Guia da Semana

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Em 7 de agosto de 2009, uma nova legislação polêmica entrava em vigor nos estabelecimentos do estado de São Paulo: a lei antifumo. De acordo com a medida, seria proibido fumar em locais fechados de uso coletivo, como bares, restaurantes e casas noturnas. Até mesmo os famosos fumódromos e as áreas reservadas para fumantes foram vetadas para garantir ambientes 100% livres do tabaco e, assim, preservar a saúde pública. Logo depois, a lei também passou a valer no Rio de Janeiro.

Inspirados em uma tendência internacional de restrição ao fumo adotada em cidades como Nova York, Londres, Paris e Buenos Aires, os governantes pegaram pesado na fiscalização. Para evitar punições, os responsáveis pelos estabelecimentos tiveram de adotar algumas medidas, como afixar cartazes alertando sobre a proibição e retirar os cinzeiros das mesas para desestimular o hábito. Em casos de resistência do cliente em se adaptar às novas regras, a polícia poderia ser acionada.

Em São Paulo, segundo balanço da Secretaria de Estado da Saúde, a lei antifumo completou um ano em vigor com 99,78% de adesão. Até 31 de julho, agentes da Vigilância Sanitária Estadual e do Procon realizaram 360.741 inspeções por todo o estado e aplicaram 822 multas, o que representa apenas 0,22% de descumprimento. Um estudo realizado pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, o Incor, também revelou que houve uma redução de até 73,5% nos níveis de monóxido de carbono no interior desses ambientes.

Sem fumaça

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Pista da casa noturna paulistana Pacha, onde é proibido fumar

Ao longo do período de adaptação à lei, os estabelecimentos tiveram de mudar a dinâmica de funcionamento e enfrentar as adversidades. "Fixamos avisos sobre a lei nas paredes e colocamos cinzeiros cilíndricos na calçada. Quem fuma tem que sair. À noite a gente recolhe as bitucas", conta Daniel Jorge Cotrim, sócio do Bar Serafim, em Moema, São Paulo. Segundo ele, não há como fiscalizar a saída, mas as pessoas deixam os pertences e a conta da mesa permanece aberta.

Para Cotrim, a lei beneficiou o bar, pois atraiu novos clientes. "Melhorou muito a frequência das pessoas. Muita gente que não costumava ir a bares por causa da fumaça, passou a ir ao local. No início, ficamos preocupados com a queda do faturamento, mas isso não aconteceu. As pessoas passaram a frequentar o bar por causa da lei", afirma. "Hoje, os clientes não saem com cheiro de cigarro. O tabagismo foi totalmente combatido", completa.

Já na Pacha, famosa casa noturna paulista, houve queda de movimento durante aproximadamente um mês após a implementação da medida, mas depois a situação voltou ao normal."No começo, era preciso ter sempre mais seguranças orientando as pessoas a apagar os cigarros, mas ao longo do tempo todo mundo ficou mais educado. Hoje os clientes sabem exatamente onde é possível fumar e respeitam", relata Marília Gonçalves de Souza, gerente do estabelecimento.

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A varanda do Senzala Bar e Grill, em São Paulo, foi dedicada aos fumantes

Com a proibição, a casa aproveitou o terraço como espaço para fumantes. "Como a Pacha dispõe de uma terrazza totalmente descoberta, onde é permitido fumar, acabamos por ter um diferencial em relação à concorrência", diz Marília. O paulistano Senzala Bar e Grill também se beneficiou por contar com uma área externa com 180 lugares. "Após a lei antifumo, aumentou o número de pessoas que buscam o ambiente externo do bar, pois lá é possível ficar à vontade, sem incomodar quem não fuma", afirma Carlos Morgado, um dos proprietários do Senzala.

Na badalada casa noturna carioca Privilège, a parte descoberta também foi aproveitada para satisfazer aos fumantes. Placas também foram instaladas para sinalizar as áreas proibidas. "Foi uma adaptação rápida. Na mesma semana da implantação da lei, os fumantes já usavam a área externa. Os clientes não-fumantes aprovaram, muitos reclamavam do excesso de fumaça e cheiro de cigarro nas roupas. Hoje em dia, os fumantes e não-fumantes convivem harmoniosamente", garante

Atualizado em 1 Dez 2011.