Guia da Semana

Foto: TV Globo/Frederico Rozario

Juliana Alves e Stênio Garcia na Estudantina, onde vivem Suellen e Dr. Castanho em Caminho das Índias

Um giro da dama, um trançar de pernas, um rodopio do cavalheiro, muita alegria e sensualidade. Entre um passo e outro, é fácil perceber a malandragem do ritmo mesclada a uma elegância e, claro, um show visual. Assim é caracterizado o samba de gafieira. Vindo direto dos bairros menos glamourizados do Rio de Janeiro, a dança invadiu diversas casas por todo o Brasil e ganha destaque, hoje, na novela global Caminho das Índias, onde a Estudantina se transformou em um dos points mais badalados da trama.

É comum associar o ritmo a pessoas de mais idade, em trajes como calça social, sapatos coloridos, terno de linho, chapéus e mulheres envoltas em vestidos cafonas com brilhantes. Mas, hoje em dia, a realidade é outra. O espírito de quem pratica a dança é sempre de descontração, e o visual vem se repaginando com o passar dos anos, fazendo sucesso em festas, clubes e escolas de dança para todas as idades.

Histórico

De origem africana, a gafieira surgiu por volta dos anos 40 e 50, e ganhou influências latinas e americanas. Saída dos cabarés do Rio, invadiu festas de formatura, casamentos e casas tradicionais do país. "De uns 15 anos para cá, o samba tomou uma proporção muito grande e forte, até por influência da mídia. Alguns cantores levantam a bandeira do samba, e não existe mais aquela coisa de isso é para a molecada ou de periferia", destaca o coreógrafo Duda Lima, professor de dança há 15 anos.

A atitude do conhecido "malandro" de sambar com os braços abertos (como se fosse dar um abraço), além de entrar no ritmo da música, tem o intuito de proteger a parceira e dar a ela, ao mesmo tempo, espaço para que possa exibir seus passos.

Foto: Getty Images

Fazendo uma aula por semana, durante três meses já é possível ter uma evolução

Malandragem

O Estatuto da Gafieira - composição de Billy Blanco, interpretado por Jorge Veiga e lançado em 1954 pela cantora Inezita Barroso - diz: "Moço, olha o vexame. O ambiente exige respeito. Pelos estatutos da nossa gafieira, dance a noite inteira, mas dance direito!". De acordo com o coreógrafo Duda Lima, o samba de gafieira traz as pessoas para dentro da melodia. "As letras não falam somente de malandragem do morro. Contam histórias de amor, lembranças de cidades, têm poesia. Por ser um ritmo livre, sem formalidades, serve tanto para ir curtir com um pessoal, quanto para conquistar alguém", salienta.

Aprendendo

Assim como qualquer outro ritmo, a gafieira exige dedicação, mas o tempo que cada praticante levará para dominar o ritmo é subjetivo, de acordo com o coreógrafo. "O ritmo leva você a ser descolado. Estipulo que em três meses, fazendo uma aula por semana, já é possível ter um desenvolvimento legal para fazer graça no salão". E aproveite, o professor lembra que não existe idade pré-estabelecida para se jogar na gafieira.

Corpo

O samba de gafieira ajuda não somente você a fazer bonito na pista, mas também a manter o corpo em forma. Em uma aula, com média de duração de uma hora, é possível eliminar cerca de 400 calorias. Além disso, a dança contribui para melhorar a postura, fortalece os músculos e combate problemas ósseos. "Tonifica os membros inferiores, como quadríceps, glúteo, abdômen e proporciona um caminhar mais confiante. Também ajuda pessoas que ficam muitas horas por dia sentadas, e auxilia no controle da osteoporose", indica Duda, que também é formado em Educação Física.

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A condução não é tudo e o homem deve permitir que a dama fique à vontade na dança

Condução

Que o homem deve conduzir a dança não é novidade. Porém, isso não faz com que ele seja o centro das atenções na pista, muito pelo contrário. A condução não é tudo, e o homem deve permitir que a dama mostre o que ela tem por natureza, a graciosidade. "O homem leva, mas a mulher não pode ficar na condição de submissa e fazer só o que ele pedir, deve se impor. É uma troca, e o casal precisa estar bem para que o resultado final seja uma dança que deixe o resto do salão com inveja", ressalva o coreógrafo.

Look

Diferentemente de alguns anos atrás, nas gafieiras atuais o público não segue à risca os modelos deixados pelos antigos protagonistas dos salões. Hoje em dia, as pessoas costumam ir bem mais à vontade. Alguns quesitos considerados básicos no passado, como calça social, sapato bicolor, terno de linho branco, camisa azul e chapéu para os homens, dão lugar a um sapatênis, uma camisa e uma calça bem alinhada. Já para as mulheres, o vestido rodado de lantejoulas cede espaço para um vestido discreto com caimento até o joelho, ou uma calça justa e um salto alto confortável.

Onde Dançar

São Paulo Rio de Janeiro
Avenida Clube
(11) 3814 7383

Café Paon
(11) 5531 5633

Bar Brahma
(11) 3333 0855
Nova Estudantina
(21) 2232 1149

Lapa 40º
(21) 3970 1338

Bar do Tom
(21) 2274 4022



Atualizado em 6 Set 2011.