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Com a crise, os Djs brasileiros podem ser mais requisitados pelas casas do país |
A crise econômica internacional e os efeitos da alta do dólar já afetaram o mercado brasileiro de festas de música eletrônica. Artistas, agentes e até gravadoras estão com o pé atrás diante da incerteza, enquanto os organizadores já começam a pensar em algumas reformulações nos line-ups dos eventos de 2009.
O fato dos cachês e as passagens (flight share) serem medidos pela cotação do dólar, causaram uma grande diferença de valores de DJs gringos, que costumam cobrar valores que variam em torno de R$ 4 a R$ 5 mil, podendo chegar a muito mais. "O Alex Galdino, por exemplo, é um dos internacionais mais disputados hoje em dia. Ele cobra US$ 10 mil para tocar aqui. Estávamos negociando com ele, mas tivemos que deixar de lado por enquanto", diz Paula Lopes e Santa´anna, responsável pela contratação de atrações da Lótus, em São Paulo.
O que fazer?
Para driblar a crise, a Special Edition, uma das festas eletrônicas mineiras mais tradicionais, alterou seu line-up, trocando algumas atrações gringas por artistas "mais em conta". O russo Penta, por exemplo, foi substituído pelo inglês AphidMoon e o brasileiro Janczur, enquanto o israelense Alter Breed saiu para a entrada do mineiro Max Grillo.
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Valtinho afirma que Djs brasileiros podem ser melhores que os gringos |
Segundo Valtinho Fragoso, responsável pela tenda GLS da Spirit Of London, os grandes eventos - como TIM Festival, Planeta Terra, Skol Beats e Nokia Trends - serão a alternativa para reunir nomes internacionais nas pistas brasileiras. "O que tem mudado é que algumas casas estão priorizando festas diferentes a cada noite. Cada um procura inventar ou criar algo para chamar a atenção do público. Trazer um nome internacional não é sinal de que será um sucesso. A produção do evento é que levará o prêmio final", afirma.
Nacionais
Como acontece em qualquer crise, sempre um lado termina sendo favorecido. Dessa vez, quem parece colher os frutos são os Djs nacionais. Altamamente requisitado entre as casas do Brasil e tocando em diversas baladas no exterior, o DJ Mario Fischetti aposta que a quantidade de apresentações nacionais irá aumentar. "Acredito que temos bons profissionais no Brasil para suprir essa demanda. A escolha dos line-ups internacionais será mais bem pensada e os clubes vão encontrar a melhor maneira de cada um trabalhar. Nos casos de atrações com cachês pagos em euro e dólar, com certeza os valores ficarão mais salgados".
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Mário Fischetti acaba de chegar de uma turnê pela Argentina e acredita no potencial dos Djs brasileiros |
Segundo Fischetti, apesar da crise, o mercado do entretenimento continua em crescimento, o que deve ser levado em consideração por todos os lados. "Acredito que todos que trabalham bem serão reconhecidos pelo público, independente da nacionalidade. É claro que sempre que uma atração de fora tocar, isso vai provocar uma reação diferente. Mas isso é inevitável, em qualquer momento. Se deve ao fato da expectativa de fãs e pelo fato da super-exposição destes nomes na mídia mundial", explica o DJ, que acaba de voltar de uma turnê pela Argentina.
O produtor Valtinho compartilha dessa opinião. Para ele, o público costuma seguir sempre as tendências do momento e na maioria das vezes, segue o artista, sem se importar muito com o que a casa oferece. "Acho que o critério usado para substituir um DJ gringo por um nacional vai da boa vontade dos donos das festas e casas noturnas. Nossos DJs são muito melhores que muitos internacionais. Eles estudam, viram produtores, mas, infelizmente, não conseguem alcançar muito destaque internacional. Isso pode ser mudado. A crítica nem sempre elogia o que é melhor para todos os ouvidos", conclui Valtinho.
Atualizado em 6 Set 2011.