Muitos jornalistas se aventuram para além das páginas dos jornais e revistas. Com a vontade de contar histórias sem o limite de espaço, foi criado o gênero livro-reportagem, em que os escritores vão a fundo na investigação, de modo a misturar jornalismo e literatura. O gênero possui grandes autores renomados como Gay Talese e Truman Capote, bem como incríveis obras brasileiras.
Pensando nisso, o Guia da Semana listou 10 livro-reportagens que você precisa conhecer. Confira:
"O VOYEUR", GAY TALESE
Gay Talese é um dos nomes mais importantes do jornalismo literário, e seu último livro, “O Voyer”, demorou 35 anos para ser publicado. Após receber uma carta anônima, Talese segue a trilha do homem que construiu uma plataforma de observação da vida sexual dos hóspedes de seu motel. Assim, o jornalista analisa o diário do proprietários, suas obsessões e faz análises sobre a sociedade americana.
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"PRESOS QUE MENSTRUAM", NANA QUEIROZ
Nesta obra, lançada em 2015, a jornalista Nana Queiroz retrata o cotidiano das mulheres em presídios brasileiros que são tratadas como homens. Ela dá voz a essas mulheres e suas famílias, contando episódios sobre o que as levou ao cárcere e o dia a dia na prisão. Um livro obrigatório para a discussão sobre o sistema carcerário brasileiro e, principalmente, que não é possível falar de sua miséria sem debater sobre sua porção invisível.
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"TODO DIA A MESMA NOITE – A HISTÓRIA NÃO CONTADA DA BOATE KISS", DANIELA ARBEX
Daniela Arbex retrata em “Todo dia a mesma noite”, publicado em 2018, o incêndio na Boate Kiss, na cidade de Santa Maria, em 2013. A tragédia deixou 242 mortos e espantou o Brasil. Daniela entrevistou familiares das vítimas, sobreviventes, equipes de resgate e profissionais da área da saúde para entender o que realmente aconteceu naquela noite e compreender a dimensão da tragédia.
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"HIROSHIMA", JOHN HERSEY
“Hiroshima de John Hersey” inicialmente foi publicado em 1946 como artigo na revista “The New Yorker”, em que ocupou a edição inteira. Depois, a trama foi transformada em livro. A obra conta a história de seis sobreviventes dos bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki, no Japão. A reportagem reconstitui o dia da explosão para as vítimas e retrata como o evento transformou suas vidas.
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"ROTA 66 – A HISTÓRIA DA POLÍCIA QUE MATA", CACO BARCELLOS
"Rota 66" é o livro do famoso jornalista brasileiro Caco Bracellos. Publicada em 1992, a obra conta a história da morte de um grupo de jovens da classe média paulistana por uma ação de uma unidade das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), unidade especializada da Polícia Militar do Estado de São Paulo. A partir desta investigação, o jornalista descobre sobre outros assassinatos realizados pela polícia sem explicação. Trata-se de uma grande obra do jornalismo brasileiro, que inclusive ganhou prêmio Jabuti de 1993.
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"HOLOCAUSTO BRASILEIRO", DANIELA ARBEX
Publicada em 2013, a obra de Daniela Arbex fez um retrato vívido do cotidiano do Hospital Colônia de Barbacena, um hospital psiquiátrico que abusava e maltratava seus pacientes. Ela ouviu funcionários e pessoas ligadas diretamente ao dia-a-dia do funcionamento do local. A organização assassinou 60 mil pessoas e chegou a arrecadar pelo menos 600 mil reais com a venda de corpos. A obra ainda traz documentos e fotos importantes que denunciam a organização.
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A MENINA QUEBRADA, ELIANE BRUM
Eliane Brum é uma autora e jornalista brasileira muito consagrada por suas incríveis reportagens e livros. “A menina quebrada” reúne colunas da jornalista publicadas na Revista Época. Os textos retratam diversos temas, desde a devastação na Amazônia até às relações familiares. Eliane é conhecida por sua profundidade em discussões delicadas, bem como por sua seriedade em tratar cada tema. É um ótimo livro para conhecer a obra desta grande jornalista brasileira.
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"ESTAÇÃO CARANDIRU", DRAUZIO VARELLA
“Estação Carandiru” é o livro-reportagem do famoso médico oncologista Drauzio Varella. Publicado em 1999, o livro conta a história do período em que Drauzio foi médico voluntário na Casa de Detenção de São Paulo, em que realizava atendimento médico e atendimento preventivo à AIDS. Ele termina o livro contando sobre o massacre de 1992, em que mais de 205 presos foram mortos. A obra foi um sucesso de venda, recebeu o prêmio Jabuti 2000 de ‘Livro do Ano de não ficção’ e recebeu uma adaptação ao cinema, chamada “Carandiru”.
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VOZES DE TCHERNÓBIL, SVETLANA ALEKSIEVITCH
Svetlana Aleksievitch é uma jornalista bielorrussa e neste livro, “Vozes de Tchernóbil”, ela dá voz às vítimas do maior desastre nuclear ocorrido em 1986, na Ucrânia. Para além do jornalismo clássico, ela mistura elementos da literatura e traz depoimentos em primeira pessoa das vítimas que sofreram com os efeitos que a radiação trouxe em seus corpos. É uma grande jornalista, que inclusive recebeu o ‘Prêmio Nobel de Literatura’ em 2015 por sua vasta contribuição em obras incríveis.
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A SANGUE FRIO, TRUMAN CAPOTE
“A Sangue Frio” é uma das obras mais consagradas do jornalismo literário e, por consequência, dos livros-reportagem. Escrita por Truman Capote em 1965, a obra investiga o assassinato de uma família na cidade de Holcomb, localizada no interior do estado do Kansas, nos Estados Unidos. Ele entrevistou familiares das vítimas e dos assassinos, recolheu documentos oficiais, leu cartas e diários, observou e assistiu ao enforcamento dos criminosos. É uma obra essencial para o jornalismo e impressionante para qualquer leitor.
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E aí, qual destes livros você vai ler primeiro?
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Por Lidia Capitani
Atualizado em 14 Jun 2021.