Foto: Arthur Santa Cruz |
No dia 10 de maio de 2007, o clubinho mais hype dos Jardins fechou as portas. Após seis anos e meio movimentando a cena eletrônica e GLS de São Paulo, o Ultralounge teve sua entrada barrada pelos blocos de concreto da Prefeitura. O motivo: falta de alvará de funcionamento. Desde então, as ações das autoridades no fechamento de bares e casas noturnas irregulares foram fulminantes. É sempre triste ver um lugar ativo na noite acabar dessa forma. Ou não. "A boate funcionava embaixo de um condomínio. Imagine só vinte andares trepidando com a música alta", explica Célia Marcondes, presidente da Sociedade dos Amigos e Moradores do Bairro Cerqueira César (Samorc). "De quarta a domingo ninguém dormia".
É o que parece. Atentas às reclamações dos vizinhos de porta e de bairro, as associações de moradores colocam ordem no que julgam errado e desrespeitoso a todos. Se for preciso, acionam as Subprefeituras para que uma providência efetiva seja tomada no menor período de tempo possível. "Não temos preconceito algum com esse tipo de casa noturna. O incômodo que eles causavam a nós, moradores, foi o que nos levou a tomar uma atitude mais séria", justifica Célia. Ela conta ainda que, antes de comunicar a Prefeitura, tentou conversar com o dono do Ultralounge, mas sem sucesso. Na esquina da Alameda Franca com a Rua da Consolação, região movimentada dos Jardins, o clubinho altamente freqüentado tirava seu lucro das noites temáticas, atrações internacionais e da Parada Gay. O dono da (por enquanto) extinta casa não foi encontrado para dar depoimento.
Com o comunicado da Samorc, que resolve tudo na base do abaixo-assinado entre os habitantes de sua região de atuação, a Prefeitura mandou uma equipe inspecionar o local. De acordo com Célia, sem alvará e com falhas no quesito segurança, a casa foi interditada e "expulsa" do bairro. A organização entrou ainda com um processo contra o proprietário do imóvel: foram cobrados R$ 2 mil por dia em que qualquer tipo de festa fosse sediada no local. Além do Ultralounge, a Samorc conseguiu fechar outros inúmeros estabelecimentos, entre bares e boates, da região "por causa do barulho e da baderna que causavam nas ruas". O Woodstock, outro exemplo citado, deu lugar a uma academia de ginástica. "Foi uma guerra fechar esse estabelecimento, pois pertencia a uma pessoa famosa e era bastante freqüentado. Mas não dava para agüentar música techno no último volume praticamente a semana toda. Tivemos que acionar o PSIU".
A Lei do PSIU ? "PROGRAMA SILÊNCIO URBANO (PSIU) foi criado pelo Decreto 34.569 de 06 de outubro de 1994 e reestruturado pelo Decreto 35.928 de 06 de março de 1996. Sua finalidade principal é coibir a emissão excessiva de ruídos produzidos em qualquer atividade comercial exercida em ambiente confinado e que possa causar incômodo e interferir na saúde e no bem estar dos munícipes, de acordo com as disposições da Lei 11.501/94 alterada pela Lei 11.986/96". |
O´Malley´s: fechado há seis meses Foto: Arthur Santa Cruz |
Presidente da Sociedade Amigos do Itaim Bibi (Saibibi), Marco Antonio Castello Branco também está de olho na "baderna". Para se ter uma idéia do trabalho que ele deve ter, a associação abrange ruas como a Dr. Mário Ferraz e a Tabapuã. "Depois de três anos de insistência, em 1996, conseguimos fechar o Café Photo, que ocupava um casarão na rua Manuel Guedes", exemplifica. "Além de facilitar a prostituição e o tráfico de drogas, a casa tumultuava o trânsito e deixava a região mais perigosa, tudo isso pela quantidade de pessoas que saíam bêbadas e drogadas de lá. Depois que a casa fechou ainda tivemos problemas com as prostitutas, que criaram um ponto logo ali em frente".
Café Photo: troca-troca de endereço Foto: Site Oficial/ Divulgação |
Atualizado em 6 Set 2011.