XXXperience: uma das mais conceituadas do psytrance Foto: Divulgação |
Era 1997, eu tinha me formado no colegial há menos de um ano. Naquela época eu era frequentador assíduo da Galeria Ouro Fino, que ainda não tinha se transformado num reduto de "modernidade", mas já caminhava para isso. Foi lá que eu recebi o primeiro convite para ir numa rave: a XXXperience. O flyer indicava que a festa seria num local na divisa de São Paulo com São Bernardo do Campo. Convidei um amigo da faculdade e fomos para nossa primeira rave. Até então, eu não tinha muita idéia do que seria uma rave.
As poucas informações eram passadas pela célebre coluna Noite Ilustrada, da Erika Palomino na Folha de S.Paulo. A imagem que mais me marcou dessa XXXperience foi a pista de dança improvisada numa piscina vazia, não havia muito mais de 800 pessoas na festa. Se por um lado eu já estava acostumado com After Hours, a possibilidade de ficar cerca de 12 horas numa festa de música eletrônica era muito atraente.
Depois do debut, continuei indo em algumas raves, principalmente na XXXperience e na Avonts (antes de se tornar MegaAvonts) - que eram os dois principais núcleos organizadores. Ao passo que as raves se difundiam e o público crescia, o pessoal das antigas organizava private raves. Fui em três, convidado pelas meninas da loja Glow - a loja oficial dos clubbers, aquela que só vendia itens fluorescentes.
Em 1999, fui em uma das minha últimas raves, a Resistance. A partir dali a cena cresceria cada vez mais, com festas reunindo dezenas de milhares de pessoas. O clima de campo livre para consumo de drogas somado a uma queda na qualidade musical, foram os motivos que me distanciaram das "festas rave". O grande trunfo desse tipo de diversão, para mim, era poder sair das baladas urbanas e curtir uma festa ao ar-livre. Não era mais o que eu via. Cada vez maiores, as raves conquistaram maior visibilidade. Entre 2001 e 2006 praticamente em todo final de semana havia uma grande rave. Locais como Fazenda Arujabel e Pedreira eram disputados a tapa pelos organizadores.
A popularização começou a despertar o interesse da mídia e, consequentemente, da polícia. Com isso, as raves começaram a ser perseguidas e até proibidas em alguns estados. Programas de TV apresentavam as festas como locais de tráfico de drogas. A repressão surtiu efeito. Do ano passado para cá, a quantidade de raves no entorno da capital de São Paulo diminuiu. No interior, elas continuam fortes. Assim como outros modismos, as raves estão passando por um encolhimento natural. Se um dia elas voltarem ao que já foram, talvez eu também volte.
Quem é o colunista: Eu? Eu sou o Luiz Pattoli.
O que faz: Jornalista, andarilho e editor do www.churrascogrego.com.br
Pecado gastronômico: Vindo com saúde, eu traço.
Melhor lugar do Brasil: O estádio da Rua Javari.
Fale com ele: [email protected]
Atualizado em 6 Set 2011.