Dudu e Décio formam a dupla Anhaguera e concorrem ao prêmio Novos Nomes MTV
Amigos desde a infância e unidos por um elo: a música. A dupla Dudu Palandre e Décio Deep formam o projeto Anhanguera e tocam juntos por casas do Brasil e do mundo afora. Misturando house e elementos que variam entre hip hop, disco e até jazz, os DJs agitam as pistas por trás dos picapes. Como resultado, concorrem ao prêmio Novos Nomes MTV, na categoria música eletrônica.
A estreia nacional da dupla foi em 2005 com a faixa Velotrol, que emplacou no CD AMP MTV HOUSE e, um ano mais tarde, o EP On the Replay, que foi parar no top 10 do DJ Mark Farina em sua página da Beatport. Depois disso, o Anhanguera ganhou visibilidade na cena house internacional e lançou a faixa Rock da Hauz para o CD do club G Lounge, de Milão. Após a façanha, marcaram em 2008 a primeira turnê internacional da dupla que figurou na Winter Music Conference, em Miami, ao lado de Mark Farina e passaram ainda por Itália, República Checa, Inglaterra e Bélgica.
De lá pra cá, Dudu e Décio vêm colhendo bons resultados. Recentemente, tiveram a faixa Mrs Don´t, eleita pela Stompy - site de downloads - como um dos melhores lançamentos da cena funk house de 2009. Batemos um papo com eles sobre influências sonoras, polêmicas no mundo do DJs e carreira.
Guia da Semana: Como receberam a notícia da indicação para o prêmio Novos Nomes MTV, na categoria música eletrônica? Foi uma surpresa?
Dudu - Foi uma grande suspresa. Através da internet um amigo meu, que nem é da música, achou nosso nome nas indicações e nos mandou. Eu não fazia ideia que existia esse prêmio. Foi por meio do site rraurl.com que tomamos conhecimento. O lance da MTV é super produtivo. Esse ano entramos em uma agência valorizada no mercado e isso ajudou a dar um selo de garantia para gente.
Décio - Estamos batalhando há mais de 10 anos no underground, no house e felizmente começamos a ver o reconhecimento. Já temos uma agenda bem fechada. Ainda não colhemos os frutos da indicação porque divulgaram há pouco tempo, mas esperamos que isso dê muito resultado.
Guia da Semana: Como surgiu o projeto?
Décio - Somos amigos desde criança. Tanto que o nome da dupla veio pelo fato de sermos do interior e viajarmos muito para a capital pela Rodovia Anhanguera. Tocávamos em festas de 15 anos, amigos e sempre fizemos juntos mesmo.
Dudu - Fomos crescendo e eu abandonei a música comercial por completo. Em seguida o Decio também e ele foi morar no Chile. Quando voltou, me procurou e disse que queria trabalhar com música. Nisso, começamos a fazer os primeiros trabalhos.
Guia da Semana: Quando perceberam que era hora de investir?
Décio - Foi quando o DJ Mark Farina colocou a gente no top 10 dele no site Beatport e as pessoas começaram a dar mais credibilidade para gente. Nos sentimos mais seguros e atacamos selos mais garantidos no segmento. Hoje em dia fazemos parte dos melhores do da nossa linha a exemplo de Robsoul (França), Guesthouse e Tango.
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Os amigos já tocaram na Itália, República Checa, Inglaterra e Bélgica
Guia da Semana: Como é dividir os picapes na noite? Rolam composições juntos?
Décio - Para tocar fazemos o esquema back to back ou 4 dacks. No segundo caso usamos quatro mixers e quatro picapes, mas como a maioria dos clubes não suporta tantos instrumentos, optamos pela primeira opção onde cada um toca uma.
Dudu - Já na questão da produção, por muito tempo fizemos juntos, mas eu geralmente finalizo. Cuido mais dessa parte técnica e fico por trás dos computadores fazendo os efeitos finais. Temos as ideias juntos, produzimos a quatro mãos e damos nossas opiniões em tudo.
Guia da Semana: Ouvindo os trabalhos é possível notar uma mistura de ritmos. Como é composto o som de vocês?
