Guia da Semana

Fotos: Fábio Tavares

A pista de dança possui painéis de LEDs com efeitos tridimencionais

Sem destaque na fachada, a entrada remete a mais um prédio comercial abandonado no centro velho paulistano. Já para os sócios, amigos ou curiosos que se aventuram no número 277 da Avenida Brigadeiro Antônio, essa é a oportunidade para rememorar o mundo dos clubes luxuosos fechados do início do século XX, em um espaço onde lustres holandeses e o estilo neo-barroco convivem hoje com música eletrônica, paredes espelhadas e painéis LED que transmitem a impressão de tridimensionalidade. Este é o Lions Night Club, a mais nova balada de São Paulo.

Os donos do projeto já são macacos velhos da noite. Facundo Guerra e José Tibiriçá ajudaram a dar um nova cara à região do Baixo Augusta com suas crias: o Vegas Club e os bares Volt e Z Carniceria, que mesclam trilha sonora de qualidade e diversidade musical. Já Cacá Ribeiro, entre outras fundações, montou o Royal e levou os bem-nascidos ao glamour decadente - e ainda charmoso - da Avenida São Luis. Já Augusto Arruda Botelho, tem em seu currículo o trabalho à frente da Clash Club. Juntos, querem atrair agora os notívagos e ávidos por novidades na metrópole que não quer parar.

Restrito? Nem tanto

"Somos cavalheiros, então a ideia de fazer um clube assim foi uma coisa natural. O espaço nos inspirou a fazer uma boate com cara de clube de sócios com um visual um pouco retro", aponta Cacá Ribeiro, que junto com os outros viram no primeiro andar do prédio dos anos 50 deteriorado a chance de montar uma casa clássica com inspirações futuristas.

Escolhidos a dedo, o Lions vai contar com um seleto grupo de VIPs. Cada dono convidou até 300 pessoas da moda, arte, rock e música eletrônica para ter uma série de benefícios, como entrada livre, caixas exclusivos e o direito de chamar até quatro pessoas por mês para frequenta-lo. Ainda assim, a casa com capacidade para 400 lugares, reserva para o público não-VIP 100 entradas por noite. O preço vai de R$ 60,00 a R$ 100,00.

O Espaço


Animais taxidermizados e lustres holandeses fazem parte da decoração

O projeto arquitetônico é de Marcos Paulo Caldeira e a decoração é de Fabrizio Rollo. Dividido em três ambientes, o pé direito alto, chão de tacos, tapetes e lustres holandeses foram mantidos do espaço original. Para criar o estilo neo-barroco, fizeram o uso de animais taxidermizados, como cervos e faisões, por todos os ambientes. Em destaque, um painel de azulejos que poderia ser da artista modernista Anita Malfatti. Materiais como couro e veludo complementam, oferecendo ao público uma atmosfera masculina.

A pista conta com a ajuda de uma porta giratória que isola a passagem de som entre os ambientes. Dentro dela, uma iluminação inédita baseada em um truque ótico do século 19 se une a tecnologia LED instalada em painéis ao longo do ambiente. Com o uso de espelhos, o resultado são projeções em três dimensões, onde o público não precisa de óculos para viajar em um mundo onírico de formas e cores.

A varanda surpreende por sua vista para o skyline do centro. O Altino Arantes - o popular Banespão -, a igreja das Almas e parte da cúpula da igreja da Catedral da Sé compõem o cenário.

Lado B do CD

Para não cair na mesmice da pista das outras casas noturnas, o Lions propôs aos seus DJs uma reformulação dos set lists. "Como a programação de São Paulo está muito parecida, pedimos aos nossos DJs para trocarem de gênero, assim o público poderá ver quem normalmente toca house, apresentar o tecno; o do hip hop oferecer disco e soul; ou a lista de rock se transformar em jazz e blues. Quer dizer, é um set de referência e pesquisa", explica Facundo.


Os DJs tocam um set list inédito na casa

Assim como ocorre no Vegas, a casa vai contar com som underground e noites específicas para música black, rock, eletrônica, além de alternar com festas famosas do Rio de Janeiro. "Minha preocupação é em ter uma boa programação, onde as pessoas possam se divertir em um ambiente legal" propõe Facundo. Agora é conferir se ele conseguiu.

O que vem por aí

Facundo Guerra, um dos sócios e idealizadores da Lions Night Club, parece não querer ficar parado. Depois do nascimento de seu recente projeto, já trabalha em cima de uma nova casa a ser lançada no segundo semestre, o PanAm. O espaço pretende ocupar também o centro paulistano e terá como temática a aviação.

Ele, que se diz com sorte, só começou a apostar nessa área após a insegurança que a carreira de jornalista oferecia. Sobre o segredo de tantos investimentos bem sucedidos na noite, revela. "Se um negócio tem uma alma definida, não tem quem derrube. Agora se você for fizer mais um negócio genérico, como outro qualquer, as coisas complicam".

Atualizado em 1 Dez 2011.