Guia da Semana

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Depois de oito anos de carreira como DJ, tocando em todo Brasil além de várias turnês internacionais, Rafael Noronha, mais conhecido como DJ Noronha, decidiu fazer um curso superior de produção de música eletrônica. Ele desejava saber mais sobre a construção do ritmo que tocava há anos para poder usar esses conhecimentos na criação do próprio som. "Cheguei a um momento em que apenas o feeling e a técnica apurada não eram o bastante como satisfação pessoal", conta.

Assim como Noronha, outros DJs que já conquistaram um lugar sólido no cenário eletrônico buscam hoje aprimorar suas aptidões. De olho nesse novo mercado, algumas instituições de ensino superior passaram a oferecer formações voltadas a esse público, já que, com a popularização do estilo, a qualificação passou a fazer diferença na contratação. Além disso, cada vez mais festas e clubes abrem espaço para que os profissionais mostrem seu talento por meio de composições autorais.

Na Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo, há graduação tecnológica em produção de música eletrônica, em que os estudantes aprendem a compor o próprio repertório. "O objetivo do curso é prepará-los para atuar nesse mercado, lançando e vendendo músicas através de sites especializados e também se apresentando como DJs em clubes e festas. Além de produzir para o mercado fonográfico, o produtor pode criar trilhas para cinema, televisão, teatro, games, internet e instalações multimídias" diz Leonardo Vergueiro, coordenador do curso.

Compositor dos picapes

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DJ Noronha no comando dos picapes

Para Noronha, esse tipo de formação ajuda dar um up na carreira e faz diferença na noite. "Um DJ que não é produtor é como uma banda que apenas faz covers de outros artistas, pois só toca músicas de outras pessoas, e não suas próprias composições", diz. "Depois da faculdade, fiz tours internacionais, duas nos Estados Unidos e recentemente na África do Sul, além de diversas gigs (apresentações) semanalmente pelo Brasil. Com certeza esses convites acontecem não só pela a técnica e experiência como DJ, mas pelas minhas próprias produções", completa.

Além de ensinar a discotecar, o curso aborda todas as fases de criação da música, com aulas de específicas de musicalidade que mostram como usar os melhores softwares para compor, criar, gravar, remixar e produzir música eletrônica em home studios e estúdios profissionais de gravação, mixagem e masterização. "As pessoas que só sabiam animar festas passam a ter capacidade compor o próprio trabalho. Então, começam a ganhar dinheiro de outras formas. Entram no mercado de produção, não só de execução de música", diz Thomas Gruetzmacher, músico maestro e produtor.

Trabalho árduo

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Segundo Thomas, que já deu aulas para diversos DJs, como Noronha, Re Dupre e Patife, para ser um bom compositor de música eletrônica, é preciso ter um vasto conhecimento musical e bons equipamentos. Ele conta que quando os alunos percebem que é preciso estudar muito, alguns desistem de um curso superior. "Muitos acham que a faculdade vai ser continuação da balada, e não é isso. A taxa de desistência é grande", revela.

Com um diploma técnico em mãos, pode ser mais fácil se destacar no mercado, mas para garantir o sucesso são necessários outros fatores. "Tudo vai depender da força de vontade, talento, qualidade musical e, principalmente, se o artista é uma pessoa que se relaciona bem com quem já está no meio. Alguns produtores brasileiros vão para o exterior, desenvolvem e consolidam uma carreira por lá e voltam com outro status. Eles fazem isso porque não eram muito valorizados aqui no Brasil por não terem os melhores contatos", diz Vergueiro.

Atualizado em 6 Set 2011.