Depois do boom, a black music ganha estabilidade e segue firme na noite paulistana.
Por Redação Guia da Semana
Foto: Sxc.hu
Foi de repente que Beyoncé invadiu as baladas paulistas com o sensual hit
Crazy in Love. Correntes largas no pescoço e boné de lado começaram a fazer parte do outfit da molecada. Cabelos black power voltaram a se tornar orgulho negro e o rebolado das garotas passou a seguir as batidas dos guetos norte-americanos. Gueto? Na teoria. Faz tempo que a
black music não mora lá. No Brasil, ela chegou há décadas, mas só saiu da periferia quando ganhou o glamour da ex-Destiny´s Child, de Ja Rule e sua fiel partner Ashanti e, mais recentemente, de Justin Timberlake, Nelly Furtado, Akon, 50 Cent e uma penca de artistas regidos por produtores de sangue negro e veia pop, como o onipresente Timbaland.
O boom do ritmo aqui, que aconteceu há uns cinco anos, teve forte repercussão na noite paulistana. Era perceptível a euforia dos clubes, que reservavam alguns dias da semana às batidas envolventes e refrões-chiclete da black music. Casas noturnas que já se dedicavam ao gênero ganharam destaque e muito público, por conta dos preços mais acessíveis. Tinha espaço para todo mundo requebrar. As baladas high level não ficaram de fora do fervo e criaram noites regadas a muito
hip hop chic, silhuetas maravilhosas e bolsos cheios de grana.
"Hip Hop Chic foi um termo que criamos para tirar a agressividade do nome Hip Hop e para as pessoas não olharem nossas festas com preconceito", explica DJ Milk, pioneiro na cena e um dos mais requisitados nos picapes de todo o Brasil. "A black music se consolidou por aqui, por isso não acho que foi modismo. Tem muita coisa para acontecer com o hip hop por aqui ainda. Na cena eletrônica, que está em alta no mundo inteiro, é perceptível a influência da nossa força, dos nossos timbres. Uma boa música eletrônica tem nossa pegada forte", conclui.
Confira abaixo o roteiro que o
Guia da Semana preparou com as baladas onde a black music tem espaço garantido.
O hype
DJ King, da Chocolate Foto: Divulgação
Representada pelos DJs King e Zegon, a equipe
Chocolate Music comanda as terças do Clash Club, na Barra Funda. Também composta por outros deejays, além de MC´s, grafiteiros e bboys, a crew brasileira privilegia um som mais old school na hora de montar seu setlist: rap, soul, ragga, dub e reggae marcam forte presença na caixa de som. A festa homônima ao grupo já passou pelos clubes Glória, na Bela Vista, e Vegas, na Augusta.
Chocolate - Clash Club Quando: toda terça, 23h30. Quanto: M: R$ 25,00 e H: R$ 50,00; com nome na lista do site, M: R$ 20,00 e H: R$ 40,00.
DJ Nuts toca no Glória Foto: Myspace.com/djnuts
Repaginada, a festa Jazzy mudou de nome e manteve o glamour. Agora
Soul Gloria, a noite black é regida pelo tal hip hop chic, aos cuidados de King, da crew Chocolate, e de Nuts. Se você gosta de funk e soul das antigas as chances são grandes de voltar lá mais vezes. Hits contemporâneos também dão as caras, mas sempre com aquela pitada old school.
Clube Glória Quando: toda quinta, 23h30. Quanto: preços divulgados somente na hora.
Milk toca às terças, na Nasty Foto: Divulgação
O projeto
Nasty aproveitou o boom da black music para se lançar entre os playboys em meados de 2004. Com preços lá nas alturas, a noite comandada pelo festejado DJ Milk começou na Alameda Lorena, no bairro dos Jardins, e passou por diversos endereços até se alojar recentemente no número 2117 da Avenida Nove de Julho. Na pista, o deejay paulista manda de Lauryn Hill a Nelly Furtado, mesclando hits de diferentes épocas. Fãs do rebolado latino, atenção: ele toca reggaeton.
Nasty Club Quando: toda terça, 23h. Quanto: M: R$ 30,00 e H: R$ 100,00.
Puff à frente do Hip House Foto: Divulgação
Recém-inaugurado no centro histórico de São Paulo, o Royal Club reservou suas terças para o projeto
Hip House e suas sextas para o
Desire. Puff está à frente das duas festas, que dividem a noite com DJs de e-music (Rodrigo R2 e Felipe Venâncio, respectivamente). A maioria das músicas é comercial, ou seja, possivelmente o que você ouve nas rádios toca por lá. Periodicamente, a casa recebe DJs internacionais especializados no gênero. D-Lyfe, DJ de Já Rule e Ashanti, é a próxima atração confirmada.
