Guia da Semana

"O livro conta a história de uma ideia que eu tive nos fundos da casa da minha avó e como isso hoje movimenta milhares de reais. Tudo porque um dia eu quis gravar um vídeo para a internet". É assim que Felipe Neto resume um pouco da história de seu primeiro livro "Não Faz Sentido - Por Trás da Câmera".

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Lançado pela editora Casa da Palavra, o livro começa a ser vendido no dia 24 de Agosto, na Livraria Saraiva do Shopping Pátio Paulista, em São Paulo. Mas essa não é a única novidade nos trabalhos recentes de Felipe.

No começo do mês de agosto, a Parafernalha, produtora do vlogueiro, lançou a primeira série brasileira no Netflix. "A toca" traz esquetes de 30 minutos mostrando os bastidores de uma produtora de vídeos humorísticos

O Guia da Semana conversou com Felipe Neto, que falou sobre seu livro e parceria com a Netflix. Confira:

Sobre o lançamento do livro

“Eu decidi escrever esse livro dois anos atrás por dois motivos. Primeiro, que eu percebi que estavam acontecendo histórias nos bastidores que eu não podia contar publicamente ainda, mas que mereciam ser contadas.

Eu comecei criticando questões da mídia e do entretenimento brasileiro e de repente eu fui jogado pra dentro desse mundo e comecei a fazer parte dele.

Além de querer contar essas historias, eu acho que a gente está passando um momento de revolução do entretenimento no Brasil. A Internet está virando o veículo do novo entretenimento, principalmente para o público jovem.”

"COMECEI CRITICANDO QUESTÕES DA MÍDIA E DO ENTRETENIMENTO BRASILEIRO E DE REPENTE EU FUI JOGADO PRA DENTRO DESSE MUNDO."

Parafernalha na Netflix Brasil

"A gente recebeu algumas propostas para levar a Parafernalha para a TV fechada, mas percebemos que não era o nosso interesse. O Não faz Sentido ajudou a mudar o Youtube brasileiro, com muita gente produzindo conteúdo para a internet.

O mesmo aconteceu quando a Parafernalha surgiu. Ela mudou o Youtube de forma que outras produtores grandes começaram a produzir conteúdo e ganhar dinheiro com isso. Pesamos isso quando recebemos nossa proposta para a TV. Nosso interesse é inovar.

Quando recebemos a proposta da Netflix percebemos que íamos poder produzir um conteúdo de qualidade, sem limites, sem imposições e num novo formato em que a gente poderia abrir oportunidades para outras pessoas produzirem conteúdos para a Neflix no Brasil. Esse foi o maior atrativo para a gente.

Sobre a indústria do entretenimento brasileiro

"Se eu fosse dono de um canal de TV hoje eu tirava da tomada e botava de novo. Recomeçaria tudo de novo. Re-imaginaria a forma como se vê o público, como se vê o artista, o humor.

O entretenimento no Brasil precisa ser renovado e é isso que está acontecendo. Tanto que as emissoras estão chamando quem faz sucesso na internet para tentar renovar o conteúdo da própria televisão. Não conseguem porque esbarram nas próprias limitações, nas imposições de anunciantes, formatos ultrapassado e tentam jogar o artista ali naquele formato ultrapassado, e o artista não consegue criar em cima daquilo.

Eu acho que hoje em dia os artistas podem começar projetos por si só, sem depender de uma chance, sem ter de morrer fazendo teste pra ganhar uma oportunidade na TV. O cara tem chance de fazer sua própria arte e crescer através dela.

O Youtube brasileiro está cada vez mais rico. Você tem a Kefera, o Cauê Moura, Marcos Castro, Felipe Castanhari. É quase impossível lembrar sequer da metade dos canais bons que estão rolando.

É uma pena que as pessoas estão apenas começando a conhecer. Tem muito canal bom que não ganha atenção porque o público só conhece aqueles que saem na televisão. (...) Mas os canais de raiz continuam crescendo na internet sem nenhum apoio por trás e acredito que vão ganhar notoriedade e muita coisa boa vai surgir. Esse cenário muda o tempo inteiro.

O Felipe off line

“Eu sou um cara viciado em futebol então eu não perco um jogo do Botafogo, sob hipótese nenhuma. É difícil lidar comigo em relação ao futebol. Eu marco reuniões de trabalho em função do jogo, eu deixo de fazer viagem em função do jogo..

É uma rotina minha desde adolescente chegar em casa e ver um filme ou alguns episódios de um seriado que eu acompanho. Sento com minha mulher e ficamos assistindo coisas.

Não sou um cara de sair muito, sou extremamente caseiro. Chego a ser insuportável porque sou meio velho, não gosto de sair. Tenho dificuldade de lidar com algumas pessoas por causa disso. “

Planos para o futuro

"Hoje eu estou muito mais preocupado com o cenário do entretimento do Brasil e como alavancar conteúdos na internet. Estou voltado pra isso muito mais no lado empresarial do que como produtor de conteúdo."

Eu não sei como gostaria de me ver nos próximos anos, mas sei que gostaria de ver o cenário do entretenimento mudado. De ver inúmeros canais com muita audiência no Youtube brasileiro, das pessoas perceberem que a internet é futuro para o modelo e paras os artistas.

Eu gostaria de ver um cenário onde cada vez mais nós tenhamos bons anunciantes, bons produtores de conteúdo e bastante gente podendo viver disso. Eu estou trabalhando tudo que posso para tornar isso possível. Esse é meu objetivo pessoal. Se conseguir ajudar para que isso aconteça, vou ficar feliz.

Por Edson Castro

Atualizado em 23 Ago 2013.