Guia da Semana

Foto: Getty Images


Depois de algum tempo pensando e pesquisando sobre alguns aparelhos para DJs, me deparei com um dos mais importantes, desde que o DJ se conhece por DJ mesmo: os fones de ouvido.


Chamados de "os principais vilões" por especialistas que analisam as causas da surdez, de fato, eles realmente contribuem de forma efetiva para a maioria dos DJs que perdem a audição, mas, como eles dizem, isso não é o fim do mundo. Afinal, temos dois ouvidos e podemos alterná-los. O que todos esquecem é que o outro também está explodindo por causa da caixa de retorno da pista.

Mas, ao contrário do que muitos pensam, o vilão da perda da audição não é somente o volume. Para ser sincero, a altura do som responde por somente 30% da surdez. O restante é dividido entre a qualidade da música e qualidade do fone.


Então, vamos imaginar um maluco que acha que, para fazer uma boa mixagem, o volume do fone tem que estar altíssimo e rachando tudo. Automaticamente, ele também aumenta o volume do retorno porque, se o fone está rachando tudo, obviamente ele não ouve o som de volta. Fica tudo tão alto que, em determinados casos, o barulho da cabine começa a vazar na pista. Fica tudo horrível e um som de pista balanceado vai para o espaço por causa de um DJ sem noção de volume.

Juntamos esta altura toda ao fato de o DJ estar tocando um som mal equalizado, em MP3 de 128 Kbps, tocando tudo no vermelho e, com isso, aquecendo as bobinas das caixas da pista e do fone. Isso, ainda, aliado ao alto grau de impedância dos fones, faz o DJ achar que, para ser DJ, é só tocar música, ficar surdo em questão de dois anos se ele trabalhar cinco vezes por semana.


Talvez eu esteja falando grego, vou tentar simplificar.


Um som mal equalizado é aquele que não é equilibrado, tem mais graves do que médios e agudos. Por exemplo, nos picos, o áudio sobe tanto que a ausência de onda sonora faz aquecer o autofalante por não haver refrigeração e, com isso, ele queima. Isso geralmente é ocasionado por áudios em MP3, devido à compressão. Um exemplo que eu uso é comparar o MP3 a uma folha de papel: quanto mais amassamos, menos conseguimos ler o que está escrito. O MP3, quanto mais comprimimos, menos ouvimos as propriedades musicais e tudo que estava separado se junta.


O fato de o DJ tocar no vermelho significa que as ondas não existem mais, elas ficaram quadradas. Por isso, em todos os aparelhos, existem as cores verde, amarela e vermelha. Existem DJs que insistem em dizer que o som fica bom quando tocado no vermelho. Uma bobagem dessa só pode ser dita por um completo amador. Se fosse esse o caso, as cores seriam invertidas pelos fabricantes.


Um fator muito importante de um bom fone de ouvido para um bom profissional é a impedância, representada por um símbolo parecido com uma tiara com os fones para o lado de fora - este símbolo significa a sigla Ohms. Tem em qualquer fone de ouvido, inclusive em fones caseiros de iPod, celulares, etc... Portanto, isso é de utilidade de todos. Quanto menor é o número escrito na embalagem do fabricante, mais nítido é o áudio que ele oferece. Por exemplo, quando for comprar um fone, pegue dois para comparar, no fone X temos 105 db a 40 Ohms e, no Y, temos 100 db a 30 Ohms - então, é melhor compramos o Y.


É muito importante olhar isso em todos os fones comuns, porque essas informações são decisivas para conservação da audição, já que os aparelhos simples são pré-configurados para não danificarem os sons tocados. Então, o que pode danificar a audição são os MP3 gravados e um fone de ouvido mal escolhido.


Atualmente, as pessoas amadoras e profissionais compram os fones de acordo com a beleza que eles possuem, as cores, o design e a potência. Poucos levam em conta a qualidade escrita, inclusive os próprios DJs. A maioria gasta valores altos em fones exclusivos, para aparecer bem em fotos, serem copiados e admirados. Mas a maioria desses fones é péssima em termos de qualidade, danificam a audição e prejudicam o desempenho.


Como a maioria dos brasileiros tem preguiça de ler e se informar, acha que fone bom é fone caro. Isso é uma estupidez total. Gastam duas vezes mais por um fone que vai tirar a audição deles duas vezes mais rápido.


Infelizmente, não posso citar marcas boas ou ruins para fones de DJs, mas posso dizer que duas das marcas mais usadas no Brasil são ruins em termos de qualidade, e os melhores são aqueles utilizados em estúdios profissionais, levando em conta a impedância.


Tudo isso pode parecer bobagem, mas quantas pessoas ouvem música em fones? Então, quantas não sabiam destas informações e estão com problemas de audição e, principalmente, com dores de cabeça, dizendo que são causadas pelo estresse do dia a dia, trabalho, etc? Mal sabem que foram as porcarias que ouviram o dia todo que deram a dor de cabeça.


A escolha de um bom fone de ouvido é importante. Não importa o valor, mas, sim, se ele tem qualidade e, principalmente, se ele é original e confiável.

Leia as colunas anteriores do DJ Fabio Reder:

Falidos viram DJs

15ª Parada LGBT

Os X DJs na Water Republic

Quem é o colunista: DJ há 18 anos, produtor musical há três anos, divulgador de músicas para rádios desde 1997.

O que faz: DJ, produtor de música eletrônica e empresário do ramo de rádio.

Pecado gastronômico: Lasanha e pavê de Sonho de Valsa.

Melhor lugar do Brasil: Meu estúdio de produção musical.

O que está ouvindo no carro, iPod ou mp3: Música eletrônica e diversos outros estilos que contenham letras bacanas e melodias.

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Atualizado em 1 Dez 2011.