Muitos DJs me perguntam sobre quantos estilos de musicas existem. Se fosse no início da década de 90 seria um pouco mais fácil responder, mas atualmente existem incontáveis estilos. A diferença é mínima, mas seus criadores dizem que existem muitas diferenças bastante aparentes. Pode parecer confuso, mas vou dar alguns exemplos.
O Trance, vem da palavra Transe, que faz as pessoas entrarem na música tocada, dando a sensação de estar viajando em nuvens num jogo de luzes, tudo bem sincronizado e com efeitos. A partir daí foi gerado o Hard Trance, com batidas mais agressivas e timbres fortes, basicamente sem melodias (como Darude ou Warp Brothers que produziu aquele som incrível do filme Blade, o Caçador de Vampiros).
Logo após, criaram o Psychedelic Trance, proveniente do Hard Trance, porém com menos peso, mas com timbres e batidas muito parecidas por vários minutos, que fazem o cérebro entrar em êxtase no sentido de anestesiado. Recentemente foram criados o Goa Trance e o Dark Trance, entre muitos outros.
Resumindo: são todos Trances e, em um set mixado, depois de 30 minutos, você pode tocar todas as vertentes que o cérebro não assimila mais as diferenças. Somente quem toca sabe qual estilo é qual.
Já a House Music começou na década de 70, fugindo dos grupos e de Rock e do Pop dos anos 60. Em vez das pessoas ficarem embaixo dos palcos gritando para engomados com cabelo tigela, todos foram ao centro das pistas ao som de Soul Music, Boogie e a própria House Music (Música de Casa), que ganhou esse nome porque era tocada nas boates da época. Foi nesta época que surgiu a figura mais importante até hoje em qualquer pista: o DJ.
Passando pela década de 80, tivemos uma revolução na música, com a entrada de alguns estilos de rock. Porém, a Soul e a House Music resistiram às mudanças, gerando vertentes importantes até hoje. Aí chegamos aos anos 90, o período mais importante de todos, se tratando do estilo. As batidas ganharam velocidade, gerando mais uma referência das pistas, a Dance Music.
A partir daí, o universo era o limite com a criação do Trance, Jungle, Garage, Underground, Drum´n Bass, etc ... Acredito que foi a partir dessa época que a coisa começou a ficar bagunçada, com cada um por si e criatividade a flor da pele. Algo comum que acontece em muitas picapes: o DJ tocando e a menininha gatinha puxando ele para pedir um Tecno! O que seria o Tecno?
Um estilo que ela ouviu falar em outra festa e se espalhou rapidamente a partir de um grupo que se chamava TECNOtronic que aliava musica eletrônica e vocais potentes.
Pronto! Está feita a salada da música eletrônica, tudo virou Tecno e, na verdade, ela queria ouvir uma Dance Music melódica da rádio no dia anterior!
Tentamos agradar ao máximo, afinal, as pessoas das pistas não precisam saber todas as vertentes da música eletrônica. Mas se não houvesse tanta diversidade, ajudaria e muito. Na minha opinião, existem tantas variedades, porque há milhares de DJs. Aí quando acontece uma rave, o coitado do cliente precisa contratar cinco DJs diferentes se ele quiser cinco estilos diferentes.
É uma confusão! Mas antes que você se entupa de remédios para dor de cabeça, vou resumir: são muitas vertentes, todas provenientes dos principais estilos, que são House, Dance, Trance e Drum´n Bass, nada mais que isso.
Seria interessante se parassem de inventar modas, como colocar uma guitarra no Trance e dizer que criou o Trance Rock, por exemplo. Criatividade não é sinônimo de ridículo. Nascemos com isso e ela não aparece quando queremos, mas quando é preciso. Está no sangue.
Depois disso tudo, ainda vou lembrar da pergunta do inicio: o que os DJs tocam? Tocamos aquilo que tem sentido, que faz a pista bombar, que faz nosso coração pulsar, com a galera de mãos pra cima vibrando a cada virada. Temos a obrigação de conhecer o nosso som e pra quem estamos tocando.
É preciso conhecer todos os estilos. Você não precisa colocar no seu setlist, mas pelo menos, mostra respeito. Nem todo mundo que toca Village People ou Gloria Gaynor é gay, por exemplo. A propósito, o que você toca ou gosta de ouvir?
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Quem é o colunista: DJ há 18 anos, produtor musical há três anos, divulgador de musicas para rádios desde 1997.
O que faz: DJ, produtor de música eletrônica e empresário do ramo de Rádio.
Pecado gastronômico: Lasanha e Pavê de Sonho de Valsa.
Melhor lugar do Brasil: Meu estúdio de produção musical.
O que está ouvindo no carro, iPod ou mp3: Musica eletrônica e diversos outros estilos que contenham letras bacanas e melodias.
Fale com ele: [email protected] ou acesse o site da Radio Giga!
Atualizado em 1 Dez 2011.