Por Ana Stella Guisso
A novidade é o ingrediente essencial para quem gosta de curtir a noite. Melhor ainda quando ela aparece para renovar algum estilo musical e consegue cair no gosto do público. A onda nas baladas mais descoladas, agora, é apresentar o som dos mashups. "Quando você une duas, três, quatro ou mais músicas que não se combinam, mas que possuem o mesmo tom, acaba fazendo sentido e resultando em um mashup", conta o DJ Phillip A.
Ele é referência no estilo na noite paulistana e em todo o Brasil, juntamente com sua banda Killer On The Dancefloor, formada também pelos DJ´s Ali Disco B. e Fatu. A composição de um mashup acontece a partir da sobreposição do vocal de uma música com a base de outra. Dessa maneira, forma-se um conteúdo original, passível de reivindicação de direitos autorais. Segundo o DJ, uma combinação feita pelo grupo, que aparentemente soa estranho, mas cujo resultado fica ótimo, é a base do Nirvana, com voz da Areta Franklin e batidas da dupla francesa Justice.
Já tem história
Não é possível definir uma data para o surgimento da prática do mashup, mas é possível encontrar registros desse mecanismo na música clássica, no tradicional material do folk e até mesmo em interpretações de jazz. O que se sabe é que um dos primeiros registros da mixagem aconteceu em 1956, quando o compositor Bill Buchanan e o musicista Dickie Goodman lançaram uma faixa chamada Disco Voador. O material misturava trechos do célebre pronunciamento de rádio Guerra dos Mundos, de Orson Welles, com trechos musicais.
Já a nova geração conheceu a potência do mashup nas pistas em 2001, com os irmãos belgas 2 Many DJ´s, que também são integrantes da banda de rock Soulwax. Eles estouraram no mundo todo ao dar uma nova cara à mixagem, o que acabou garantindo o sucesso da banda. "Eu conheci mashup com eles há cinco anos e achei incrível. A 2 Many DJ´s é uma grande referência para a gente (integrantes da Killer)", conta Phillip. Outro grande expoente do gênero é o DJ estadunidense Gregg Gills, mais conhecido como Girl Talk. Os brasileiros puderam conferir seu trabalho diferenciado no Planeta Terra 2010, em São Paulo.
Quem gosta de mashup pode curtir o som na casa noturna Glória e no Bar Secreto, na capital paulista, onde a banda Killer On The Dancefloor é residente. O trio já agitou públicos exigentes, com mais de 20 mil pessoas em grandes festivais, como o Skol Beats, Xxxperience, SWU (veja o vídeo abaixo) e Festival da Malboro, no Paraguai, onde tocaram com o DJ David Guetta.
Com ar tropical
O jeitinho brasileiro pode ser visto no mashup de duas referências do estilo no país: o capixaba André Taste e o carioca João Brasil. Eles são precursores do segmento que preza pela utilização dos ritmos e artistas brasileiros nas mixagens de músicas, chamado Mashup Tropical. "Sempre gostei de trabalhar com música brasileira, para mim é a melhor do mundo. Minhas primeiras misturas foram com funk", conta João Brasil.
O DJ carioca, que está morando em Londres, na Inglaterra, continua com a meta de produzir um mashup por dia - como fez em todo o ano de 2010 - e está difundindo a levada abrasileirada para os europeus. João revela que é muito difícil eleger a mixagem que mais gostou de fazer, mas destaca a que misturou Beatles, Tom Jobim e funk.
Atualizado em 10 Abr 2012.