Yars Rising é um metroidvania em duas dimensões, ao bom e velho estilo clássico, desenvolvido pela WayForward e publicado pela Atari. Nele, acompanhamos o pior dia de trabalho de uma hacker chamada Emi, que descobre da pior maneira possível que as coisas que estão ruins sempre podem ficar piores. A história de nossas vidas, não é mesmo?
Mas e aí, será que esse babado vale o preço da admissão? É o que veremos agora, em mais uma adorável review do Pizza Fria!
De volta com graça e estilo
Estou sentindo, leitores e leitoras. Aquela velha sensação premonitória, aquela conhecida dor nas juntas que antecede um acontecimento conhecido e, quase sempre, agradável. Isso só pode dizer duas coisas. Primeiro, que temos um novo metroidvania surgindo do nether para nos agraciar. Segundo, que nossos senhores insetos da terceira dimensão estão vindo, finalmente, reivindicar seu lugar de direito como reis de nosso planeta. Qual será, imagino?
Bem, não foi dessa vez meus amigos artrópodes e similares. O que recebemos hoje, felizmente, foi mais um joguenho para nossa diversão e análise cheia de alegria e samba no pé. E que curioso, devo dizer. Yars Rising, o dito cujo, chega como uma reimaginação de um clássico da Atari de nome Yars Revenge, lançado na longínqua era conhecida como… 1982. Guardem esse nome, será importante para frente.
Mas, longe do título de hoje almejar apenas recriar um dinossauro da velha guarda com visuais modernos. Na verdade, a proposta aqui é entregar algo completamente novo que, ao mesmo tempo que reinventa a marca, faz menção e honra suas raízes. Uma empreitada digna, sejamos justos. Mas, será que vai ser algo além das boas intenções? Bom, senão vejamos agora.
História
Yars Rising nos coloca no controle da carismática e atrapalhada Emi Kimura, apelido Yar, uma hacker com uma missão importante: hackear (acreditem se quiser) os servidores centrais de uma corporação maléfica conhecida como QoTec. Arrumar um trampo, entrar, hackear, sair, receber a grana. Simples e direto, não é mesmo? Bem, infelizmente não é assim que a banda toca nesse tipo de universo.
Esse trabalho acabará levando nossa amiga para lugares que ela jamais imaginou, além de a colocar em roubadas de outro mundo. Mas, ao menos, ela terá a possibilidade de conhecer todo tipo de gente e, de quebra, ganhar uns poderes bem legais. A trama não tenta sair dos conformes esperados de títulos do gênero com a mesma premissa, mas entrega uma narrativa legal de acompanhar, sem muita inventação de moda.
De fato, Yars Rising apresenta muito do DNA e do humor característico dos jogos da WayForward, principalmente de minha amada River City Girls. Por isso, esperem muitas piadas, memes e cenas apresentadas em um estilo de quadrinhos que são muito legais de acompanhar. As sacadas cômicas nem sempre acertam em cheio, mas isso é algo fácil de se relevar quando vemos a obra como um todo.
Gameplay
Em sua forma mais básica, Yars Rising se apresenta como um metroidvania raiz. Emi começa sem conseguir fazer quase nada, passando aperto para lutar com a maioria dos robôs que patrulham os escritórios da QoTech e sendo barrada de entrar na maioria dos lugares. Sejam barreiras de metal ou moléculas estranhas, nossa camarada não consegue ir em muitos lugares. Contudo, isso vai mudando conforme conseguimos novos poderes e habilidades.
Enquanto somos fraquinhos, Yars Rising nos fornece a opção de utilizar uma maneira rudimentar de stealth para nos esgueirar pelos cenários e nos esconder de alguns inimigos mais casca grossa. Isso é bem simples, se resumindo a andar de fininho e esconder em alguns vãos nas paredes, mas é uma mecânica legal utilizada de maneira esporádica, sem cansar demais.
