Índio brasileiro empunha flecha em Terra Vermelha, um dos filmes mais aplaudidos do Festival de Veneza, que abre a Mostra. |
Após o Festival do Rio, é a capital paulista quem inicia a sua maratona na 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que vai de 17 a 30 de outubro, em 22 salas de exibição na cidade. Ao todo, foram selecionados 454 filmes, entre curtas, médias e longas-metragens, de 75 países que serão mostrados ao público em mais de 1200 sessões durante duas semanas. Com abertura de Terra Vermelha, produção ítalo-brasileira sobre índios mato-grossenses e encerramento de Che ( Primeira e segunda partes), superprodução de Steven Soderbergh sobre o líder argentino, a seleção mostra alguns dos principais filmes produzidos recentemente no mundo.
O cinema brasileiro aparece com diversas novidades, dentre elas a primeira exibição de Garapa, de José Padilha. Última Parada 174, de Bruno Barreto, representante do Brasil na disputa por uma vaga no Oscar 2009, também está presente. Além dele, serão exibidas as estréias dos atores Selton Mello, Matheus Nachtergaele e Malu Mader na direção, nos filmes Feliz Natal, A Festa da Menina Morta e o documentário Contratempo. E ainda terão os polêmicos Rinha, de Marcelo Galvão, e Erva do Rato, de Júlio Bressane.
Grandes cineastas estarão representados, como Woody Allen com o espanhol Vicky Cristina Barcelona, os vencedores do Oscar Ethan e Joel Coen com Queime Depois de Ler, e Wim Wenders que traz seu Palermo Shooting. Além deles o festival trará as novas obras de Michel Gondry ( Rebobine Por Favor), Charlie Kaufman ( Sinédoque, Nova Iorque), Jonathan Demme ( O Casamento de Rachel), Errol Morris ( Procedimento Operacional Padrão), Guy Ritchie ( RocknRolla - A Grande Roubada) e a nova versão do filme de Wong Kar Wai ( Cinzas do Passado).
Anne Hathaway em O Casamento de Rachel, filme que pode lhe render uma indicação ao Oscar. |
Os organizadores, Leon Cakoff e Renata de Almeida, no entanto, fizeram questão de ressaltar as dificuldades em um evento como este. Para eles, o orçamento ideal seria de R$ 5 milhões, mas mesmo com os apoios e patrocínios, conseguem pouco mais da metade disto. Os ingressos, que foram considerados caros pelos cinéfilos, correspondem a apenas 3% deste orçamento, já que é dividido também com o exibidor e alguns produtores. Mesmo assim eles afirmam se esforçar para conseguir realizar o festival da melhor forma possível. Como foi falado durante a coletiva, se a crise econômica chegar à Mostra, que seja através dos filmes.
E um dos gastos que têm é com a vinda de convidados internacionais. Neste ano, estarão presentes, dentre outros, nomes como o do cineasta argentino Pablo Trapero, que traz sua nova obra, Leonera, e terá uma retrospectiva de sua curta carreira. O veterano Wim Wenders também estará presente, participando do projeto Carta Branca, em que o convidado seleciona os filmes que quer ver. De acordo com Cakoff, o cineasta alemão é chamado há anos, mas só agora pôde vir. Além deles, outra presença bastante aguardada é a de Benício Del Toro, protagonista dos dois filmes que contam a vida de Che Guevara.
Cena de Leonera, do argentino Pablo Trapero, com Rodrigo Santoro no elenco. |
O cineasta britânico Hugh Hudson, de Carruagens de Fogo, também vem conferir uma retrospectiva de sua carreira, além de apresentar sua nova versão de um filme de 1985, em Revolução Revisitada. Além dele, serão homenageados os cineastas Kihachi Okamoto, do Japão, que terá a exibição de 14 de seus 39 filmes, e Ingmar Bergman, da Suécia, com filmes raros do início de sua carreira. Bergman, que faria 90 anos em 2008, terá também uma exposição de fotos de bastidores, na Galeria do Conjunto Nacional. As fotografias de Meus Encontros com Bergman foram tiradas entre as décadas de 50 e 80.
E não é apenas o cinema que é priorizado durante as duas semanas da Mostra. A música também é elemento importante, tanto que em todo ano existem as tradicionais sessões de filmes mudos acompanhados de orquestra. Desta vez, O Homem que Ri, de 1928, e Poil de Carotte, de 1925, serão apresentados pelo grupo Octuor de France. O músico André Abujamra, que cria as canções da vinheta do evento, tocará na performance Retransformafikando, com música pop sincronizada com vídeos. Enquanto a atriz e cineasta portuguesa Maria de Medeiros será a responsável pelo show de encerramento, em 30 de outubro, interpretando melodias brasileiras.
Para conferir a programação completa, basta acessar o site oficial.
Atualizado em 6 Set 2011.