Por Camilo Rocha
Novidades na Rua Pequetita. Mas agora não se trata de uma residência nova ou uma reforma dos banheiros. Estamos falando de um ser inteiramente novo na família Lov.e Club. Se tudo correr como previsto, em 17 de outubro, Flávia Ceccato inaugura um boteco/cabaré chamado Loveland. Para aqueles que reclamavam que o Lov.e não se renovava, impossível ter algo mais diferente que o clubinho: a nova casa vai ter jazz, teatro, performance, dança, mesa de snooker e bandas no cardápio. Empolgada, ela falou sobre o novo projeto: "O alvo mesmo é o público que, como eu, não agüenta mais club, club, club".
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É um boteco que não tem essa cara "Rio de Janeiro" da maioria dos botecos. Tem uma decoração mais sofisticada, em vermelho, roxo, dourado e muito espelho. O cardápio é bem despretensioso. Tem uma mesa de snooker oficial no fundo e um palco, que na verdade é o grande diferencial. Vamos trabalhar performances burlescas, como a da atriz "Michelle L´Amour" que vem para a abertura. Entre outras "coisinhas".
É uma extensão do Lov.e atual?
Mais ou menos. Na verdade ele tem uma ligação com o Lov.e e poderá ser uma extensão em noites especiais mas só quero usar isso daqui a algum tempo. Por enquanto serão dois espaços totalmente independentes apesar da fachada ser uma só.
Qual a proposta musical e conceitual do cabaré?
Musicalmente, coisas que não se ouve em lugar nenhum. Musiquinha de cabaré mesmo! Música francesa, jazz, chicana, cha cha cha... A música aqui não é pano de fundo, ela é um elemento essencial da história toda. Quero que as pessoas percebam o que está tocando. Mas não tem pista, nada disso. Não é club de forma alguma. É um bar que funcionará a partir das 19h e terá apresentações no palco as quintas, sextas e sábados. As quintas, por exemplo, serão de jazz. Ainda teremos pockets de teatro e bandas, é bem o que a gente fazia no começo do Lov.e, dentro do projeto Lov.e´n´Lab. Eu adorava, mas essas coisas foram perdendo espaço dentro do club. As pessoas foram chegando cada vez mais tarde. A idéia é resgatar um pouco daquele clima e acrescentar ainda mais coisas. Estou chamando curadores para esse palco, cada um atuando em uma linha: música, teatro, dança. Ainda teremos um espaço para exposições, mas isso será num segundo momento.
Que público quer atingir?
Olha... tem aquela coisa happy hour Vila Olímpia que quero mais é que role. Mas o alvo mesmo é o público que, como eu, não agüenta mais club, club, club. Ao mesmo tempo, nem sempre eu quero sentar no bar com mesa de plástico. Queria um lugar com boa música, onde você pudesse chegar tarde e ter uma quantidade generosa de drinks, além da cerveja gelada sempre (no Loveland em garrafa!). Um público musicalmente mais maduro, que vai entender a proposta. E os que deixaram de freqüentar porque não agüentam mais o som alto, o ambiente ou simplesmente querem poder conversar.
Por que você sentiu necessidade de renovação?
Já fazia um bom tempo que eu queria abrir um bar. Andava procurando um espaço. Coincidiu de eu ir bater no vizinho com toda a cara de pau do planeta e ele me dizer que deixaria o imóvel em um mês. Nem chegou a ir para a imobiliária. Aluguei direto. A necessidade de renovação tem que existir sempre. Porque o tempo passa rápido, as coisas mudam numa velocidade incrível e ou você acompanha ou come poeira. Mas para mim, pessoalmente também foi importante. Precisava de novos desafios.
Como você vê o Lov.e hoje? O que tem de bom e ruim na fase atual do Lov.e?
O Lov.e está consolidado faz tempo. A noite é cíclica então é impossível que todas as noites sejam um sucesso o tempo todo. Não temos do que reclamar. Mas a gente não pára de trabalhar nunca. Continua acreditando, investindo. Bom é que o público também se renova e é legal ver essa moçada lotando as noites. Sentimos que estamos no caminho certo. Ruim é que tem pouco espaço para "experimentar". Nosso público vem atrás daquilo que nos tornamos e claro que levamos informação através da música mas eu acho isso restrito. Queria poder fazer mais. Vou conseguir com o Loveland. E tem também a velha história dos "amigos" né!? É difícil aceitar que eles não te freqüentem mais. Que não passem nem para uma cervejinha. Demora. Dá uma certa revolta durante um tempo. Mas sempre aparece gente nova também. Alta rotatividade! É só trabalhar o desapego! (risos)
Quais os planos pro clube?
O club continua trabalhando no mesmo caminho. As noites continuam as mesmas, com pequenas alterações internas... agora tem o retorno do Marky. Temos artistas internacionais importantes até o final do ano. Uma nova escola de DJs aos sábados. Mas aprendi que nesse meio, melhor do que falar é fazer.
Muita gente reclama que o Lov.e nunca foi reformado, mantendo a mesma cara todos esses anos. Você nunca sentiu necessidade de mudar a cara do Lov.e?
Reclamar é um direito, mas se eu mudasse a decoração, você freqüentaria como antes? Não. É o que eu sempre digo, você identifica na hora uma imagem do Lov.e. Acho isso super importante. O Ângelo sempre brigou comigo, dizia que eu jamais poderia mudar o club, que ele tinha que ser assim até o dia que fechasse as portas. Eu, particularmente, acho que se um dia eu fizesse uma grande transformação, neguinho iria dizer que é uma pena... que o Lov.e era tão legal antes! Vou mudar algumas cores agora para ficar mais pertinente com o Loveland, para o "choque" não ser tão grande mas não acredito que tirar um lustre do lugar ou mudar a decoração, traga gente de volta. Para mim esse lance de "mudar a decoração e reinaugurar" é um truque fraco que quase nunca funciona. Quem vem ao Lov.e, vem basicamente pela música. E sabe, são oito anos e tanto! Cansa mesmo. Eu sinto vontade é de mudar a minha cara!
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Atualizado em 6 Set 2011.