Guia da Semana



No dia 13 de julho de 1985, cerca de 100 mil pessoas curtiam um show de rock na Filadélfia, nos Estados Unidos. No mesmo momento, outras 70 mil formavam o público de uma apresentação em Londres. Simultaneamente, mais de 1,5 bilhão de telespectadores assistiam a tudo bem confortáveis, sentados nos sofás de suas salas. Era a primeira edição do Live-Aid, organizado pelo irlandês Bob Geldof, da banda Boomtown Rats.

O evento tinha como objetivo arrecadar dinheiro para as vítimas do período de seca que afetava o continente Africano. O resultado? Aproximadamente 70 milhões de dólares para os necessitados, uma reunião de nomes consagrados como Mick Jager, Eric Clapton, Robert Plant, David Bowie, Ozzy Osbourne, Paul McCartney, entre outros, e a instituição do 13 de julho como o Dia Mundial do Rock.

O Guia da Semana nunca deixa a data passar em branco e sempre publica alguma matéria referente ao assunto. O mais comum e óbvio é pensar logo nos grandes clássicos do estilo, nos astros que já acumulam anos de estrada, donos daqueles hits que nossos pais sabem de cor, integrantes de bandas que marcaram movimentos e que, em alguns casos, nem existem mais. Ponto para quem balançou a cabeça em sinal de reprovação, imaginando o quão batida é esta pauta.

Neste ano, optamos por falar um pouco daqueles que levam o que há de mais recente aos nossos ouvidos sem nem precisar pisar em um palco. Sobre os que fuçam na internet para nos presentear com pérolas que ainda nem foram lançadas. Daqueles que, sem mais nem menos, se entregam a saudosismos momentâneos e nos fazem relembrar da nossa adolescência rebelde sem causa. Dos DJs que mesmo quando arriscam um Cartola ou uma Madonna na pista, continuam sendo do rock.


DJ Guab

Foto: Cia de foto
No comando do projeto .mixtape., que acontece aos sábados no Milo Garage, o paulistano Gustavo Abreu mistura rap, rock, samba, MPB, jovem guarda, bossa nova e o que mais der na telha. Cenas improváveis em outro lugar, como indies moderninhos balançando ao som de alguma do Roberto Carlos, acontecem com freqüência. Assim como Guab, que se diverte com suas escolhas um pouco diferentes das que rolam nas baladas convencionais de rock, o público comprou a idéia. A fila imensa que se forma no local depois da meia-noite está de prova! Para quem quer conferir, a dica é chegar bem cedo.


Quando e como o rock entrou na sua vida?
Pelo rock todo mundo passa. Os rebeldes de ontem são os tiozões de hoje.

Como se tornou DJ?
Sou baterista de formação e sempre gostei de colecionar vinil. Então juntando uma coisa na outra já dá uma boa virada. Na certidão de nascimento do DJ Guab aparece 1998.

Lembra da primeira música que tocou?
Realmente não me lembro da primeira música que discotequei, nem exatamente onde, ou quando. O que é um bom sinal.

Cinco sons que não podem faltar em seu set.
Thom Yorke, Mike Skinner, Racionais MC´s, Cartola e João Gilberto.

O que mais anima a pista hoje em dia?
Pô, tanta coisa. Mas se for ver mesmo a fundo, com rigor, o que mais anima a pista é a própria pista animada. É uma ciência do imponderável essa de fazer festa.

O que mais te anima hoje em dia?
Chaka Hotnightz, Brasa (festa só de música brasileira que acontece às sextas no Berlin, idealizada por Gui Barrella), Copa Burdog (campeonato de winning eleven que realiza com alguns amigos) e o programa Tela Class, de Hermes e Renato, exibido pela MTV.

Diga uma música que esvazia a pista, mas que você gosta e toca mesmo assim.
Faroeste Caboclo, do Legião Urbana. Com certeza uma grande música de protesto.



Miss Má

Foto: Arquivo pessoal
Marisa Oliveira completa 32 anos dois dias depois do Dia Mundial do Rock. Coincidência? Quem vê o cabelo todo picotado e os modelitos moderninhos, nem imagina que ela é professora de educação infantil da Escola Britânica de São Paulo. Em nada se parece com o estereótipo coroa careta da "tia" do colégio que povoa o imaginário comum. Miss Má defende o indie rock com unhas, dentes e discos, e faz a festa dos fãs do gênero no projeto Rockload, que rola as terças, no Studio SP. Além disso, está sempre discotecando como convidada em baladas de amigos ou então se acabando de dançar em alguma pista de dança da cidade, o que ela assume ser indispensável!


Como o rock entrou na sua vida?
O rock dominou minha vida definitivamente quando eu passei a freqüentar o antigo Armageddon, na Rua Augusta. Foi lá que eu comecei a ouvir indie rock de primeira, graças ao Plínio, que era o DJ da casa. Eu lembro que ele me gravava fitinhas com bandas como Smashing Pumpkins, Breeders, Pixies e Pavement. Daí pra frente comecei a ir atrás das coisas. Naquela época era difícil, não tinha internet, a gente ia pra galeria da Sete de Abril para ouvir e comprar CDs. Lembro de uma vez em que tive que esperar mais de um mês por uma coletânea de top indies.

Quando e como se tornou DJ?
Oficialmente, desde 2005. Comecei no Atari, ajudando o Click, que é um grande amigo meu. Às vezes ele não queria tocar e passava a bola pra mim. O negócio deu tão certo que não demorou muito pra eu me tornar residente da casa.

Lembra da primeira música que tocou?
Não lembro porque era tudo assim, meio que no grito. O Click falava "assume aí" e eu ia.

Cinco sons que não podem faltar em seu set
Standing in the way of control, The Gossip, Dashboard, Modest Mouse, Fa fa fa, Datarock, Whoo! Alright Yeah...Uh Huh, The Rapture, e Yellow Country Teeth, Clap Your Hands Say Yeah.

O que mais anima a pista hoje em dia?
Strokes é sempre infalível, não importa quando.

O que mais te anima hoje em dia?
Sem dúvida, tocar. E dançar muito! E se os outros dançarem, melhor ainda!

Diga uma música que esvazia a pista, mas que você gosta e toca mesmo assim.
Yoshimi Battles The Pink Robots, Pt.1, do The Flaming Lips. Amo muito!




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Atualizado em 6 Set 2011.