Guia da Semana

Foto: Getty Images


Na minha adolescência, a rua Augusta era dividida em duas partes: uma chique, com lojas e boutiques de roupas. A outra parte tinha teatros e diversas casas de prostituição, além de garotas vendendo seus serviços na rua. De lá para cá se passaram cerca de 15 anos e quase nada mudou nesse aspecto.O que mudou substancialmente foi o público freqüentador da parte "degradada" da Augusta.

Nos anos 90, a Vila Madalena era um contra-ponto ao playboyzismo da Vila Olímpia. A Madalena tinha um perfil hippie, de contra-cultura, de despojamento. A Olímpia era o contrário disso. Nos primeiros anos da década seguinte, diversos bares abertos na Vila Madalena tinham/têm cara de Vila Olímpia, com isso, os dois bairros ficaram bem similares. Tirando um ou outro bar mais antigo, a verdade é que o bairro mudou. Com isso, o público que gostava de bar pé-sujo migrou para outros lugares. Um deles foi a rua Augusta.

Semana passada estive por lá, eu tenho evitado a região ultimamente, e fiquei impressionado com a quantidade de adolescentes espalhados por toda extensão da baixa augusta - denominação execrável que deram para a parte da rua que fica para o lado do centro. A região mais próxima da Paulista é freqüentada pelo povo intelectualizado. Ali fica o Espaço Unibanco de Cinema e alguns bares e restaurantes "étnicos": árabe, mexicano, italiano e grego.

Pouco mais abaixo, há uma grande diversidade de botecos ladeados por prostíbulos. É nessa parte que ficam os adolescentes da tribo "from uk", uma espécie de pós-emo. Nada contra eles, só não tenho paciência para atitude blasé e gente bebendo descontroladamente. Já perto do início da rua, ficam os clubs. O Outs não vou há muito tempo, pois, nenhum show lá me atrai. O Inferno, apesar de ser quase um CB - clube da Barra Funda - tem uma boa programação de shows e festas. O Vegas, apesar de bom, eu acho caro. E, agora, o Studio SP mudou da Vila Madalena para a Augusta. Vi um show do projeto Cedo & Sentado, que é uma espécie de happy-hour com música ao vivo. A casa não estava muito cheia, portanto, não deu para ter uma noção se o novo espaço comporta bem o público nos shows de maior.

É de se pensar: por que todo esse hype em torno de uma rua? A resposta é simples. A aura de contravenção atrai uma parcela do público, e os mais antenados estão ganhando dinheiro com isso. Na semana que vem, eu destrincho um pouco mais esse hype.


Quem é o colunista: Eu? Eu sou o Luiz Pattoli.

O que faz: Jornalista, andarilho e editor do www.churrascogrego.com.br

Pecado gastronômico: Vindo com saúde, eu traço.

Melhor lugar do Brasil: O estádio da Rua Javari.

Fale com ele: [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.