Dudu - Vai muito de feeling. Antigamente era muito de tentativa e erro. Pegávamos muita coisa, jogávamos e víamos que não dava certo. Hoje já enxergamos a frente e conseguimos saber o que fica legal para mesclar com o house, que é o nosso estilo. Trabalhamos muito com elementos acústicos e juntamos com coisas autorais.
Décio - Ouvimos muito som disco, hip hop e jazz para ter inspiração. Usamos tudo isso como referência e colocamos em uma batida com a nossa cara, utilizando vários elementos. O Dudu toca também os baixos e isso faz uma diferença legal. O barato é experimentar, mas temos na mente fazer som para pista e por isso nos inspiramos muito na disco.
Guia da Semana: Antes de tocar vocês preparam um set específico para cada casa?
Décio - Tentamos ser flexíveis, mas sem sair do nosso estilo. Em algumas casas colocamos clássicos e disco. Algumas outras, propõem que os DJs toquem o lado B deles e assim vamos indo. Em outras sabemos que podemos fazer um set mais experimental, depende muito da galera que irá ouvir.
Dudu - Acreditamos muito no improviso. Não curtimos fazer live porque gostamos de mostrar a versatilidade. Hoje me sinto mais confiante. Tocamos há um tempo e as ideias que surgem durante a noite são muito legais. Não rola essa coisa pré-programada. Tentamos tocar coisas novas, clássicos, mas nunca é o mesmo set. Se alguém for a uma apresentação nossa em diferentes casas, verá coisas novas sempre.
Guia da Semana: Muitos DJs são conhecidos na noite e, em muitos casos, caem no conhecimento popular por meio da internet. Hoje, vocês acham que ela é o melhor meio de comunicação para divulgação?
Dudu - Com certeza, é muito importante. Hoje muita coisa é vendida digitalmente. Tanto vinil como CD não são tão procurados. Além disso, as redes sociais, que é o que mais usamos para nos comunicar, ajudam muito a divulgar nosso trabalho. A internet, tirando muitas porcarias que ela trouxe, é a melhor maneira de chegar ao grande público.
Décio - Até mesmo as rádios, hoje em dia, não tocam em primeira mão os sucessos. Elas procuram inspirações nos sites especializados de música.
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A dupla mistura house com disco, hip hop e jazz para animar a pista
Guia da Semana: Acham que no Brasil é possível viver de música?
Dudu - Hoje em dia eu acho. Por fazermos parte de uma agência, ajuda. Mas vender música, principalmente eletrônica, é complicado. E atualmente a música virou instrumento de promoção. Hoje em dia nem artista de sertanejo vive de vender CD. É show, apresentação. Se você é bom, um DJ que agita a galera resulta em mais apresentações e dessa forma se consegue um dinheiro. Conforme sua agenda fica lotada, você aumenta o cachê e por aí vai. Assim vive um DJ.
Guia da Semana: Em relação aos DJs celebridades, acham que eles tiram o espaço de quem é realmente profissional?
Dudu - Vi uma matéria dizendo que pelo fato da guitarra ser mais difícil, ninguém sobe no palco e fala: "vou tocar para vocês". Agora DJ é mais fácil. O cara dá o play e pronto. Ao meu ver é cada macaco no seu galho. Não chego e digo: "Me deixa participar da novela?". O Jesus Luz, por exemplo, ilustra bem isso. Por ser namorado da Madonna e modelo deixou marcante que estava lá por isso e todos sabem que ele não toca.
Décio - Ao mesmo tempo em que ele fez um desfavor, fez um favor. Abriu os olhos da galera, tornando-a mais exigente. O público não curtiu ver que ele não estava fazendo nada nas apresentações e tinha um DJ mandando o som por ele. Hoje as pessoas têm mais recurso para saber quem está tocando. Comandar o som parece ser fácil, porque não exige um conhecimento técnico a princípio, mas não é por isso que o cara vai se meter e pagar de profissional. Existe uma pesquisa por trás. E ele não vira um DJ e sim um passador de música.
Atualizado em 6 Set 2011.