Guia da Semana

Foto: Getty Images

Há anos encontro Mônica na balada. Há anos Mônica tem o mesmo ritual: passar boa parte da noite sentada em uma das poltronas do lounge, bem na entrada, logo no supetão de quem é apalpado pelas mãos desconfiadas do segurança.

Quem não a conhece pode achar estranho aquela figura, sempre de jeans e de cabelos bem escovados, sentada ali a noite toda.

Quem não a conhece pode julgá-la como solitária, coitadinha, sem amigos.

Engana-se. A diversão de Mônica é ficar numa espreita escancarada, fitando comportamentos, analisando conversas acaloradas, testemunhando inícios e términos. Mônica acompanha as metamorfoses que só a noite proporciona. Admira a moça que chega enfeitada e colorida, assim como uma borboleta, e registra a cara desbotada que ela apresenta, horas depois, ao passar pela saída.

Outra dia conversávamos sobre o fato dela optar por observar a transitar. Sentar a dançar. Sim, Mônica fala. Aliás, é extremamente comunicativa. Aprumar-se ao seu lado é certeza de diálogos concretos, opinião formada e discordância argumentada. Pudera: Mônica é advogada. Será que nessas horas ela bate o martelo e dá o seu veredicto?

Uma coisa é certa: como notívaga, Mônica foge a regra. O tesão dela, suponho eu, é contemplar o ser humano. Aprecia o que o DJ toca, mas agradece a sua maneira. Ela não quer dançar, mas sim ouvir. E o que impede que uma mulher, bonita e interessantíssima como ela, encontre a sua maneira de curtir algumas horas longe de casa? Aliás, desde quando a noite estipula regras?

Sexta esbarrei com Mônica na Trash 80's. Ela não estava no sofá da entrada. Estava de pé e acompanhada, quase no meio da muvuca. Sujeito bonito e simpático. Cumprimentei-o e escancarei algo a ela, que não me lembro, mas que retratava a minha felicidade em vê-la. Disse-lhe também sobre estar bem acompanhada. Coisas de quem já havia passado da terceira tequila. Espero cruzar com Mônica no seu canto cativo para puxar com ela mais um dedo de prosa, mesmo que ela esteja de mãos dadas, toda apaixonada.

Quem é o colunista: Alessandro Fiocco.

O que faz: Jornalista e dublê de várias outras funções.

Pecado Gastronômico: Louco por pastéis. Mas também apreciador de um bom risoto e de uma boa massa.

Melhor lugar do mundo: O centro de São Paulo desvendado a pé; minha casa para ficar jogado.

Fale com ele: [email protected].

Atualizado em 6 Set 2011.