Foto: Divulgação |
Um breu. Foi essa a impressão que eu tive na primeira vez que estive na antiga casa noturna The The. Para quem não sabe, The The foi nome de uma das encarnações do Madame Satã - que também foi batizado de Morcegóvia durante um tempo. Era 1997, um amigo da faculdade me chamou para ir "num bar que toca rock dos anos 80". Eu já curtia The Cure, Smiths, Echo & The Bunnymen, Sisters of Mercy, entre outros. Portanto, considerei que tinha credenciais para curtir um lugar que se dedicava ao som ´gótico´. A casa antiga no bairro do Bixiga me chamou a atenção, afinal, sempre gostei da arquitetura dos casarões antigos, e, uma balada num lugar assim deveria ser interessante. E era.
No andar ao nível da rua ficavam o bar e o telão onde passavam clipes. Duas escadas davam acesso ao porão, que na verdade, era a pista. Ali, não havia iluminação. Somente um estrobo piscava de vez em quando. O ambiente soturno me conquistou de vez. Voltei diversas vezes ali - mesmo quando o clássico nome Madame Satã retornou.
Surgido em meados dos anos 80, o Madame Satã foi a casa certa na hora acerta. Foi ali que diversas bandas começaram a tocar, desde os punks dos Ratos de Porão até o pop rock do RPM. A casa, era um verdadeiro templo da produção roqueira oitentista nacional. Mais tarde, ela se tornaria berço de DJ´s que despontariam na cena da música eletrônica. Uma das maiores crias é o DJ Mau Mau.
Aos poucos fui tomando conhecimento do que aquele lugar representava e me sentia muito feliz de poder dançar ali. Certa vez, levei um amigo inglês lá. Grande admirador do rock gótico e de stoner rock, ele ficou deslumbrado com o Madame. A mistura de belas garotas, música boa e bebida barata fez ele afirmar que aquele era o melhor club que ele já tinha ido. Para mim, também era um dos melhores.
No final de 2007, fui surpreendido pela notícia de que o Madame Satã havia sido interditado pela prefeitura. Procurei no site da casa e nas comunidades do Orkut e só encontrei mensagens desconexas. Ninguém sabe ao certo, o real motivo do fechamento. O que se sabe é que São Paulo perdeu uma das baladas mais interessantes que já existiu.
Cabe um adendo ainda nesta coluna. Existem diversos lugares que mantém viva a chama da vela gótica, entre elas, ressalto: Aeroflith Rock Bar (no Belém) e o Ocean Club (no Anhangabaú).
Quem é o colunista: Eu? Eu sou o Luiz Pattoli.
O que faz: Jornalista, andarilho e editor do www.churrascogrego.com.br
Pecado gastronômico: Vindo com saúde, eu traço.
Melhor lugar do Brasil: O estádio da Rua Javari.
Fale com ele: [email protected]
Atualizado em 6 Set 2011.