Ale e João são ícones da cena house nacional Foto: Divulgação |
A bola da vez nas pistas é a house music. Popular em todo o mundo, a vertente encontrou no Brasil espaço e público. Abusada pelas rádios FM, ela não é só alvo do modelo comercial de vender música. Representantes da cena house no país, Ale Reis e João Lee engatam juntos o projeto Dubshape, inspirado em elementos do deep house e do house old school, com pinceladas obscuras do techno. Em paralelo, os produtores tocam projetos individuais, sempre ligados ao gênero. Saiba mais sobre a dupla em entrevista concedida ao Guia da Semana.
? Myspace do Dubshape ? Myspace do Ale Reis ? Myspace do João Lee |
Guia da Semana Como surgiu a idéia do projeto?
Ale Reis e João Lee Na verdade, o Dubshape começou de uma forma totalmente despretensiosa. Não tínhamos pensado em tocar juntos nem nada. Sempre tivemos em comum a paixão por estúdio e uma coisa levou a outra. Acabamos fazendo uma música, a Pieces, e nosso amigo Silvio Conchon fez o favor de mandá-la a dupla inglesa Audiofly. Eles adoraram e resolveram assiná-la para o selo deles, o Supernature. Aí as coisas começaram a acontecer. Com relação a tocar junto, a idéia surgiu depois que a D-Edge, boate de São Paulo, nos convidou para ser residentes da noite Moving, que rola mensalmente. Resolvemos, já que o projeto de produção vinha dando muito certo, estender a parceria para os clubs também. E não há lugar melhor para fazer isso do que na D-Edge.
GDS Qual o objetivo dele?
A e J Arte.
GDS Quais as influências musicais de vocês? Como vocês as inserem no projeto?
A e J Soul, jazz, dub, house e techno de todas as épocas servem de inspiração para a gente e são colocados de forma intuitiva.
GDS Quem são ´os caras´ da música eletrônica nacional e internacional para vocês?
A e J Da cena nacional tem dois artistas que respeitamos muito: o Gui Boratto e o Andre Torquatto. Da cena internacional tem mais artistas. Entre os preferidos estão Luciano, Ricardo Villalobos, Carl Craig, Henrik Schwarz, Loco Dice, Solomun, Radio Slave, Steve Bug...
GDS O que tem de bom e o que falta na cena eletrônica nacional?
A e J Ela vem crescendo bastante. Sempre tem lugar novo abrindo. E isso é legal. O que tem de bom é que tem bastante festa. A cena continua andando para frente. Cada dia tem mais público gostando de ouvir música eletrônica. O que tem de ruim é que a cena é pouco unida. Existe preconceito entre artistas e públicos que curtem diferentes estilos. E tem pouco DJ produzindo musica eletrônica.
GDS Se vocês tivessem que estipular um rótulo musical para o projeto, qual seria?
A e J Temos influências, não rótulos.
João Lee na Moving, D-Edg Foto: Divulgação |
GDS O que o público da e-music no Brasil ainda tem que aprender a ouvir? O que é mais aceito e menos aceito por aqui?
A e J Antigamente era difícil achar e comprar musica eletrônica no Brasil. O mercado de vendas era muito pequeno. Hoje em dia com a internet as coisas melhoraram significativamente. Com isso tanto os DJs quanto o publico aprendem e conhecem mais sobre música e cultura eletrônica. Mas, tomando como base a Europa principalmente, ainda tem o que melhorar. Aqui no Brasil ainda existem as pessoas que acham que DJ tem a obrigação te tocar todos os estilos de musica. O que deveria ajudar bastante são as rádios. No entanto, infelizmente não existe um equilíbrio entre musica comercial e conceitual. Aqui só toca comercial.
GDS O house se popularizou muito no Brasil e com isso surgiram muitas produções comericias. Como vocês vêem isso?
A e J Não é algo negativo. Classificar música como ruim ou boa é relativo, afinal, gosto não se discute. O que não pode acontecer é sempre dar espaço para um dos lados. A cena de house é a mais popular no mundo inteiro. Não só no Brasil. Só que os veículos de divulgação de música no Brasil estão preocupados com a grana. Não querem saber se a música é de qualidade e sim se é comerciável.
GDS O que vocês acham dos festivais nacionais que envolvem e-music?
A e J Em termos de estrutura são legais. Não deixam a desejar. Mas tendo em vista o nosso gosto musical, eles poderiam ser melhores. Achamos que faltam festivais menores com estilos musicais mais alternativos.
Em paralelo ao Dubshape, Ale Reis comanda um projeto mais jazzy, o Nomunbah Foto: Divulgação |
GDS Qual a opinião de vocês sobre o que é tocado nas rádios FM da vida?
A e J Muito ruim. Demais. As rádios passam uma informação nem sempre correta. Às vezes ouvimos assim: "e agora vamos tocar uma musica que é sucesso nas pistas do mundo inteiro". Nada contra, mas a informação tem que ser passada de forma correta. Quem acompanha a cena eletrônica mundial sabe que a maioria das músicas que toca nas rádios aqui não é sucesso no mundo todo. Música comercial é importante, faz parte do mercado. Mas só tocar musica comercial indica claramente qual o interesse das rádios.
GDS Que softwares vocês usam no estúdio? E para tocar, preferem CD ou vinil?
A e J Dentro do estúdio sempre usamos um Mac com o software Logic. Por nenhum motivo especifico. É gosto pessoal. Tem diversos softwares legais para se trabalhar hoje em dia, mas já usávamos o Logic antes mesmo de trabalharmos juntos. Nas boates tocamos bastante tempo com vinil. Só que hoje em dia não compensa mais por razão do custo de importação e também pela velocidade que a música chega as suas mãos no formato digital. Por isso, ambos resolvemos tocar com CD.
GDS Um top 10 da dupla, por favor.
1 Solomun - International Hussle
2 Stimming & Einmusik - Madeleine
3 Two Armadillos - Nostalgia (Tobias Remix)
4 Reset - Mammas Gun
5 Chelonis R - On And On (Monoroom Remix)
6 Gui Boratto - Golden Axe
7 Dubshape - Droplets
8 Alex Jones - Bed (Dan Berkson Remix)
9 Shonky - Times Zero (Paul Rich Remix)
10 Loco Dice - 7 Dunham Pallace
Atualizado em 6 Set 2011.