Festa de 3 anos da Trash 80´s no Tom Brasil, em 2005. Foto: Trash 80´s. |
Pra quem já leu as colunas anteriores, sabe que noite faz parte da minha vida há muito tempo.
Mas o que a gente deve levar em conta quando traça o projeto de uma festa?
Primeiro, analisar o caráter da noite: se vai ser algo despretensioso ou se realmente quer ganhar sustento com a empreitada. Se não houver intenção de transformar num negócio, não meça esforços para que vocês e seus convidados sintam-se à vontade e esqueça o contracheque. Se ficou pendurado no cheque especial porque queria aquele DJ bacana, não deixe que isso seja um acréscimo à já natural ansiedade que antecede o evento. Faça como se essa noite fosse única. Se você não tem grandes pretensões será mesmo, certo? Errado! Foi assim que comecei com a Trash 80´s, que hoje conta com mais de 20 funcionários diretos e outras dezenas de agregados na produção.
Tudo começou com a despretensão sugerida, uma vez que era pra ser apenas minha festa de aniversário num local que o povo da noite considerava decadente, o Centro de São Paulo. Adicione a isso um repertório de gosto duvidoso, as famosas pérolas kitsch da década de 80. Além dos amigos que eu e meu sócio Tonyy nos esforçamos em convidar, apareceu mais uma horda sedenta por cultura pop divertida.
Da festinha pequena que levou 150 pessoas, a lotação máxima do apertado Bar d´Hotel Cambridge em 2002, hoje comandamos festas que levam cerca de 2500 por final de semana. A transição de uma comemoração de um simples aniversário para uma das festas mais tradicionais de São Paulo não foi nada fácil. Baseando-me em conceitos que pensei que não precisaria analisar, assumi um negócio e isso resulta em responsabilidade, organização, estratégia e logística. Um processo invertido pra muito empresário da noite. A Trash assumiu aspectos de fenômeno, o que me deixou temeroso com relação a uma simples "onda".
Outros projetos, até mesmo desmembrados da própria Trash, foram extremamente calculados. Antes de iniciá-los, fizemos estudos minuciosos, projeções, expectativas, um planejamento detalhado. Infelizmente, alguns deles foram tiros n´água. Então, onde está a tal lógica que tento esboçar no começo deste texto?
Para algumas ações, planejamento é risco minimizado. Mas com toda certeza o que mais conta para um projeto de festa ser bem sucedido é criar um clima diferenciado. Para essa mágica eu ainda não achei a fórmula. E nem sei se existe.
Um preceito é básico e vovó já dizia: quem não arrisca, não petisca. O importante é não esperar, fazer.
Leia as colunas anteriores de Eneas Neto:
? Segmentar é preciso: será que em São Paulo existe muita festa para pouco público?
? Todo mundo espera tudo da noite: a violência das grandes cidades exige cuidados extras para quem se joga na noite.
? Saga noturna: um retrato da trajetória do colunista pela noite paulistana.
Quem é o colunista: Eneas Neto
O que faz: Jornalista, DJ e empresário multimídia
Pecado gastronômico: Os doces são sempre os proibidos, mas não dá pra resistir ao Athenée da Pâtisserie Douce France.
Melhor lugar do Brasil: São Paulo. Noite e dia. 24h.
Fale com ele: [email protected]
Quer saber mais? Acesse www.trash80s.com.br e www.fiberonline.com.br
Atualizado em 6 Set 2011.