Em se tratando de habilidades, Yars Rising nos fornece uma série de velhos conhecidos do gênero. Emi aprende a dar saltos em paredes, andar sobre e dentro da água, voar para cima (no lugar do pulo duplo), e muito mais. No lado ofensivo, temos alguns golpes envolvendo projéteis e mísseis para usar. Admito que esse lado me deixou um pouco decepcionado, e um arsenal mais diverso teria caído muito bem para diminuir a mesmice que aflige o combate em alguns momentos.
Contudo, o game entrega bastante nesse lado mais vania da coisa. Os mapas são legais de explorar, os controles são precisos e sempre ficamos com aquela vontade de encontrar os segredos e melhorias que estão por trás de cada parede. E isso compensa, pois esses upgrades facilitam muito nossa vida. E podemos equipá-los através de uma tela que simula pecinhas de Tetris ! Que charme.
Agora, devo tirar o chapéu para a maneira que Yars Rising incorpora o clássico de 82 em sua jogabilidade. Como manda a profissão, Emi pracisa hackear vários consoles durante sua jornada, tanto para abrir portas quanto para conseguir seus poderes. Isso é feito através de uma simulação, muito bem feita por sinal, do jogo original.
Nele, controlamos uma nave que precisa se esquivar de tiros e mísseis enquanto posiciona um laser que deve ser atirado para destruir um alvo qualquer. É um joguinho bem divertido, e a possibilidade de tornar nossa navinha indestrutível impede que ele se torne frustrante caso não dominemos bem o esquema. Eu achei uma adição sensacional, e ajuda a manter o gameplay variado.
Em suma, Yars Rising entrega uma jogabilidade bem interessante, de modo que fã algum poderá colocar defeito. Apesar dos pesares notados, o jogo se comporta muito bem, tanto nos controles quanto no desafio que fornece, além de nos colocar em mapas com segredos que recompensam bem o jogador que volta até as áreas iniciais com novos poderes liberados. Fica a dica, queridos e queridas!
Sons e visuais
Yars Rising apresenta visuais muito bonitos e coloridos, com modelos bem feitos e animados com perfeição. Eu achei todo o visual da coisa apaixonante, principalmente por sua estética neon e meio futurista. Alguns ambientes que passamos, principalmente aqueles que não ficam tão para dentro dos escritórios da QoTech, são de se suspirar. Pontos extras para as cenas em quadrinhos, muito bem desenhadas e apresentadas. Uma pena que o título não conta com qualquer localização em português do Brasil, afastando quem não domina um dos seis idiomas presentes no game.
A trilha sonora, entretanto, é a maior vencedora aqui. Tal como na série River City Girls, o jogo conta com canções, cantadas e instrumentais, maravilhosas. E que, devo dizer, nunca me soaram exageradas nem ficaram enjoativas. De fato, devo dizer que até consideraria colocar algumas delas para tocar enquanto faço minhas coisinhas durante o dia. Excepcional.
Vale a pena comprar Yars Rising?
É isso aí, gente bonita e maravilhosa que nos acompanha. Será que Yars Rising vale a pena? Será que foi apenas um delírio de verão, ou o título realmente conseguiu ser um bom revival de um jogo tão antigo e adorado? Bom, hora de revisarmos nossas anotações para tentar chegar em uma conclusão minimamente aceitável. Vamos lá.
De positivo, temos um metroidvania competente, com mecânicas divertidas, um mapa bom de explorar e controles responsivos que tornam tanto o combate quanto a plataforma fáceis de lidar. Fora isso, o título honra seu predecessor e apresenta um audiovisual lindo de ver. De negativo, cito apenas que gostaria de mais opções de ataques e que o humor erra a mão em certos momentos.
Mas, ao fim e ao cabo, Yars Rising é um jogaço. Inclusive, foi uma das minhas surpresas mais agradáveis do ano, pois realmente nem esperava algo nesse sentido. O jogo é divertido de jogar, lindo de ver e, sem dúvida, irá acertar em cheio nos fãs do gênero. Se você curte um vania, pode ir sem medo de ser feliz. Não irá se arrepender. Yars Rising chega hoje para PC, via Steam e Epic Games Store, Nintendo Switch, PlayStation 4, PlayStation 5, e Xbox Series X|S.
*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Atari.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Matheus Jenevain, Pizza Fria
Atualizado em 9 Set 2024.