Madonna é dirigida pelo diretor Alan Parker, de Evita |
Apesar de serem trabalhos bastante distintos, é comum ver diretores de videoclipes passarem a dirigir filmes de longa-metragem ou o contrário. Grandes profissionais, hoje reconhecidos no cinema, começaram suas carreiras na música, e já naquele momento deixavam sua marca, que seria reconhecida mais tarde.
Um desses é Spike Jonze, bastante conhecido por Quero Ser John Malkovich, que é um dos mais aclamados diretores de videoclipes do mundo, mesmo antes de fazer sucesso na tela grande. Dirigindo bandas como Beastie Boys, Sonic Youth ou Weezer, Jonze já demonstrou suas influências do cinema e sua tendência ao experimentalismo. Mas com Björk ele pode levar isso mais adiante, com clipes como It´s Oh So Quiet ou It´s in Our Hands.
Seguindo a linha de Spike, tanto na forma de começar, como no estilo dos filmes, está o francês Michel Gondry, que começou sua carreira dirigindo os clipes de sua própria banda, Oui Oui. Mais tarde, comandou trabalhos de Cibo Matto, Foo Fighters, Beck e Björk. Seus filmes, Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças e Ciência do Sono (foto), revelam muitos elementos vistos nos clipes, de um mundo onírico, em que o absurdo se faz com elementos simples, mas fora de lugar.
Outro que veio da música foi Rob Zombie, ex-líder do White Zombie. Dirigindo a maioria de seus clipes, como Dragula e Living Dead Girl, ou de ontras bandas, como a Black Label Society, o músico foi começando a trilhar seu caminho para o cinema. Atualmente ele acabou de dirigir um dos trailers falsos de Grindhouse, nova produção de Quentin Tarantino, e está finalizando a nova versão de Halloween. Nos clipes, é óbvia a referência aos filmes de terror, gênero que hoje dirige.
Spike Lee também mostra nos clipes os mesmos temas de seus longas, um discurso a favor dos direitos da população afro-americana. O diretor de Malcolm X dirigiu vídeos para o Public Enemy, como 911 is a Joke e Fight the Power, assim como para o cantor Michael Jackson, nos dois clipes de They Don´t Care About Us, um deles filmado no Brasil.
No clipe dirigido pelo chinês Wong Kar Wai, para o DJ Shadow, nota-se claramente as semelhanças de seu último filme, 2046: Segredos do Amor (foto), principalmente nas cores utilizadas. Tim Burton, no clipe da banda The Killers, também deixa bastante explícito seu toque pessoal, ao contar uma história de amor entre caveiras.
Há também os diretores que aproveitam seus longas para fazer clipes, como Sofia Coppola, com o clipe da banda Air, do filme As Virgens Suicidas, ou Wim Wenders e o U2 com o filme O Hotel de 1 Milhão de Dólares. Da mesma forma que Alan Parker fez com a estrela de seu filme Evita, Madonna, que aliás já foi dirigida por alguns grandes diretores, como David Fincher e Luc Besson.
Também no Brasil...
No Brasil não é diferente. Três diretores que já passaram pelos videoclipes, Eduardo Valente, o veterano Johnny Araújo e o ator Selton Mello, preparam seus primeiros trabalhos em longa-metragem com, respectivamente, Vórtice, O Magnata, filme com roteiro de Chorão, do Charlie Brown Jr., e Feliz Natal.
Mas há também diretores consagrados no cinema nacional que já fizeram seus clipes. Monique Gardenberg, de Ó Pai, Ó, já dirigiu Caetano Veloso. Kátia Lund, de Cidade de Deus (foto), foi responsável pelo premiado clipe de A Minha Alma, do Rappa.
Bastante premiado também foi o clipe de Marisa Monte, dirigido pela dupla José Henrique Fonseca ( O Homem do Ano) e Cláudio Torres ( Redentor). Outra dobradinha foi em Seguindo Estrelas, dos Paralamas do Sucesso, assinado por Breno Silveira ( 2 Filhos de Francisco) e Andrucha Waddington ( Casa de Areia).
Sendo no Brasil ou fora, este intercâmbio de diretores pelos filmes de cinema e os videoclipes parece que ainda renderá muitos frutos. O próprio Zack Snyder, do épico 300, é diretor de clipes. Por isso, é bom ficar de olho no que surge de novo nos vídeos musicais e, a partir daí, já ter uma idéia do que possa aparecer em breve nas telas de cinema.
Atualizado em 10 Abr 2012.