Foto: Arquivo Pessoal |
Celebrando a última lua cheia do mês de maio, entre os dias 28 e 30 a cidade de Altinópolis (SP) foi palco da 20ª edição do Forró da Lua Cheia. Para quem ainda não conhece, ou nunca ouviu falar, este evento se tornou um dos mais importantes no calendário cultural da região de Ribeirão Preto.
A história do festival começou a ser contada nos aos 80, quando um grupo de amigos decidiu organizar uma festa junina despretensiosa. Em 1986, surge a primeira edição do Forró da Lua Cheia, com a premissa de oferecer música de qualidade, boa comida e um ambiente agradável próximo à natureza.
A cada nova edição o "Forró", como é carinhosamente chamado, foi se profissionalizando, investindo mais em divulgação na mídia e o "boca-a-boca" ajudou a conquistar um público fiel, vindo principalmente do interior de São Paulo e sul de Minas Gerais. Todos em busca de música e diversão.
No Brasil, quantos festivais de música existem há mais de 20 anos? Para a organização do evento, a realização da 20ª edição foi um verdadeiro sonho concretizado e, tendo em vista o importante aniversário, as atrações musicais precisavam ser à altura.
Dois palcos foram montados para receber as bandas, um que podemos chamar de principal (que só foi inaugurado no sábado à noite), além de um segundo palco menor, que oferecia ótima interação entre público e artista.
Na sexta, a primeira grande atração foi o grupo O Teatro Mágico, já consagrado nacionalmente com sua performance ao vivo que mistura música popular brasileira, arte circense e, claro, teatro.
O veterano Chico César também esteve presente, com um show mais conceitual do que dançante. Diretamente de São Luiz do Maranhão, os deficientes visuais da Tribo de Jah destilaram seu reggae carregado de groove para um público que cantou e dançou todas as músicas. Talvez um dos melhores shows de todo o festival, a energia era contagiante.
Encerrando a sexta, os forrózeiros do Trio Virgulino colocaram todos pra dançar agarradinho e também gargalhar, surpreendendo com versões de Xuxa e Balão Mágico. Diversão garantida.
Já com o dia amanhecendo, chegava a hora de ir para a barraca tirar um breve cochilo, pois sábado é o "grande dia" no Forró da Lua Cheia. Durante à tarde, a festa rolou na beira da piscina, tudo bem descontraído, com direto a quadrilha improvisada.
De noite, todos esperavam ansiosos pela abertura oficial do evento. "Uái", mas já não começou o Forró? Sim, começou. Acontece que, antes do palco principal receber sua primeira atração, uma queima de fogos encanta o público e um locutor anuncia: "Está aberta a 20ª edição do Forró da Lua Cheia".
O grande show da noite de sábado foi do lendário Jorge Ben Jor, que fez um apanhando de seus mais de 40 anos de carreira. Do sambalanço ao sambajazz, sem se esquecer do sambarock. Um ícone da MPB, que mereceu a presença de todos na pista.
Na sequência vieram as bandas Bicho de Pé, Funk Como Le Gusta e Lança Xote. Enquanto isso, no segundo palco, Joe Lynn Turner descarregou toda sua vitalidade de astro do rock internacional, levando o público ao delírio com interpretações dos clássicos de sua ex-banda, Deep Purple. A hilária banda Velhas Virgens tocou em seguida.
Já eram quase seis horas da manhã de domingo e a música continuava a ecoar pelo Vale das Grutas, local onde acontece o Forró da Lua Cheia. Estava na hora de descansar o corpo e a mente, antes de encarar os 300 e poucos quilômetros de viagem até a capital. Tudo sem pressa, afinal é domingo.
Questionada sobre o número de participantes, a organização do evento preferiu evitar especulações e não revelar números. "Afirmamos que foi o maior público de todas as edições realizadas, principalmente acampado". O último dado divulgado oficialmente foi o de 2003, quando o Forró recebeu cerca de dez mil pessoas.
O único ponto negativo observado durante o evento foi em relação à atitude das pessoas com o próprio lixo. Poucos colaboravam com a limpeza e muitos descartavam suas latas de cerveja em qualquer lugar. A crítica foi aceita pela produção, que prometeu melhorar sua infraestrutura de coleta do lixo, além de uma possível parceria com o Greenpeace para a edição de 2011.
Leias a coluna anterior de Paulo Henrique Schneider:
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O underground psicodélico
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Atualizado em 6 Set 2011.