Anunciado em 2017, Skull and Bones finalmente está entre nós! Depois de trocentos adiamentos e muitos problemas, a Ubisoft lançou o game para PC, Xbox Series X|S e PlayStation 5. Trazendo a temática pirata para o mundo dos jogos, tentando pegar o que foi muito elogiado em Assassin’s Creed IV Black Flag, o game nos coloca no Oceano Índico, tendo de lidar com corsários e os perigos do mar.
Contudo, antes de iniciarmos esta análise, torna-se necessário dizer que estive meio que fora do hype gerado pelo jogo desde o seu anúncio. Desta forma, acabei pegando o game para jogar sem nenhuma expectativa, sabendo apenas dos adiamentos e da enrolação que aconteceu para o jogo ser lançado. Portanto, fui atraído por ser apaixonado pela temática que o jogo apresenta. Mas será que depois de tanta treta, Skull and Bones é um jogo de qualidade? Essa e outras tantas perguntas serão respondidas aqui, marujos e marujas. Prepare-se para zarpar!
A Era de Ouro da Pirataria
Skull and Bones é um jogo passado no Oceano Índico durante a chamada Era de Ouro da Pirataria, ocorrida entre a década de 1650 até à década de 1730. Logo em seu início, somos apresentados como náufragos de outra embarcação, que estão em busca de sucesso no mundo caótico da pirataria. Assim, podemos criar nosso personagem, escolhendo sexo, voz e outras características básicas. Não há tantas escolhas, mas este nem é necessariamente o foco. E, com isso, iniciamos a aventura, buscando construir nosso nome na pirataria.
O jogo, embora tenha uma pegada totalmente fictícia, o que é importante de se ressaltar, traz três megacorporações da época: a Compagnie Royale, francesa; a Dutch Merchant Company, holandesa; e a British Trade Alliance, com os temidos britânicos. Além disso, temos facções locais, como os Ungwana, o Clã de Fara, o Domíno de Rempah e o Povo do Mar, cada um com características bem específicas. Cada uma das embarcações das megacorporações e das facções reagem de diferentes maneiras quando nos aproximamos, e isso nos faz ter todo um cuidado ao navegar pelos mares de Skull and Bones. Por vezes, teremos de lutar, sendo essa a “graça do jogo”.
A ambientação de Skull and Bones é muito simplória. A temática poderia ser mais aprofundada, mas acaba sendo bem superficial. Se ela ao menos conseguisse nos prender, dando algum sentido às atitudes, seria bem bacana. Mas infelizmente, senti que a história é bem desconexa. Além disso, o jogo acaba derrapando em outras coisas, como a jogabilidade, que deveria ser uma das prioridades das Ubisoft. Portanto, se você esperou entrar em um Assassin’s Creed pirata, tire seu cavalinho da chuva, pois estamos bem longe disso…
Navegar é preciso, mas…
Falando sobre a jogabilidade, ela acaba sendo a primeira grande frustração em Skull and Bones. Sinceramente… o que a Ubisoft tinha na cabeça de lançar um jogo desses após anos de espera? Sério, era para ser algo muito mais bem feito, convenhamos. Apesar de apresentar visuais deslumbrantes, com um nível de detalhamento bem interessante, sobretudo da movimentação do oceano e de cada parte dos navios, que foram muito bem projetados, a experiência acaba ficando repetitiva de maneira muito rápida.
Por exemplo, as batalhas navais, parte principal do game, embora inicialmente interessantes, vão perdendo aos poucos a emoção. Isso vai ficando cada vez mais nítido, pois não há muita variedade ou táticas. Você pode, no máximo, equipar o navio com armas diferentes e escolher tipos de embarcação diferente, focadas em DPS, tank ou suporte, tal como em outros jogos multiplayer. Fora isso, o resto é mais estético. Há uma boa variedade de embarcações e apetrechos para elas, bem como roupas para nosso avatar, mas nada disso traz muita diferença no resultado final, só estilo mesmo. De resto, o game traz as mesmas características de um RPG, onde os personagens são os barcos.
