Prepare-se para dar uma gorjeta a mais no dia 11 de agosto
Não importa o data, hora ou momento: o garçom está lá para servir a quem entrar, com sua casaca de pinguim nas casas mais tradicionais ou uniformes mais casuais. Datas e celebrações, ele está em todas, do aniversário ao dia da secretária. Mas quem se lembra do dia em homenagem a esse trabalhador que movimenta (literalmente) uma fatia gorda do produto interno nacional?
Se você não sabe, agora já pode se programar: dia 11 de agosto é o dia desse nobre profissional. E, pasmem, cai na mesma data do dia do advogado, justamente no famoso dia do pendura, quando os estudantes de direito brasileiros há meio século deixam calotes incalculáveis e dores de cabeça para a turma bandeja.
Mas a boa freguesia boêmia da noite sabe que o garçom é um verdadeiro parceiro e assim merece ser tratado como tal. Para fazer uma justa homenagem e até uma mea culpa, o Guia da Semana entrevistou alguns desses profissionais para saber o que é in e out nessa delicada relação etílica e sentimental. De quebra, aproveite para saber mais das casas onde eles trabalham e passe lá para fazer um brinde a esse amigo velho de guerra.
Cantada
para dar (com todo o respeito)
para receber
Quem não gosta de se sentir querido e desejado? Se você é daqueles e daquelas que gostam de paquerar, saiba que eles estão atentos, com diz Leandro Rasta, barman do paulistano Eu, Tu Eles. Mas ele frisa que o bom profissional não pode dar trela. "Se for de uma forma educada, a gente gosta, mas não pode haver recíproca. A mulherada pode estar até alterada, com umas ou outras a mais na cabeça, mas o garçom não pode ceder: tem de ser simpático, agradecer até com um leve sorriso, mas não pode passar disso". Mas for depois do expediente e fora da casa, o descolado rastafari de 28 anos (meninas, ele está namorando!) sabe que fica por conta das segundas e terceiras intenções.
Eu, Tu, Eles
Avenida Brigadeiro Faria Lima, 2902 (Esquina com Av. Cidade Jardim), Itaim Bibi
Telefone: (11) 3071-3023 / 3071-453
O famoso "chorinho"
se você é freguês e respeita a dose
se vira maladragem excessiva
A questão é polêmica e, se bobear, o principal motivo de brigas. O que é visto por muitos como atenção e gentileza, no exterior chega a ser repelido pelos próprios frequeses. Coisas do Brasil. Lucas Alves, 29 anos, 10 anos de noite e atualmente no comando do balcão de drinques do Kia Ora, é enfático e corajoso ao afirmar que essa prática não é legal. "Com quem a gente tem uma certa intimidade até brinca que isso não é caldo de cana", diz na lata. A medida padrão da dose é 50 ml, e assim como em qualquer produto no setor de Alimentos e Bebidas, as quantidades são controladas.
No entanto, Leandro Rasta, do Eu, Tu, Eles, destaca que há malandragem também do outro lado do balcão. "Há bares que usam medidas menores de 40 ml e aí completam os 10 restantes no chorinho, como política da casa". O que o cliente tem de ficar atento mesmo é em não aceitar copo com escama de gelo, que só dilui a bebida". Por isso, para não forçar a amizade, convém saber - e acima de tudo respeitar - o trabalho de cada casa. Ah, o bar segue à risca a medida de 50 mil e dá o chorinho para não perder a amizade.
Kia Ora Pub
Rua Doutor Eduardo de Souza Aranha, 377 Itaim Bibi - Zona Sul -
Tel: (11) 3846-8300
Saudação
Sempre chamar pelo nome
Os garçons merecem o mesmo respeito que recebe o Cabrito com arroz de brócolis do Nova Capela
"Gostaria de ser chamado pelo nome, mas infelizmente isso é minoria", declara Antônio Simão, 61 anos, mais de 35 anos em bares e há oito anos no restaurante Nova Capela, uma verdadeira instituição carioca. Ele ainda frisa ainda que o garçom nunca deve esticar a mão sem que o cliente faça primeiro.
Educação não tem idade, e o jovem Leandro Rasta assina embaixo. "O freguês não é obrigado a decorar o nome de ninguém, mas não custa ser educado. Hoje todo mundo usa crachá, até para o cliente para identificar os bons dos maus garçons", destaca. Então, se você está com amigos e família, curtindo um chope, um suco e um petisco e o garçom demorar um pouco, não se estresse. É só levantar a mão e esperar um pouquinho que alguém vai te atender, mesmo quando a casa está lotada, pois, boêmio que é boêmio não liga muito para isso.
Nova Capela
Rua Mem de Sá, 96, Lapa - Centro
Telefone: (21) 2252-6228
Pedido e mais pedidos
se for para ajustar o paladar
se for para fazer invencionice
Eles garantem que não precisa ter medo de cuspidas, nem outras sacanagens. "Se a mercadoria não está adequada ao gosto do freguês, ela volta sem problemas", afirma Ademar Santos Covini, gerente do Antônio's, no coração da Lapa, e As reclamações são as mais variadas, com destaque para o ponto de cozimento da picanha. "Mas tem um povo que é confuso e realmente não sabe pedir. Se vem um casal e cada um gosta de um ponto, é melhor avisar desde o início que a gente já divide", ri alto o cearense, com mais de 45 anos de boemia no centro e zona sul do Rio de Janeiro.
Para a galera dos drinques e coquetéis, o que mais irrita é querer inventar drinque que não existe na carta. "O cliente tem de respeitar a receita. Caipirinha que é caipirinha é feito com limão e cachaça da boa e pouco açúcar. Batidinha de morango com vodca é outra coisa drinque, e se não tem na carta, não adianta forçar", afirma categoricamente.
Antônio's - Lapa
Rua Mem de Sá, 88 Lapa - Centro - (21) 2224-4197
Atualizado em 12 Fev 2014.