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Domingo não costuma ser um bom dia, e seria difícil achar alguém pra discordar. Às vezes você até acorda tranquilo, bem-humorado, numa ressaquinha gostosa, mas de repente ouve a voz do Faustão na sala e tudo vai abaixo. A noite, então, pode ser considerada a Noite Internacional da Mágoa. Engraçado como a antecipação de algo ruim - a segunda, no caso - possa ser tão ou ainda pior do que a coisa em si.
Se existe uma solução para esse problema, ela se chama "encher a cara". E se existe um lugar adequado para fazer isso no domingo, em São Paulo, ele atende por Gambiarra - Gambis, para os íntimos. O nome já diz tudo. Arranjamos um jeitinho, fizemos um esquema, demos de malandro e criamos essa festa.
Quem criou, no caso, foram alguns amigos do teatro. Afinal, enquanto nós, reles mortais, acordamos acabados e temos que ir para o trabalho fingindo que está tudo bem, de garrafinha de água numa mão e copinho de café na outra, quem é ator sai da apresentação de domingo pronto pra se acabar e ficar dormindo a segunda inteira. E assim fez-se a Gambiarra. Que como grande parte das gambiarras, deu certo. Muito certo.
Mas, mesmo com a festa estourando, o conceito permanece - quem tiver DRT (registro como ator ou profissional do ramo) paga só 10 reais de entrada, metade do preço normal. Não sei se Reynaldo Gyanecchini tem usado seu DRT pra ganhar desconto - com a crise, ta fácil pra ninguém não - mas que ele está toda semana na Gambiarra, isso ele está, com seus inconfundíveis decotes em V em blusas de lã da Armani.
Zé Celso já comandou a discotecagem e aproveitou o resto da noite para, do alto de seus 71 anos, se engraçar com jovens admiradores. Leandra Leal e Leonardo Miggiorin também costumam marcar presença. E para você ver como o conceito de "festa de ator" pode ser amplo, quem também podia ser vista lá duas semanas atrás? A única, a lendária, a gloriosa... Thammy Gretchen.
O conceito é esse. Fazendo Shakespeare ou fazendo pornô, você tem o seu lugar no grande coração de mãe que é a Gambiarra. Espaço é o que não falta lá - quando você acha que acabou tem mais uma portinha, mais uma escadinha, mais uma pista, mais um rodízio de caldos (sim, rodízio de caldos). Tudo com o charme do Salvador Dali, ali do lado do Hotel Cambridge. E, mais importante do que tudo: com Cerveja a três reais e caipiroska a sete. Mistura de tipos de gente, mistura de sexualidades, mistura de estilos musicais, mistura de fermentados e destilados... quer mais o quê? Porque todo dia pode ser sexta... mas todo dia também pode ser domingo. Um ótimo domingo.
Quem é o colunista: João Pedro, mas pode me chamar de Johnny.
O que faz: Estudante de Relações Internacionais.
Pecado Gastronômico: Pacotes inteiros de wafer de chocolate
Melhor Lugar do Mundo: Minha cama.
O escuta no carro, iPod, mp3: Músicas calmas, para dançar e tudo que fica em algum lugar entre as duas.
Para Falar com ele: [email protected]
Atualizado em 6 Set 2011.