Guia da Semana

Hoje em dia as baladas usam até mensagem SMS
Foto: stock.xchng


Chega a sexta-feira e os bate-papos virtuais começam a bombar. São os colegas de trabalho marcando happy hour, os amigos querendo saber qual é "a boa" da noite, os casais negociando saídas com os solteiros, enfim, uma rede interminável de comunicação. Aí, do nada, surge na caixa postal uma mensagem com o assunto "Vai sair hoje?" e, no remetente, "Carol". Ou "Rafa". Ou "Rodrigo". Sempre nomes comuns. Com certeza, quase todo mundo conhece uma meia dúzia de "Rodrigos", outros tantos "Rafas" e umas duas "Carolinas", o que explica a reação imediata de dar um clique e abrir o e-mail. O que segue já nem é mais surpresa: outro spam de algum lugar ou festa totalmente desconhecido, em que, geralmente, você nunca sequer colocou os pés.

Um "Print Screen" da caixa postal
cheia de spam da repórter
Fazendo uma pesquisa rápida entre baladeiros, dá para constatar que a grande maioria é bombardeada diariamente com e-mails inconvenientes. Eles recebem a programação completa de lugares que nunca freqüentaram e ganham descontos em entradas para festas que nunca foram. Isso tudo sem saber como os responsáveis por tais mensagens conseguiram seus endereços de e-mails. Outros tantos ainda recebem flyers e correspondências em casa, no mundo real! Eu mesma - se o leitor me permite o uso da primeira pessoa - sempre recebo na semana do meu aniversário um livreto de uma casa noturna bem antiga da cidade, recheado de promoções que me favorecem durante o tal "dia especial". O detalhe? Nunca fui lá e não faço idéia de como eles obtiveram o nome da minha rua, meu bairro e o número da minha casa.

Sabe-se que, por baixo dos panos, muitas empresas formam seu banco de dados com base na compra de mailings. Ou então, por meio dos contatos pessoais de funcionários, que às vezes passam essas informações para os responsáveis pelo marketing. No entanto, alguns lugares garantem que permanecem idôneos em suas ações e afirmam obter resultados positivos com esse tipo de comunicação com o cliente.

Flávia Monteiro, Alessandro Fioco, Malu da Matta e Neto Krüger
fazem parte do departamento de marketing da Trash 80´s
Foto: Divulgação

Neto Krüger, uma das pessoas que cuida do marketing da Trash 80´s, afirma que nunca chegou uma resposta negativa ao mailing em seu departamento. " Não queremos abusar da paciência dos outros e muito menos nos tornar inconvenientes. Por isso, damos a opção para o público cadastrado deixar de receber os informativos quando for de sua vontade". afirma. No caso, ele se refere à opção de cancelar o envio do email, que quase sempre aparece no final desse tipo de mensagem. Aliás, essa é uma dica para testar a seriedade da empresa. Geralmente, as "Carolinas", os "Rafas" e os "Rodrigos" não costumam dar essa opção.

O profissional ainda lembra que a festa se tornou conhecida pelo boa-a-boca e pela divulgação on-line em blogs, fotologs e etc. "O meio de comunicação que a festa melhor se relaciona com seu público é a internet", ressalta. Uma coisa que a Trash 80´s não faz e que parece ser uma tendência crescente entre as grandes casas noturnas, é enviar mensagens no celular para seus clientes informando a programação da noite. " Queremos aumentar a quantidade de freqüentadores assíduos e mais do que isso, deixá-los confortáveis em receber informações sobre a festa de uma maneira pouco cansativa e abusiva", explica.

A Pacha costuma enviar torpedos
Foto: stock.xchng
Já o Grupo Sirena, que comanda diversos estabelecimentos, dentre eles a Pacha e o clube de Maresias que dá nome à empresa, pensa de maneira diferente. Ricardo Losso, gerente de marketing, garante que o resultado do envio de mensagens de SMS para alguns eventos é bem positivo. Ele ainda explicou à reportagem como eles têm acesso às informações pessoais de seus clientes: " Cada um que entra nas casas é cadastrado com nome e número. Nossa central de relacionamento entra em contato após a festa na qual a pessoa compareceu e fica sabendo se ela gostaria de receber as programações, os descontos e etc.". No entanto, aqui mesmo na redação do Guia da Semana, algumas pessoas costumam reclamar dos insistentes torpedos da Pacha.

O Rey Castro, apesar de também utilizar o e-mail e as mensagens de SMS como forma de comunicação, aposta na fidelização do cliente. Para isso, o departamento de marketing da casa desenvolveu o programa Camarada Rey Castro. Ser "Camarada" significa possuir um cartão que concede descontos e outras vantagens especiais. Para obter o "passaporte da alegria" da casa, é preciso provar a assiduidade, indo 15 vezes ao local, com consumo médio de R$ 50,00. Ou então, dá pra comprar direto por R$ 350,00.

Sabrina Tim, gerente de telemarketing da casa cubana, no entanto, acredita que a melhor propaganda ainda é o boca-a-boca e afirma que não adianta nada ações bem elaboradas se o serviço não corresponde à expectativa do cliente. "Nada disso funciona se não mantermos um padrão de atendimento de qualidade e uma boa relação com os freqüentadores", diz.

Da mesma maneira que um médico tenta diagnosticar de qualquer maneira a doença de um paciente e que um advogado vai até o fim para livrar um acusado de uma pena qualquer, quem trabalha com marketing explora todas as alternativas para divulgar e alavancar seu produto ou serviço. Aos consumidores, resta saber aproveitar o que é bom e responder aos que são ruins com o e-mail "me tire dessa lista".


Atualizado em 1 Dez 2011.