Guia da Semana



A maioria das pessoas que conta com mais de 25 anos consegue se lembrar da época em que os passeios no shopping, vestindo calças cintura alta e tênis New Balance, sempre terminavam em uma loja de discos com a compra de uma das famosas coletâneas lançadas por emissoras de rádio, como por exemplo As 7 Melhores da Jovem Pan. Nos anos 90, as figuras da foto acima eram responsáveis por diversos hits incluídos nessas seleções. Ace of Base, Technotronic, Corona, Shakira e Alexia foram alguns dos artistas que imprimiram o estilo musical mais consumido pelos jovens da década.

Além de bombar nos aparelhos de som, músicas como Estoy Aqui, Pump Up The Jam e Rhythm of the Night faziam a alegria dos jovens que lotavam as casas noturnas que funcionavam no período. Foi nessa época que o termo "balada" começou a ser difundido da forma que compreendemos hoje. Originalmente, e de acordo com o dicionário, a palavra possui outros significados:


balada: do Prov. ballada, canção para dançar
s. f.,
poesia narrativa que reproduz narrações ou lendas;
antigo canto, acompanhado de música.



No entanto, com todo mundo levando ao pé da letra o every body dance now, que cantava o C&C Music Factory na música Gonna Make You Sweat, sabe-se lá como, balada se associou ao agito, seguindo na contramão do que diz o "pai dos burros".

Além de inventar moda, a geração 90´s tinha uma maneira totalmente diferente de se divertir. O ritual todo que envolve uma saída na noite era, de certa forma, mais ingênuo do que o que se consagrou como modelo atual. " Eu ia direto para a matinê do Moinho Santo Antônio. Meus pais me levavam e depois iam me buscar. Às vezes, até entravam lá e mandavam anunciar meu nome, me fazendo morrer de vergonha. Hoje, tenho uma irmã de 16 anos que vai onde quer, de ônibus, de carona, não tem hora pra voltar e às vezes nem dorme em casa. A diferença de gerações é gritante", assume a publicitária Karina Petrocino, de 27 anos.

Pipoca era tendência na balada!
Foto: Stock.xchng
Além do Moinho Santo Antônio, algumas das casas que sempre contavam com filas enormes na entrada eram a Krypton, Extravaganza, Kiron, Up & Down, Resumo da Ópera, Over Night e Toco. As lembranças são muitas e o saudosismo de quem viveu a época, inevitável. " O que eu mais gostava nesses lugares era o cheiro de cigarro de cravo, as roupas, a pipoca e o refrigerante de graça, a galera que ia todo final de semana e, é claro, o mais importante de tudo, as músicas", relembra o empresário Mauricio Bagarollo, que hoje já soma 31 primaveras.


Para se ter uma idéia do que fazia Maurício e Karina dançarem nas pistas, clique aqui e confira os três primeiros lugares do TOP 10 da Billboard nos anos 90.



Assim como acontece hoje, a balada nos anos 90 também envolvia os fatores moda e paquera. Alguns alegam que não existia muita jogação, mas refutando tal argumento, cabe a palavra à Karina: " Me lembro bem do corredor polonês que se formava em uma certa altura da noite na Krypton. Todo mundo que passava por ali pegava alguém e era normal beijar mais do que um por noite."

A vantagem de se viver naquela época é que os casos arrumados na balada, se estivessem realmente interessados, eram obrigados a telefonar. A internet não era tão popular e os programas de bate-papo e sites de relacionamentos ainda não haviam substituído os cinco minutinhos essenciais de papo furado pelo telefone. " Depois que o cara te ligava, você acabava marcando de novo na mesma balada. E aí encontrava também os outros que já tinha ficado e dava uma super confusão. Lembrar de tudo isso hoje é muito divertido", conta a publicitária.

Fumaça na pista é um clássico 90´s
Foto: Stock.xchng
A moda era algo bem característico. Tarzo Vinícius Ferreira era promoter da Up & Down. Ele freqüentou a matinê dos 12 aos 18 anos e abusava das roupas que hoje soam como esdrúxulas. " Usávamos camisas de times gringos de basquete, futebol americano e baseball. Hoje dá até vergonha de lembrar. Também vestíamos camisetas cortadas e passavemos gel no topete", afirma. E quando você acha que não podia ficar pior, vem a revelação: " Tinha uma garota que eu ficava que era linda e loira. Ela usava uma roupa que apelidamos de mulher gato, era um macaquinho colado no corpo".

Quase 10 anos depois do fim dos tempos em que essa geração era adolescente, menor de idade e com nenhuma preocupação na vida a não ser curtir os prazeres da juventude, alguns tentam reviver o momento com festas e eventos temáticos. É o caso de Maurício, que organiza a Flash is Back. " A festa é justamente para lembrar e levar as pessoas de volta àquela época," explica. " Acontece uma vez por ano fazemos exatamente como se estivéssemos dentro de uma das baladas de antigamente, o que faz com que pareça que acabamos de deixar de ir nas casas dos anos 90". A próxima edição deve rolar em novembro, ainda sem data e local definido.

Quem quiser relembrar dos tempos em que o cigarro avulso de cravo custava 50 centavos, que a moda tinha princípios equivocados e que os grupos de poperô lançados por produtores italianos eram febre, basta ficar ligado no Guia da Semana. Por aqui sempre divulgamos as festas que se propõem a uma linha mais retrô para agradar os "já não tão jovens" adolescentes da época.

Atualizado em 1 Dez 2011.