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A noite de São Paulo está ficando insuportável, sempre as mesmas caras, os mesmos perfumes e os mesmos modelos, tirados sem criatividade das vitrines dos shoppings.
To pensando seriamente em começar a freqüentar bibliotecas, só assim pra conhecer pessoas interessantes.
Cada figura no nightlife representa um personagem:
- Tem o tigrão, aquele cara que passou dos 40, se veste como garotão de 20, faz academia na Fórmula ou na Competition, usa a camiseta um número menor pra mostrar o peito "pomba" que conquistou com as bombas, anda de carro importado, dá festas para as pseudo-barangas no seu flat e no trânsito abre o vidro para todo mundo ver ele de óculos da Gucci, relógio da Diesel e trilha sonora música eletrônica vertente house comercial.
- Tem as caçadoras de rolex, aquela pseudo-puta, que não trabalha no bordel mas se vende por qualquer garrafa de champanhe. Só fica com caras de muitas posses e usa roupas com estampas de bicho selvagem grudadas no corpo pra valorizar a silhueta.
- Tem o playboy imbecil, sustentado pelo pai. Gasta 2 mil por noite e pega o camarote mais notável da casa, pra todo mundo enxergar que ele é da noite, que ele vive na noite, que ele conhece da hostess ao barman e que ele pode colocar as pulseirinhas do camarote em quem ele quiser. Seu combustível é vodka com energético, ele pede garrafas e mama no álcool feito um bezerro.
- Tem a pagodeira de top azul turquesa, que usa mini-saia e sandália de cristal (salto transparente) e dança no centro da pista como se estivesse numa prateleira de supermercado em promoção. Carne de segunda que, por incrível que pareça, chama atenção.
- Tem aquele velho imbecil, que não se olha no espelho e ainda depois de passadas as 55 primaveras sai na noite afim de angariar conquistas da metade da sua idade. Fumam o insuportável charuto, poluindo o ambiente e deixando aquele cheiro horrível nas nossas roupas.
Dias desses, estava eu em uma dessas "festas fechadas", only vips... Tudo de graça, menos o estacionamento. Daí uma figurinha dessas que vive estampando páginas de revistas de celebridades foi pedir o carro se achando, pena que não tinha 15 reais para dar ao manobrista... Pois é, a vida é assim, o cara aparece na revista, dá entrevista na TV, mas só sabe fazer isso, daí não sobra tempo pra trabalhar e ganhar dinheiro. Que bom que eu acordo todo dia às 7h30 pra trabalhar. Assim não posso freqüentar o nightlife todo dia e tenho muito mais que 15 reais para fazer minhas coisas do jeito que eu quero, sem precisar fazer pose pra ninguém!
Quem é a colunista: Denise Molinaro, jornalista
Pecado gastronômico: mousse de tapioca com sorvete de mixirica, no Santa Gula
Melhor lugar do Brasil: praia do Pepê, no Rio de Janeiro, em frente a barraca do Sarney!
Como falar com ela: [email protected]
Atualizado em 6 Set 2011.