Após 10 longos anos de elaboração, a Sony e a Team NINJA estão quase prontas para trazer Rise of the Ronin (ou A Ascensão do Ronin, em português), para PlayStation 5, inicialmente como jogo exclusivo do console. Após ser revelado no State of Play de setembro de 2022, o game trouxe um hype enorme, sobretudo após o sucesso de Ghost of Tsushima. O lançamento está marcado para o dia 22 de março.
No entanto, o Pizza Fria teve a honra de receber o jogo antecipadamente, e apresentarei aqui alguns detalhes dele nesta preview. Falaremos um pouco mais do início do jogo e minhas primeiras impressões. Assim, prepare sua espada e vamos ao que interessa!
Entendendo o recorte histórico
Rise of the Ronin se passa logo após o Japão reabrir suas portas ao mundo, no ápice do Período Edo e ao longo da Guerra Boshin, conhecida também como a Revolução Japonesa. Esse evento foi crucial para o retorno do poder ao Imperador, marcando o término do isolacionismo japonês após dois séculos e iniciando a era da Restauração Meiji, um marco do começo da modernidade no Japão. Assim, o jogo incorpora várias tecnologias baseadas em invenções históricas japonesas, como ganchos para escalada e planadores.
Apesar de ser às vezes vista como uma “revolução tranquila”, a guerra levou à morte de 3.500 a 8.000 pessoas. Nesse pano de fundo, Rise of the Ronin permite ao jogador criar seu próprio personagem para navegar por este período de exploração e conflito, estabelecendo alianças e testemunhando as disputas entre facções políticas rivais.
Por fim, segundo os vídeos de bastidores já lançados, o ambiente do jogo varia de áreas campestres a metrópoles japonesas como Yokohama, Edo (atual Tóquio) e Quioto. Ao longo de nossa jogatina, durante a preview, tivemos acesso apenas a Yokohama, que se mostra uma cidade bem viva e repleta de detalhes, enfatizando-se aqui a influência ocidental nas construções e até mesmo nos NPCs espalhados pela cidade.
Neste ponto, a Team NINJA parece ter feito um trabalho minucioso para recriar o Japão do século XIX, surpreendendo positivamente tanto nos primeiros momentos da história, quanto na ambientação geral. Como historiador, já enfatizei meu interesse na história do Japão, e até expliquei em um artigo as diferenças do período de Rise of the Ronin e Ghost of Tsushima, que também surpreende muito no aspecto narrativo. Contudo, ainda há muito a ser visto, e esse primeiro momento me deu bastante vontade de explorar o universo do game.
Um ponto crucial: a jogabilidade
Logo ao começar Rise of the Ronin, podemos criar nossos personagens, com uma série de detalhamentos, o que é muito bom. Contudo, me furtarei a não dar mais detalhes para não estragar a experiência dos jogadores com spoilers. Mas, dito isto, posso garantir que há uma grande variedade de coisas para serem escolhidas, inclusive durante o jogo, como armas variadas, roupas, armaduras e outros apetrechos que podem ser utilizados durante toda a aventura. Aliás, neste aspecto, a jogabilidade de Rise of the Ronin recorda bem o game Assassin’s Creed Odyssey, tendo um pouco de RPG dentro de si.
Seguindo o início do game, temos um tutorial explicando como funciona o sistema de luta. E, como todos os fãs de NiOh, game da Team NINJA, o título mantém uma estrutura bem similar ao gênero soulslike. Contudo, em Rise of the Ronin, podemos escolher entre três tipos de dificuldade, tornando o título em uma experiência bem democrática. Eu particularmente AMO samurais, mas não consigo ter tempo ou paciência com soulslikes, e estou achando a jogabilidade bem equilibrada até então.
Sobre as batalhas, é como eu disse: é um soulslike mais democrático. Mas não é só isso: nele, podemos usar uma enorme variedade de armas e habilidades que nos dá toda a liberdade de customizar o estilo de luta adotado. No tutorial, escolhemos algumas características específicas para o personagem, que tem pontos, tal como em um RPG. Além disso, também escolhemos os estilos de arma que mais se adequam a nossa forma de jogar. Como um bom fã de samurais, escolhi uma katana e a possibilidade de alternar para duas katanas. Porém, testei outras armas e me interessei demais pela odachi, uma espada parecida com a katana, mas bem maior.
