Guia da Semana

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" Do you really want to hurt me
Do you really want to
Make me cry
"

Os versos acima foram a base do refrão que tornou o inglês George Alan O´Dowd conhecido em todo o mundo. Para que o nome não soe estranho, basta acrescentar quilos de maquiagem pesada, diversas referências aos anos 80, polêmicas variadas e a alcunha Boy George.

A música em questão é Do You Really Want To Hurt Me, a faixa de número nove do primeiro álbum do Culture Club, Kissing to be Clever, lançado no longínquo 1982. Mesmo na época em que qualquer ser humano inserido no mundo pop vivesse o auge das roupas esquisitas, cinturas-altas, penteados duvidáveis e pinturas carregadas, o cantor que estava à frente do grupo conseguia se destacar da homogênea e colorida multidão.

Mais de 20 anos depois, ele dá as caras em terras brazucas. Desta vez, troca o microfone pelas picapes, como já vem fazendo há algum tempo, e se apresenta nas disputadas carrapetas da Pacha, em 12 de julho. Para entrar no clima, o Guia da Semana remexe no saudoso baú oitentista e fuça na história de Boy George, um dos maiores ícones da cultura pop.


Altos e baixos, drogas e brigas, sucessos e condenações

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Alguns classificam como trash, outros acham deveras divertido e há ainda aqueles que apreciam pela qualidade musical. No entanto, a maioria das pessoas que contam com mais de 25 anos começam a dançar assim que ouvem o refrão " Karma Karma Karma Karma Karma Chameleon, You come and go, You come and go". Até os mais tímidos acabam se entregando ao ritmo alegre e contagiante impresso pela onda dos anos 80. O responsável? Boy George! Além de responder por esta música, ainda foi um dos artistas que mais contribuiu para a popularização do estilo em voga da década.

Ele nasceu em 1961 na Inglaterra e, ao que consta, foi criado como um bebê comum. Sua mãe não repicava todo o seu cabelo e nem o maquiava com cores cítricas quando criança. A inspiração à excentricidade que o acompanhou por toda a carreira veio de seus ídolos de adolescência: David Bowie e Marc Bolan, vocalista do T-Rex. Seguindo os passos dos "mestres", com vinte e poucos anos Boy George passou a circular pela noite de Londres ostentando um visual andrógino e atípico.

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Graças a atenção que chamava quando perambulava pelas ruas e clubes da cidade, além de ser pauta para vários jornais locais devido ao seu jeito "colorido" de ser, foi convidado para atuar como DJ. Esse pode ser considerado o primeiro passo para sua carreira, já que foi discotecando que conheceu Malcon McLaren, de quem recebeu o convite para integrar a banda Bow Bow Bow. A largada para deixar de lado as picapes e subir ao palco havia sido dada.

Depois que abandonou o projeto de McLaren, se juntou ao baixista Michael Craig e formou o grupo In Praise of Lemmings. Após um tempo, o guitarrista Jon Suede se uniu a dupla e eles tiveram a (infeliz) idéia de trocar o nome da banda para Sex Gang Children. Não precisar ser fluente em inglês para saber que uma ligação entre as palavras sex e children não resulta em boa coisa.

Após vários problemas, entre eles até acusações de pedofilia, em 1981, o nome Culture Club se tornou o oficial. Para consolidar o grupo, saiu Suede e entraram o baterista Jon Moss e o guitarrista Roy Hay. A sorte, então, começou a mudar para o cantor. Em pouco tempo a banda assinou um contrato com a Virgin e passou a ver seus singles lançados, até estourarem com o primeiro álbum, como já foi relatado acima.

Apesar do sucesso instantâneo, a história do grupo não foi muito longe. Em quatro anos, motivados por brigas entre alguns integrantes e o envolvimento com drogas pesadas de outros, acabaram se separando. Pouco tempo depois, em 1986, o tecladista foi encontrado morto na casa de Boy George, por overdose de heroína, enquanto ao mesmo tempo o cantor estava sendo preso por porte de maconha. A fim de evitar mais problemas, assim que foi liberado pelas autoridades, se internou em uma clínica de reabilitação, só voltando a circular no ano seguinte. O retorno marcou o lançamento de sua carreira solo, com o disco Sold, lançado somente na Inglaterra.

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Com o fim dos anos 80, assim como uma grande leva de artistas de sucesso da época, Boy George foi caindo no ostracismo. Gravando uma música aqui, outra ali, fazendo shows esparsos e relançando coletâneas, ele passou pela década de 90 sem muito alarde. Em 2000, voltou para a origem de tudo: as picapes. Lançou álbuns de mixagens de suas próprias músicas e versões de algumas outras bem conhecidas, como a brasileira Garota de Ipanema. Além disso, escreveu um livro de receitas macrobióticas chamado Karma Cook, atuou no musical Taboo, em Londres, e teve sua foto varrendo ruas, pena pela acusação, novamente, de drogas ilícitas, estampada em todos os jornais e revistas do mundo.

O que esperar de Boy George na Pacha? A mesma coisa de sempre. Visual exótico, colorido, com muita maquiagem e uma pesada bagagem vinda diretamente dos anos 80.


Clique aqui para saber mais detalhes sobre a apresentação de Boy George na Pacha.

Atualizado em 6 Set 2011.