Sons of Valhalla é um jogo de combate, misturado com construção de bases e elementos bem leves de roguelite, desenvolvido pela Pixel Chest e publicado pela Hooded Horse. Nele, somos convidados a seguir a dura jornada de um viking que parte para Inglaterra em busca de sua esposa sequestrada. No caminho, aproveita para deitar todos que tiverem algo a ver com o ocorrido e dar uma saqueada de leve. Clássico.
E aí, será que compensa embarcar nessa? É o que veremos agora, em mais uma análise caprichada do Pizza Fria!
Para Valhalla, uma tábua de cada vez
Vikings, leitores e leitoras, são quase que uma certeza na vida de qualquer ser humano que esteja ligado no entretenimento hoje em dia. Ou antigamente, se for parar para pensar. Jogos com barbudos carecas e seus filhos emocionados, séries contando sobre os saques ingleses e conversões ou contos de heróis e heroínas usando machados enormes para assassinar seus inimigos de maneira silenciosa. Enfim, o conceito está em alta.
Talvez por isso eu não tenha me surpreendido tanto, então, em ver uma valquíria batendo em minha porta com um pequeno pergaminho escrito Sons of Valhalla. Mal pude perguntar do que se tratava antes de ver a tal guerreira sair voando para os céus. Que deselegante! Após me perguntar se estou vendo coisas novamente, decidi colocar o tal nome na Steam para ver no que dava.
E o que deu, caros guerreiros e guerreiras do clã da Pizza, foi um jogo com uma proposta bem intrigante. O título nos promete uma experiência de construção de bases aliada à um combate em duas dimensões bem frenético, no qual precisaremos saber quais táticas usar para sair por cima. A promessa de que o herói não poderia ser um exército de um homem só foi a cereja no bolo, suficiente para me deixar interessado. Mas, será que foi um bom bolo e uma excelente cereja? Vejamos.
História
A trama de Sons of Valhalla gira em torno de Thorald Olavson, um corajoso viking que teve o desprazer de ver sua esposa raptada por um jarl rival e levada para as distantes terras da Inglaterra. Ah, e o sacana ainda teve a pachorra de atear fogo na casa de nosso chegado. Que absurdo! Para salvar sua amada e se vingar, nosso herói pula em um barco e ruma em direção ao velho continente.
Contudo, imprevistos e tempestades terminam por fazer seu navio afundar. O que poderia ser um fim miserável para uma aventura acaba sendo uma chance para Odin resgatar nosso garoto e dar a ele poderes que o dão uma vantagem muito necessária, principalmente levando em conta que sua jornada o deixará em conflito direto com poderes muito maiores do que ele poderia imaginar.
Em verdade, a trama de Sons of Valhalla é utilizada mais como um pequeno motivador, e justificativa para a temática nórdica, do que qualquer outra coisa. Esse lance de conjugues raptados é mais velho que andar para frente, e não é explorado de uma forma inovadora ou especialmente aprofundada. Mas, ao menos serve para contextualizar a pancadaria e explicar nossos poderes e porque podemos voltar da morte.
Jogabilidade
A jogabilidade de Sons of Valhalla já é bem mais elaborada. Como falei acima, o jogo mistura elementos de construção de bases e gerenciamento de recursos com um combate em 2D com leves, leves, leves elementos de roguelike. Deste último, o ponto mais impactante é que as runas (que concedem poderes) que encontramos são aleatórias e sempre que morremos precisamos sacrificar uma para voltar ao combate.
Uma fase do jogo começa mais ou menos assim. Começamos em uma ponta do cenário, uma linha reta composta por pontos avançados e bases que podemos dominar, e devemos chegar até a outra extremidade para enfrentar o chefão. No caminho, vamos destruindo e capturando tudo no caminho para deixar nossas bases o mais para frente possível. Nelas, podemos fazer construções para treinar unidades (distância, corpo a corpo, cura e cerco), gerar comida, madeira e dinheiro. Nos postos avançados, podemos contratar um mercenário e nos curar.
Os elementos de construção de base se limitam, na maior parte, a construir. Conforme melhoramos o prédio central de uma base, podemos subir coisas como quartéis para soldados, ferreiros, fábricas de aríetes e catapultas, e por aí vai. Conforme avançamos na história, novas possibilidades se abrem permitindo que melhoremos tanto nosso boneco quanto nossos soldados. Ainda, mais bases significam mais limite para treinarmos nossas tropas.
