No dia 30 de março, foi lançada oficialmente a 15ª edição da Parada LGBT que acontece todos os anos na avenida Paulista, em São Paulo, e reúne mais de três milhões de pessoas em todo o trajeto. A edição deste ano será de comemoração. Afinal, como dizem, com 15 anos, agora ela é uma debutante e merece muitas novidades que farão dela ainda maior e alegre.
O lançamento da festa já foi aproveitado como coletiva de imprensa, realizada na Casa das Caldeiras, que é uma das apoiadoras da parada. Estavam presentes muitas autoridades e representantes de personalidades importantes na política e de movimentos sociais. Ao longo das apresentações, muitas vezes houve situações de emoção e orgulho, quando foi falado de como tudo começou e no que ela se transformou hoje. A empolgação era evidente ao falar das novidades deste ano.
Algumas empresas entraram em parceria com a associação da parada para conseguir mais fundos e realizar um evento ainda maior, que depende cada vez menos do dinheiro público, sempre muito difícil de conseguir. No ano passado, a Parada LGBT trouxe R$ 200 milhões limpos aos cofres públicos. Em termos de arrecadação, perde somente para o carnaval do Rio de Janeiro, onde tudo é pago, e a parada é gratuita. Por isso, olhos importantes estão interessados no maior evento popular da Terra e novas ideias políticas estão surgindo.
Para isso, foram criadas várias atrações que serão oferecidas em cotas para as empresas que quiserem patrocinar, mas não querem ter seus nomes envolvidos diretamente com o evento. É uma forma interessante de atrair investidores que tem vontade de participar indiretamente.
De acordo com a organização, as cotas variam de R$ 30 mil até R$ 350 mil, dependendo das atrações. Foram criadas muitas opções de atividades para o público e produtos em que as empresas podem aparecer, como abanadores, gravatas e outros adereços de papéis-semente, sistema bluetooth de mensagens em toda a parada e shows aéreos de dançarinos e artistas, que serão pendurados por cabos em guindastes em posições estratégicas.
Outra novidade deste ano é a escolha de Preta Gil como a Diva da Parada que, por coincidência, uma semana antes da coletiva, havia sido insultada por um deputado em Brasília, que a ofendeu em relação a ser negra e envolvida com a causa gay. Tanto Preta Gil quanto órgãos ligados aos direitos humanos se mobilizaram para apurar os fatos, e esta situação foi mais um tempero para a cantora e artista vestir de vez a camisa da Parada LGBT.
Ainda neste ano, a associação irá fazer um concurso para escolher o remix de valsa mais interessante para ser tocado em todo o trajeto. O objetivo disso é, além de expor a criatividade dos DJs, colocar a parada LGBT 2011 no Guiness como o maior baile do mundo.
As casas noturnas com foco gay voltarão a frequentar os caminhões este ano. Cada um deles terá sua decoração própria, e o esforço deste ano é fazer a mais colorida parada de todas. Ainda há conversas para um grande show no final, em que o público se divirta e volte calmamente para suas casas e sem os problemas dos outros anos.
Um boneco de plástico foi criado para ser o mascote da parada este ano. Ele não tem rosto e vem com sete canetas de cores diferentes para as pessoas pintarem da forma que quiserem, incentivando a diversidade. Este boneco também depende de investidores para ser vendido.
Todas essas novidades são viáveis e perfeitamente executáveis dentro dos planejamentos. Tudo muito bacana, alegre e com a grandiosidade que a parada deve ter, mas o lado político da movimentação foi meio encoberto pela empolgação do que virá. Isso, na minha opinião, do que vi e senti.
Todas as apresentações foram feitas para os olhos brilharem, mas notei falta dos direitos humanos que a parada deve pregar. Não ouvi ou vi ninguém dizer sobre uma movimentação para leis serem aprovadas, abaixo-assinados, propostas e coisas do gênero, que mostrem aos quase 70% de heterossexuais que frequentam a parada que ali não é só uma festa, mas também uma conscientização que todos somos iguais e não devemos impor nossas vontades e opiniões a quem não quer.
Estive presente na duas últimas edições. Ambas foram enormes: a de 2010 foi impressionante, apesar de ter menos caminhões que as outras, mas havia movimentos políticos em favor dos gays e lésbicas.
Mesmo não tendo informações sobre as ações políticas na Parada, isso não quer dizer que não haverá mobilizações. A intenção de mostrar ainda mais a força da maior parada do mundo reflete nos interesses políticos e na conscientização humana que deve haver, aceitando as pessoas como são.
A 15ª LGBT 2011 acontecerá no dia 26 de junho e ainda contará com uma festa na Casa Das Caldeiras, que reunirá pessoas ligadas à parada, apoiadores, patrocinadores e políticos para uma espécie de festa de confraternização antes do evento acontecer. Tudo isso é só o começo e muitas novidades ainda virão, tornando a Parada LGBT brasileira ainda maior e bem-estruturada.
Leia as colunas anteriores do DJ Fabio Reder:
Os X DJs na Water Republic
A vida das danceterias
Fechada a Galeria dos DJs
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O que faz: DJ, produtor de música eletrônica e empresário do ramo de rádio.
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Atualizado em 6 Set 2011.