Guia da Semana

Foto: Getty Images

Já não é de hoje que a música eletrônica apresenta prós e contras, mas, ultimamente, o crescimento de intrigas dentro dos próprios integrantes do estilo são cada vez mais frequentes.

Isso já vem desde a década de 90, acontecendo entre os profissionais da música eletrônica e os da black music, chegando até o ponto da criação de alguns "grupinhos".

Com a crescente moda da ouse music e suas vertentes, alguns profissionais de mentes abertas migraram seus estilos pelo bem de sua sobrevivência. Mas a grande maioria continua defendendo sua "raíz" de forma ferrenha.

Já aconteceram situações em que profissionais da house music e do psy trance não trocaram palavras, tocando na mesma festa, como se ambos não existissem.

Ou mesmo festas de trance, em que membros conhecidos da house music não entram e vice-versa, o que parece uma tremenda burrice, já que ambos os estilos possuem basicamente a mesma ideia, porém públicos diferentes, mas que podem estar na mesma festa.

Um segmento controverso da música eletrônica é o drum and bass, com profissionais de estilos agressivos, ao mesmo tempo amantes da boa música, que dificilmente se misturam com outros segmentos da e-music.

DJs famosos da mouse music esnobam e destroem com palavras alguns segmentos da música eletrônica em discussões sem sentido, como se estivessem defendendo os espaços e territórios deles próprios.

Outros denigrem segmentos que odeiam, dizendo mentiras e inventando histórias.

Recentemente, em meu msn li uma mensagem de um DJ que toca trance psicodélico, dizendo que ninguém merece ir a uma festa de drum and bass, por causa do som. Achei estranha esta colocação de um DJ que toca trance psicodélico. Até porque este segmento também é um dos mais agressivos da música eletrônica.

Esta primeira década de 2000 foi marcada negativamente por uma guerra fria e invisível de segmentos da música eletrônica que também fez surgir uma certa politicagem pela conquista de espaço, em que a house music conquistou mais do que perdeu.

Talvez a segunda década seja marcada por outro segmento, mas mesmo assim quem perde é a música eletrônica e seus amantes, pois todos deveriam respeitar e considerar o fato de levar conhecimento e qualidade para o público.

O que será do trance sem o house? E o house sem o drum and bass? Drum and bass sem a música eletrônica?

Tudo é ligado e tudo pode ser considerado quando houver bons profissionais. Talvez o problema não seja a música eletrônica, mas provável que a facilidade e grande invasão de novos nomes também estejam trazendo pessoas inconsequentes e desinformadas que só pensam em si mesmas.

Ou seja: o problema todo da música eletrônica contra a música eletrônica está em seus profissionais que não educam o público direito, banalizando a profissão e tornando cada vez mais difícil para as boas músicas entrarem no mercado.

Quando digo "boa música" quero dizer a música eletrônica em geral - claro que pensando que cada pessoa tem um gosto e as opções são as melhores armas contra os maus profissionais.

Existe uma possibilidade de melhorar e selecionar os profissionais com a legalização da profissão DJ, que está somente dependendo da aprovação do presidente, mas isso ainda vai gerar outras discussões.

O melhor e mais fácil é aceitar todos os segmentos como músicas eletrônicas e respeitar seus profissionais para nossa própria sobrevivência e parar de fazer demagogia a favor de um ou de outro.

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Quem é o colunista: DJ há 18 anos, produtor musical há três anos, divulgador de musicas para rádios desde 1997.

O que faz: DJ, produtor de música eletrônica e empresário do ramo de Rádio.

Pecado gastronômico: Lasanha e Pavê de Sonho de Valsa.

Melhor lugar do Brasil: Meu estúdio de produção musical.

O que está ouvindo no carro, iPod ou mp3: Musica eletrônica e diversos outros estilos que contenham letras bacanas e melodias.

Fale com ele: [email protected] ou acesse o site do colunista!

Atualizado em 6 Set 2011.