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Como moradora da zona norte desde pequena, sempre senti dificuldade para chegar até uma biblioteca. Não que na região elas inexistam, sei de uma em Santana e de outra no Mandaqui, devem ter outras mais distantes da minha casa e tal, mas é que nada se compara a dimensão da recém-inaugurada Biblioteca de São Paulo, no Parque da Juventude.
O parque, que fica onde antes funcionava a Casa de Detenção Carandiru - aquele presídio que ganhou as páginas de um livro e depois virou filme por causa de um massacre em 1992 - tem também uma Escola Técnica Estadual (Etec), além de uma ampla área de lazer. Um lugar que um dia foi palco de tristeza e de injustiças sociais hoje tem como missão transformar uma das feridas paulistana em alegria e conhecimento.
Aberta ao público em 9 de fevereiro, a Biblioteca de São Paulo é administrada pela Poiesis, responsável pela Casa das Rosas e pelo Museu da Língua Portuguesa e quer ser uma central para as 961 unidades espalhadas por todo o estado, facilitando o intercâmbio de obras literárias, por exemplo.
A aposta em um visual comum às grandes livrarias serve para chamar a atenção tanto do público aficionado por livros quanto por aqueles que ainda não os descobriram e vai desde a fachada, um toldo em forma de vela de barco, até os pufes coloridos dispersos na parte interna, que ocupa 4,2 metros quadrados. Eles servem de estímulo para que os leitores peguem um livro, indicado por bibliotecários treinados conforme vendedores de megastores, e se acomodem para lê-lo. Ou seja, ao indicar uma obra eles usam argumentos parecidos com o de uma venda para causar no freqüentador, a vontade de ler.
Outra característica emprestada das livrarias é a apresentação dos livros. Os tais best-sellers (mais vendidos ou recomendados) têm destaque nas estantes. Nada que minimize a participação dos clássicos na vida do leitor algo que, a princípio, me deixou preocupada. Afinal, clássicos são assim denominados porque, de certa forma, ajudam a formar cabeças pensantes. Só que para incentivar alguém a ler, é necessário um começo e, talvez, a saída seja aproximando de livros comerciais. O que não vale é esquecer de mencionar outros tipos de texto. E a função de uma biblioteca, por mais moderna que seja, é justamente a de tornar possível o encontro de textos consagrados ao maior número de pessoas.
Ao seguir o exemplo de Chile e Colômbia, que apostaram na parceira entre o setor público e o privado, São Paulo também espera transformar socialmente a relação que se tem com os livros. Na versão paulistana, os frequentadores encontram um acervo com 30 mil obras literárias, 4 mil CDs e DVDs para empréstimo. Importante destacar que mais de mil livros em formato de audiolivro ou braile estão disponíveis para leitores, assim como folheadores automáticos, instalados em mesas especiais, para deficientes físicos.
No calendário também constam apresentações musicais e contações de histórias para incentivar a visita do público de todas as idades. E claro que, na era da internet, computadores não ficaram de fora. Ao todo, são 80 máquinas e mais 7 Kindle (leitor de livros eletrônicos da Amazon).
A Biblioteca de São Paulo fica na Avenida Cruzeiro do Sul, 2.500, em Santana e funciona de terça a sexta, das 9h às 21h e aos sábados, domingos e feriados, das 9h às 19h. Vale lembrar que a entrada é grátis. Mais informações no blog da Biblioteca e no twitter: @SPBiblioteca.
Leia a coluna anterior de Mariana Lima Pereira:
Ao ar livre e com livros!
Quem é a colunista: Mariana Lima Pereira.
O que faz: Jornalista.
Pecado gastronômico: Brigadeiro.
Melhor lugar do mundo: Perto do mar.
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Atualizado em 6 Set 2011.