Para quem não conhece, o Prêmio Jabuti é a mais importante e tradicional premiação literária. Criado em 1959, aprimorou-se com o passar dos anos e hoje, além de valorizar escritores, destaca a qualidade do trabalho de todas as áreas envolvidas na criação e produção de um livro.
Assim, receber o Jabuti é um desejo acalentado por todos aqueles que têm o livro como seu ideal de vida e representa dar à obra vencedora o lastro da comunidade intelectual brasileira. Para nós, leitores, um motivo a mais para querer ler.
Pensando nisso, o Guia da Semana lista 10 vencedores entre as categorias romance, contos e infantil que você precisa ler. Confira:
LEITE DERRAMADO
Um homem muito velho está num leito de hospital. Membro de uma tradicional família brasileira, ele desfia, num monólogo dirigido à filha, às enfermeiras e a quem quiser ouvir, a história de sua linhagem desde os ancestrais portugueses, passando por um barão do Império, um senador da Primeira República, até o tataraneto, garotão do Rio de Janeiro atual. Uma saga familiar caracterizada pela decadência social e econômica, tendo como pano de fundo a história do Brasil dos últimos dois séculos. A imagem de capa do livro foi desenvolvida em duas versões - nas cores branca e laranja.
O TEMPO E O CÃO
Escrito a partir de experiências e reflexões sobre o contato com pacientes depressivos, o livro aborda um tema que, apesar de muito comentado, é pouco compreendido. Para abordá-lo, Maria Rita faz um apanhado do lugar simbólico ocupado desde a Antiguidade clássica até meados do século XX, quando Freud trouxe esse significante do campo das representações estéticas para o da clínica psicanalítica. O livro toca também na relação subjetiva dos depressivos com o tempo, chamado pela autora de temporalidade. Para a construção deste pensamento, são utilizados conceitos dos filósofos Henry Bergson e Walter Benjamin, ambos dedicados à reflexão sobre essa questão.
EM ALGUMA PARTE ALGUMA
"Em alguma parte alguma", Ferreira Gullar apresenta em suas poesias uma reflexão poética sobre a existência.
1822
Esta obra apresenta 22 capítulos intercalados por ilustrações de fatos e personagens da época da independência. Resultado de três anos de pesquisas, a obra cobre um período de quatorze anos, entre 1821, data do retorno da corte portuguesa de D. João VI a Lisboa, e 1834, ano da morte do imperador D. Pedro I. O livro procura explicar como o Brasil conseguiu manter a integridade do seu território e se firmar como nação independente em 1822.
BREVE HISTÓRIA DE UM PEQUENO AMOR
Uma escritora encontra um ninho com dois filhotes de pombo. Por meio de uma prosa poética, o leitor compartilha as hesitações e os sucessos de uma história de crescimento e desenvolvimento. Como o próprio nome da obra diz, esta é uma história de amor, mas também de ciúme, aflição, paciência, saudade, preocupação, orgulho.
MANUAL DA PAIXÃO SOLITÁRIA
Num congresso de estudos bíblicos, um famoso professor e sua rival evocam, em momentos diferentes, duas figuras singulares: o jovem Shelá e a mulher por quem ele está apaixonado, Tamar. Os dois vão narrar, de pontos de vista distintos, uma intriga passional que mostra quatro homens e uma mulher às voltas com costumes ancestrais que até os dias contemporâneos governam boa parte da população do mundo e que são fonte de conflitos e tragédias. O primeiro filho de Judá, Er, casa-se com Tamar. Como não a engravida, é castigado por Deus com a morte. De acordo com a tradição, compete ao segundo filho, Onan, assumir o papel do falecido. Onan se recusa a cumprir sua missão por considerá-la humilhante, optando por derramar seu sêmen sobre a terra para que a esposa não conceba herdeiros e Deus também o pune com a morte. Resta Shelá, que o pai não quer entregar a Tamar por temer que o rapaz tenha o mesmo destino dos irmãos. Desqualificada e privada de filhos, Tamar recorre a um ardil que se tornaria lendário e é recontado nesta obra.
CORAÇÕES SUJOS
Neste livro, Fernando Morais busca reconstituir a aventura da Shindô Remmei ou 'Liga do Caminho dos Súditos', que nasceu em São Paulo após o fim da Segunda Guerra, em 1945. Para seus seguidores, a notícia da rendição japonesa não passava de uma fraude aliada. Em poucos meses, a colônia nipônica estava dividida. De um lado ficavam os katigumi, os 'vitoristas' da Shindô Remmei. Do outro, os makegumi, ou 'derrotistas', apelidados de 'corações sujos' pelos militantes da seita.
ABUSADO
'Abusado', livro-reportagem de Caco Barcellos, é uma lição sobre a lógica, os meandros e o 'modus operandi' das corporações criminosas que comandam o tráfico de drogas e outras atividades criminosas no Estado. Através da história de Juliano VP - sua infância, adolescência, entrada e ascensão no tráfico de drogas na favela Santa Marta (em Botafogo, bairro de classe média) -, temos um retrato da ocupação do morro pelo Comando Vermelho e da implantação de sua disciplina. Mas não é apenas um livro sobre a história do tráfico. Juliano é um personagem fascinante, um criminoso com refinado gosto literário, preocupado com o destino da comunidade favelada do Rio de Janeiro e cujos contatos iam dos violentos chefes do CV até importantes intelectuais cariocas.
CINZAS DO NORTE
O livro é o relato de uma longa revolta e do esforço de compreendê-la. Na Manaus dos anos 50 e 60, dois meninos travam uma amizade que atravessará toda a vida. De um lado, Olavo, de apelido Lavo, o narrador, menino órfão, criado por dois tios mal-e-mal remediados, que cresce à sombra da família Mattoso; de outro, Raimundo Mattoso, ou Mundo, filho de Alícia, mãe jovem e mercurial, e do aristocrático Trajano. No centro das ambições de Trajano está a Vila Amazônia, palacete junto a Parintins, sede de uma plantação de juta e pesadelo máximo de Mundo. A fim de realizar suas inclinações artísticas, ou quem sabe para investigar suas angústias mais profundas, o jovem engalfinha-se numa luta contra o pai, a província, a moral dominante e, para culminar, os militares que tomam o poder em 1964 e dão início à vertiginosa destruição de Manaus. Nessa luta que se transforma em fuga rebelde, o rapaz amplia o universo romanesco, que alcança a Berlim e a Londres irrequietas da década de 1970, de onde manda sinais de vida para o amigo Lavo, agora advogado, mas ainda preso à cidade natal.
A MOCINHA DO MERCADO CENTRAL
Maria Campos. Este era o nome completo da mocinha do interior de Minas Gerais. Pouco, pensava ela. Principalmente se comparado ao da amiga Valentina Vitória Mendes Teixeira Couto. Faltava-lhe o sobrenome do pai, já que fora concebida em uma circunstância trágica. Mas, o que pode representar de fato um nome? Valentina, a quem Maria no princípio achara meio enxerida, e que acabou por se tornar uma grande amiga, sabia de cor o significado de todos eles. Da situação adversa, Maria tirou a ideia que a colocaria em uma sequência de aventuras e adotaria em cada lugar por onde passasse uma personalidade que correspondesse ao sentido de um nome escolhido.
Por Nathália Tourais
Atualizado em 26 Ago 2015.