Ainda que a ideia seja maneira, e dê um diferencial legal ao jogo, Sons of Valhalla explora o conceito de base building de uma forma bem superficial. Em termos gerais, precisamos apenas de dois recursos, que se enchem bem rápido, e dinheiro pode ser facilmente obtido enfrentando inimigos pelo caminho. Ainda que tenha me agradado, fiquei com um gostinho de quero mais.
Do outro lado, temos o combate. Sons of Valhalla conta com um plano 2D no qual enfrentamos inimigos através do uso de golpes fracos e fortes, ataques a distância com flechas, lanças e bombas, além de melhorias conferidas por runas que caem de inimigos derrotados. Elas geralmente dão uma melhorada em nossas unidades, nosso herói (mais vida, dano, munição de armas à distância e por aí vai) e nossas construções. Saber quais manter e quais deixar para lá é essencial.
Enquanto avançamos pelo solo inglês, vamos enfrentando inimigos que possuem tropas mais ou menos iguais a nossa. Ainda que Thorald seja um guerreiro feroz, geralmente é uma má ideia avançar sozinho. Para isso, podemos comandar nossas unidades para nos seguir, e saber quando mandar atacar, recuar ou defender é essencial. Além disso, é preciso saber quando proteger uma arma de cerco para derrubar as paredes mais fortes de uma base inimiga.
Tal como falei acima, essa face de Sons of Valhalla é bonita, mas simplória. Todas as mecânicas estão ali, e o jogo faz um trabalho louvável com o que dispõe. Contudo, ainda que tenha me prendido e divertido, fiquei imaginando que uma profundidade maior poderia ter levado a experiência para níveis ainda maiores do que os alcançados aqui.
Sons e Visuais
Um ponto que Sons of Valhalla acertou em cheio foram seus visuais. Além de possuir um visual bem consoante com o que temos por viking, embora eu não faça a mínima ideia se é coerente do ponto de vista histórico ou não, o título se apresenta com um gráfico pixelizado bem bonito de ver, com cores vibrantes e modelos bem desenhados. Além disso, colocaram até reflexos na água! Isso é um bom sinal de cuidado.
A parte sonora é bem legal, ainda que as vozes sejam bem aquém do desejado. Contudo, as músicas me agradaram bastante, fazendo um bom trabalho entre contrastar os momentos de construção da base, de mais tranquilidade, e as horas mais tensas da pancadaria honesta entre nórdicos e ingleses.
Vale a pena comprar Sons of Valhalla?
É tempo, queridos e queridas. Será que Sons of Valhalla vale a pena? Oh céus, a dura missão de dar notas exatas para conceitos tão abstratos quanto bom e ruim, legal ou não. Bom, que seja, vamos lembrar do que falamos até aqui. Do ponto de vista positivo, cito que o título tem uma premissa legal, conseguindo unir de uma maneira bem satisfatória a parte de construção de base e combate.
A jogabilidade é boa, temos uma quantidade legal de unidades para controlar e o sistema de runas dá um espaço para customizarmos a estratégia. Ah, e o modo horda é uma boa para quando terminarmos a campanha. E lembrem-se dos gráficos chiques. Contudo, não posso deixar de ficar com uma impressão de que tudo poderia ter sido mais, não saindo do perfeitamente aceitável. Isso não invalida a experiência, de forma alguma. Mas, nos faz pensar.
De todo modo, Sons of Valhalla me agradou bastante. Achei a proposta interessante e inteligente, mesmo que tenha deixado algumas coisas menos redondinhas do que acredito que poderiam ser. De fato, imagino que uma continuação futura, expandindo tudo isso, pode ficar ainda mais agradável. De toda forma, ainda acredito que Sons of Valhalla entregue uma boa experiência, valendo a recomendação.
Sons of Valhalla será lançado para PC, via Steam, GOG.com e Epic Games Store, no dia 5 de abril, com localização em português do Brasil.
*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela Hooded Horse.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Matheus Jenevain, Pizza Fria
Atualizado em 1 Abr 2024.