Clube Royal Quando: toda terça e sexta, 23h. Quanto: M: R$ 40,00 e H: R$ 80,00; camarote para 10 pessoas por R$ 1750,00 (duas bebidas premium inclusas).
100% black
Casa cheia toda segunda Foto: Divulgação
Antes do boom já existia o
Urbano. O clube, que ocupou anos um casarão na ladeira da Cardeal Arcoverde, em Pinheiros, reunia amantes do Hip Hop para sessões nostálgicas com 2Pac e Cypress Hill nas vitrolas. E o mais curioso, toda segunda. O dia da semana não intimidou o público, que lotava as pistas da casa, todos sedentos pelas rimas e batidas rápidas da black music. Hoje, localizado na antiga Broadway, o clube continua a atrair as novas e velhas gerações de freqüentadortes. Puff, Silvinho e Milk assumem as cabines.
Urbano Club Quando: toda segunda, 23h. Quanto: M: R$ 40,00 (consumação) ou R$ 20,00 (entrada); H: R$ 80,00 (consumação) ou R$ 40,00 (entrada).
Pioneira na noite black Foto: Divulgação
Inaugurado em 1995, na Vila Madalena, o
Dolores sempre foi reduto da black music. Conhecida pelo símbolo do coração, a casa mudou da Fidalga para a Fradique Coutinho com a explosão do gênero na capital. Os residentes Speed, J. Gil e César também concentram seus sets no black comercial, rebuscando e repaginando hits de diversas épocas. O ambiente é simples, porém estiloso, e um pouco abafado.
Dolores Bar Quando: sextas e sábados, das 23h às 6h. Quanto: M: R$ 15,00 e H: R$ 30,00; com nome na lista ou com flyer, M: 10,00 e H: R$ 20,00; aos sábados, M: VIP até 0h.
Black comercial na Joy Foto: Divulgação
O ambiente da
Joy Soul Club é sofisticado - decoração que remete aos galpões abandonados e lofts novaiorquinos - e espaçoso o suficiente para fazer passinhos. Sob as rédeas de Sandro Macedo e o fervido Silvinho há mais de três anos, as noites de sexta na casa vão até cinco da manhã. Na caixa de som, músicas de todos os artistas que fazem a black music de hoje.
Joy Soul Club Quando: toda sexta, 23h. Quanto: M: R$ 10,00 e H: R$ 40,00.
Sexta e sábado na Mood Foto: Divulgação
Sempre cheios, os dois ambientes da
Mood têm história. Desde a época do boom, as sextas e os sábados da casa recebem jogadores de basquete (verdadeiros ou fantasiados), dreadlocks sacudindo no ar, garotas com seus penteados estilosos e beldades se exibindo no aquário do loft. Vá preparado, porque a noite reúne um público que entende da ginga. As vertentes da black music aclamadas nas pistas variam com o revezamento semanal de DJs. Às sextas, o espaço Hole tem funk carioca e, aos sábados, o Home recebe grupos de samba-rock para apresentações ao vivo.
Mood Club Quando: toda sexta e sábado, 23h. Quanto: M: R$ 10,00 e H: R$ 30,00; com flyer ou nome na lista, M: VIP até 1h e H: R$ 20,00.
Experimentando as raízes
Ritmos brasileiros dão o tom Foto: Divulgação
De fato, o
Bleecker Street é um dos melhores bares de música ao vivo da cidade. Apesar de pequena para comportar o público que conquistou ao longo dos anos, a casa é aconchegante e dona de um palco requisitado, por onde já passaram nomes como Seu Jorge, Funk Como Le Gusta, Ed Motta e outros nomes - nacionais e internacionais - do groove. Atualmente, as temporadas de black brazuca ficam por conta do 3DLD, que leva ao público o som de Marvin Gaye, Barry White, Wilson Simonal e Jorge Ben; da Trupe, com soul, funk, pelo forró, pelo samba; da equipe de som Xubbaca; e da veterana Grooveria Eletroacústica.
Bleecker Street Quando: toda quinta, sexta e sábado, 22h. Quanto: M: R$ 15,00 e H: R$ 20,00; com nome na lista, M: R$ 10,00 e H: R$ 15,00.
Mistureba de ritmos com batidão hip hop Foto: Divulgação
Quem disse que na cena alternativa não tem hip hop? A equipe Chaka Klan ou ainda Ponicz Crew provam o contrário. Com um repertório experimentalista, eles apresentam à galera do Milo ritmos que vão do afrobeat ao rap underground, passando por jazz, rock, funk, música brasileira e old school. A festa intitulada de
Chaka Hotnightz levanta a poeira do clubinho todas as sextas do mês, geralmente com algum convidado especial.