Já as missões seguem um padrão meio previsível, que pouco faz para incentivar a exploração ou o engajamento estratégico, tornando a experiência tediosa depois de algumas horas de jogo. A ideia de criar as missões principais e as paralelas até é interessante, mas a variedade de ações é muito limitada. Pior ainda é ter a experiência de descer do navio e andar com o avatar. A jogabilidade é meio tosca, parecendo mal-acabada. Não há fluidez nos movimentos. E essa função serve apenas para conhecer as cidades e saquear alguns lugares. Não temos lutas corpo-a-corpo, o que é uma pena.
Desta forma, podemos dizer que Skull and Bones falhou no quesito jogabilidade. Não que seja o pior jogo do mundo, não mesmo. Porém, tinha tudo para ser um bom título, nos trazendo grandes aventuras e muita diversão. Eu até gosto de navegar e sair explorando os cenários, mas a experiência de se guiar o navio sem muito rumo acaba ficando chata, sobretudo quando chegamos em lugares de níveis mais altos. Ou seja, precisamos passar por cada parte da história de maneira gradativa para ir evoluindo, e ganhando Infâmia, a medida de progressão do game. Para subirmos de nível, precisamos afundar navios, saquear coisas e fazer missões. E nisso o jogo também não traz nada de novo…
O Oceano Índico é bem bonito, isso é fato
Se a jogabilidade não entrega o que deveria, já não posso dizer muito sobre os gráficos. Skull and Bones é um jogo bonito e bem ambientado. Poderia ser melhor? Sem dúvidas. A navegação é interessante, a movimentação do mar varia conforme o clima e outros aspectos, e tudo é bem bonito. Bem, com exceção do design dos personagens, que deixam um pouco a desejar. Fora isso, o jogo é bem bonito e a física dele é interessante. Um destaque especial que percebi ao longo da jogatina foi a beleza das embarcações e a variedade de itens estéticos para elas. Isso dá um toque de customização interessante. No entanto, sem uma boa jogabilidade, parece que isso tudo acaba não servindo tanto.
Gostei bastante da parte visual de Skull and Bones, mas ainda acho que o design dos personagens poderia ser muito melhor. Faltou um pouco de polidez nesse detalhe, é fato. Além disso, vale ressaltar outro ponto positivo no game, que é a localização total para o português brasileiro, que conta com uma dublagem bacana. Particularmente, acho que sempre que as empresas tomam esse cuidado com nosso público, isso merece ser ressaltado. E a Ubisoft acertou nisso.
Vale a pena jogar Skull and Bones?
Sinceramente, Skull and Bones acabou realmente sendo um jogo problemático, como todos os jogadores e jogadoras já vinham prevendo. A parte do game ser totalmente multiplayer, por exemplo, que poderia dar um gás na experiência, segue mantendo toda a fórmula repetitiva de outros RPGs, não trazendo nada de inédito, a não ser a temática da pirataria, que é bem interessante e poderia ser muito melhor explorada. E olha, a Ubisoft sabe fazer um pano de fundo bom para seus jogos. No entanto, aqui, a empresa deu um baita mole. Fora isso, temos que customizar o navio e ir subindo de nível. E é isso.
Mesmo com seus gráficos bacanas, mas que ainda apresentam algumas falhas, Skull and Bones acabou deixando muito a desejar. Mesmo tendo acompanhado muito pouco sobre o jogo e não criando nenhuma expectativa, fiquei frustrado com o que vi. Não é o pior jogo do mundo, de forma alguma, até diverte durante um tempo limitado, mas ao observar todo o conjunto, os quase seis anos de seu anúncio e incontáveis adiamentos, era de se esperar muito mais. A jogabilidade poderia ser mais bem refinada, a história poderia ser mais profunda e cativante e o jogo também poderia explorar um pouco mais a experiência fora do navio.
Em resumo, Skull and Bones acaba sendo uma aventura marítima que falhou bastante em capturar a essência da pirataria, deixando os jogadores à deriva em um vasto oceano de potencial não realizado, mesmo após tantos adiamentos. Desta forma, aconselho aos interessados em buscar uma verdadeira experiência de pirataria, que procurem isso em outros ventos.
*Review elaborada em um PC, equipado com uma GeForte RTX, com código fornecido pela Ubisoft.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Álvaro Saluan, Pizza Fria
Atualizado em 18 Fev 2024.