Na coluna da semana passada, eu levantei a hipótese de que a vulnerabilidade de exposição das baladas via Twitter, Fotolog, Orkut etc, talvez estivesse diminuindo a espontaneidade das pessoas. Porém, esqueci de duas coisas tão em voga nas noites de hoje: as caretas posadas para as câmeras digitais e o "carão".
Não basta sorrir para ser fotografado, tem que fazer careta, de preferência mostrando a língua. Entre as garotas, a pose preferida é a de diva da noite ou dancinq queen. O grupo Bonde das Impostora, definiu o look de maneira perfeita na música ´Fotologger Diva´. Leia parte da letra e veja se você se identifica ou se já viu alguém assim na balada: "Olha Pro Ladinho / diva até o chão / Agora Faz Biquinho / diva do flogão / Contraste e Brilhinho / Só tem 10 minutinho!" Hilário.
Eu acho que cada um faz o que bem entender da sua vida, mas, a falta de originalidade anda muito grande. As pessoas andam fazendo as mesmas coisas nas boates, todos os dias. A música deixou de ser interessante, o nome do DJ é somente uma "tag" para que as pessoas demonstrem que pertecem a um mesmo grupo.
Outro fenômeno muito popular há alguns anos é o "carão". Colegas de outros estados dizem que é um fenômeno característico de São Paulo. Vocês já repararam que as hostess, aquelas garotas (na maioria das vezes) que ficam na porta para nos receber, estão sempre de cara amarrada. Sim, existem exceções, mas a maioria está sempre azeda. Parece que estamos fazendo um favor de ir até a balada. Não sei se é fome ou vontade de não estar ali, o fato é que a simpatia costuma passar longe. Li esta semana, a declaração de uma hostess em que ela dizia que não existe cara azeda, "isso é coisa de gente que não tem dinheiro pra sair na noite". Ok, querida.
Se o carão já começa na porta de entrada, imaginem dentro da casa noturna. É um show do blasé, um verdadeiro flash-mob em que o combinado é ficar alheio a tudo o que acontece em sua volta. Ninguém dança e quem o faz é visto como um freak. No carão, só é possível ir ao bar, fumar e ficar olhando os outros com cara de que está entediado.
Eu acharia melhor se esse povo ficasse em casa. Ou então, como diria uma música dos anos 80, "vamos nos permitir".
Quem é o colunista: Eu? Eu sou o Luiz Pattoli.
O que faz: Jornalista, andarilho e editor do www.churrascogrego.com.br
Pecado gastronômico: Vindo com saúde, eu traço.
Melhor lugar do Brasil: O estádio da Rua Javari.
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Atualizado em 6 Set 2011.