Diante o atual cenário do mundo, que enfrenta a pandemia de COVID-19, que atinge não apenas a saúde, mas a economia, a liberdade e também nos faz refletir sobre nossas próprias ações, é impossível não se lembrar de José Saramago e pensar no que ele estaria escrevendo a respeito de tudo isso se ainda estivesse vivo.
O fato é que o escritor português escrevia com um olhar duro e crítico sobre assuntos como dogmas, cultura, comportamento social, epidemia e muitos outros, mas também tinha uma capacidade única de nos tirar da zona de conforto.
Infelizmente não teremos livros ou artigos a respeito do mundo atual, mas sem dúvidas conseguimos usufruir de suas obras atemporais e, pensando nisso, o Guia da Semana lista 8 livros de José Saramago que talvez você tenha em casa e deveria (re)ler. Confira:
O ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA
Um dos livros mais conhecidos do autor, "O Ensaio Sobre a Cegueira" fala sobre o comportamento de uma sociedade diante uma epidemia misteriosa e sem cura que deixa as pessoas cegas. A obra virou filme, dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles, e venceu o festival de Cannes.
INTERMITÊNCIAS DA MORTE
Neste livro, Saramago nos coloca frente à morte que, cansada de ser detestada pela humanidade, resolve suspender suas atividades e as pessoas simplesmente param de morrer. Mas o que antes parecia um milagre, logo se revela um grave problema. Assim, a obra trata não apenas da morte, mas também da vida e da condição humana.
CAIM
O lançamento de "Caim" foi muito polêmico, principalmente pela fé católica, que considerou o livro ofensivo. Na obra, Saramago percorre cidades decadentes e estábulos, palácios de tiranos e campos de batalha conforme o leitor acompanha uma guerra secular, e de certo modo involuntária, entre criador e criatura. No trajeto, o leitor revisita episódios bíblicos conhecidos, mas sob uma perspectiva inteiramente diferente.
O EVANGELHO SEGUNDO JESUS CRISTO
Todos conhecem a história do filho de José e Maria, mas nesta narrativa ela ganha tanta beleza e tanta pungência que é como se estivesse sendo contada pela primeira vez.
O ENSAIO SOBRE A LUCIDEZ
Numa manhã de votação que parecia como todas as outras, na capital de um país imaginário, os funcionários de uma das seções eleitorais se deparam com uma situação insólita, que mais tarde, durante as apurações, se confirmaria de maneira espantosa. Aquele não seria um pleito como tantos outros, com a tradicional divisão dos votos entre os partidos "da direita", "do centro" e "da esquerda"; o que se verifica é uma opção radical pelo voto em branco. Usando o símbolo máximo da democracia - o voto -, os eleitores parecem questionar profundamente o sistema de sucessão governamental em seu país.
AS PEQUENAS MEMÓRIAS
Durante 20 anos, Saramago elaborou um projeto autobiográfico e "As Pequenas Memórias" faz justamente a junção de todos esses relatos, ora alegres ora dilacerantes, sobre os primeiros 15 anos de vida do escritor. É uma boa pedida para quem quer conhecer mais sobre a vida do autor português.
O HOMEM DUPLICADO
O professor de história Tertuliano Máximo Afonso descobre, certo dia, que é um homem duplicado. Ao assistir a um vídeo, ele se reconhece em outro corpo, idêntico ao dele próprio: um dos atores do filme é seu sósia. Mas não tem nada a ver com clonagem ou outras experiências de laboratório. O que está em jogo é a perda de identidade numa sociedade que cultiva a individualidade e, paradoxalmente, estabelece padrões estreitos de conduta e de aparência.
CLARABOIA
"Claraboia" se passa num prédio de seis apartamentos em Lisboa, onde acontecem histórias simultâneas. Os dramas cotidianos dos moradores - donas de casa, funcionários remediados, trabalhadores manuais - tecem uma trama multifacetada, repleta de elementos do consagrado estilo da maturidade do escritor, em especial a maestria dos diálogos e o poder de observação psicológica.
Atualizado em 11 Mai 2020.