemas de renderização. As cutscenes, famosas por suas cenas cinematográficas, adicionam elementos narrativos e imersão às tramas. No entanto, elas são acionadas de forma abrupta, cortando o personagem durante sua atuação. Tanto nas cutscenes quanto fora delas, Cutter Slade não foi modelado para agir de forma orgânica e natural, exibindo expressão travada e movimentos notavelmente trepidantes.
A movimentação em percursos planos ou ao subir escadas é prejudicada pela falta de fluidez, resultando em uma adaptação desarmônica ao ambiente ou ao percurso desenvolvido. O personagem praticamente flutua acima do solo ou atravessa degraus como se não houvesse obstáculos. Na demo, esse problema de trepidações eventuais era evidente durante o voo, e embora tenham sido feitos ajustes, eles não foram suficientes para corrigir os demais problemas presentes na versão completa que tive acesso.
Diversas partes do mapa oferecem pontos elevados de observação, e o mundo de Adelpha é verdadeiramente belo. No entanto, todo esse potencial é prejudicado por problemas como bordas irregulares ou pixeladas em folhas, galhos, na água e em rochas, além do sistema de névoa que impede os jogadores de avançarem em certos pontos do mapa, e os diversos problemas de clipping que realmente me incomodavam. A iluminação também apresenta problemas, com interações ambientais falhas e sombras de qualidade inferior. O famoso “pop-in” é notável em cutscenes e em vários momentos ao explorar o mundo de Adelpha. Essas limitações de desempenho são tão frequentes que, por um tempo, tentei simplesmente ignorar.
A falta de otimização compromete muito a experiência no PlayStation 5, exigindo um esforço real por parte dos desenvolvedores para ajustar o conteúdo e tornar a experiência no console aceitável. Entendo que certas decisões por parte da equipe de desenvolvimento podem afetar o desempenho do jogo, e que os computadores possuem um potencial diferenciado. No entanto, isso não é desculpa para uma implementação inadequada em um hardware de console de nova geração. O equilíbrio entre o detalhamento gráfico e o desempenho é fundamental, mesmo que entregue o básico exigido.
Vale a pena jogar Outcast – A New Beginning?
Outcast – A New Beginning entrega conteúdo repleto de potencial, mas infelizmente, acaba inserido entre lançamentos que estreiam para o público compostos de problemas de desempenho que atrapalham a experiência. Não sou uma entusiasta obsessiva por gráficos. Adoro jogos indies, tenho carinho pelo meu passado com o Atari e já passei muito tempo imersa nesse universo, o que me permite destacar esse ponto de vista. Em diversos momentos, simplesmente vivenciei essa jornada através de Outcast – A New Beginning, aproveitando o que de bom o título tinha a oferecer: combate, ambientação, história, entre outros pontos positivos.
No entanto, os incômodos frequentes durante a jogabilidade não são insignificantes e não podem ser facilmente ignorados. Eles são tão evidentes na tela, tão frequentes, que chamam a atenção até mesmo dos jogadores menos atentos. Como esta é uma análise antecipada, o jogo receberá atualizações no futuro, e o tempo dirá se esses problemas serão corrigidos, garantindo uma experiência mais aceitável para o público nos consoles. Recomendável aos jogadores cheios de amor, paciência e resiliência…
Outcast – A New Beginning estreia nesta sexta-feira, 15 de março para Xbox Series X|S, PlayStation 5 e PC, via Steam.
*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela THQ Nordic.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Vanessa Lopes, Pizza Fria
Atualizado em 14 Mar 2024.