Enfim, neste ponto de customização tanto do personagem, suas características e habilidades, Rise of the Ronin nos dá muita liberdade de escolha, o que é excelente. Contudo, vale ressaltar que, como o jogo não está em sua versão finalizada, é possível perceber que ele precisa fazer alguns ajustes finos antes do lançamento, que serão ideais para aprimorar a experiência. Isso já foi confirmado pela própria desenvolvedora, algo que nos tranquiliza muito. Mas nesta versão, é possível ver um grande potencial do game. No entanto, existem algumas ressalvas a serem feitas.
Repetições perceptíveis e outros detalhes
Uma coisa que foi possível de se perceber no início do game é o uso excessivo de assets repetidos. Por exemplo: o fundo dos rios é nitidamente repetido ao longo de todo percurso, o que poderia ter sido mais bem elaborado. É claro, não é um grande ponto a atrapalhar a experiência de gameplay, mas isso se repete em alguns inimigos e em diversos itens coletáveis no mapa. E, para um jogo desta magnitude, tal ponto acaba ficando cada vez mais nítido para o jogador, sobretudo após percorrer diversos lugares. E, em pouco tempo, é possível perceber esse tipo de detalhe.
Isso também pode ser mudado na versão final, é claro. Contudo, preciso dizer isso, já que foi algo que acabou saltando aos olhos. Não só isso, mas a qualidade gráfica de Rise of the Ronin tem algumas oscilações entre personagens bem detalhados e mapas com texturas um bocado genéricas. Esse também é outro aspecto que não toca necessariamente nos quesitos gameplay e diversão, mas estamos tratando aqui de um título exclusivo da nova geração. Mesmo com uma ambientação rica, Rise of the Ronin parece não entregar a mesma beleza gráfica de, por exemplo, Ghost of Tsushima, visto por muitos como o seu “rival direto” (o que discordo muito, vale ressaltar).
Então o jogo é feio? Simplificando a resposta: não. Há alguns ajustes que podem ser feitos, mas isso não o torna em uma experiência de gráficos de gerações passadas. São só detalhes mesmo que a gente vai percebendo ao longo de anos de jogatina. E, sinceramente, isso não me tirou a vontade de jogar o game. Muito pelo contrário, estou contando os dias para poder falar de cada detalhe de Rise of the Ronin na review.
Por último, tive um incômodo com o fato de Rise of the Ronin apresentar três tipos de opções gráficas, e ele só rodar bem apenas em desempenho. Nas outras, voltadas para ray tracing e gráficos, o game deixou bastante a desejar, tendo um desempenho muito ruim, sobretudo em um soulslike, que conta com comandos como esquiva e parry. Por conta disso, acabei optando por jogar no modo desempenho, que funciona de maneira fluida, preservando os quadros por segundo, que fazem toda a diferença nesse estilo de jogo.
O que esperar de Rise of the Ronin?
Ainda que eu tenha sido crítico sobre alguns pontos como pequenos problemas na jogabilidade, assets repetidos e questões de desempenho, ao que tudo indica, Rise of the Ronin está no caminho certo, embora ainda seja difícil definir o título pelo seu início. Confesso estar otimista para ver o que o Japão do século XIX e seus vários personagens trarão à tona, mas também temo que o jogo soe como um apanhado de outros títulos já conhecidos, incluindo a franquia Nioh e o próprio já citado Ghost of Tsushima. Porém, isso só será possível de se analisar em meu texto final.
Desta forma, tratando especificamente a parte inicial, Rise of the Ronin tem demonstrado ser interessante e divertido, até para pessoas que não são lá grandes fãs de soulslike, assim como eu. A narrativa parece estar levando a sério o período e, mesmo com aqueles floreios comuns dos games, tem se mostrado interessante. Resta saber como será o game do primeiro momento para frente, mas isso será papo para outra hora. Por fim, Rise of the Ronin tem se mostrado até agora como um jogo bem interessante para fãs de samurais e espadas, soulslikes e história japonesa.
Rise of the Ronin será lançado em 22 de março, exclusivamente para PlayStation 5.
*Preview elaborada com código fornecido pela Sony.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Álvaro Saluan, Pizza Fria
Atualizado em 11 Mar 2024.